XXIX - In Vino Veritas

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A sala de jantar estava vazia e os salões e corredores em perfeita ordem. No átrio um garoto veio em sua direção lhe dizendo que Megara o aguardava na biblioteca.

Então ele foi para o local onde a encontrou junto de suas servas encantadas com a presença de Augustus. Assim que Marcus entrou o jovem senador levantou e veio lhe cumprimentar com um abraço pouco usual entre eles.

- Rapazes. - Megara chamou a atenção deles. - Espero que a tarde seja proveitosa. Minhas felicitações ao nobre comandante. E que ele faça uma boa viagem.

Os sorrisos estampados nos rostos davam a certeza de que as jovens não estavam ali pelo prazer de ver sua senhora ler. Havia algumas que tentavam disfarçar seu contentamento com a presença dos dois, mas o modo de olhar avaliativo lhes traía. Dessa vez foi Augustus quem tomou a fala.

- Marcus será sempre uma companhia agradável, disso não tenho dúvidas. Agora, se nos dão licença, precisamos ir. - voltou-se para Marcus. - Pronto, meu caro?

Marcus assentiu e juntamente com Augustus olhou para Megara que numa sacudidela com a cabeça concordou e eles então saíram. Marcus sentia-se novamente um garotinho que precisava da aprovação da mãe para brincar com algum amigo. Eles nada disseram até entrarem na imponente carruagem de Augustus.

- Espero não tê-lo ofendido por pedir a sua mãe autorização para sua saída.

- Se bem me lembro, minha condição não me é favorável. Agradeço por este... como posso dizer? Um resgate.

Augustus sorriu e disse lhe oferecendo uma taça com vinho.

- Na verdade, estamos indo fazer um resgate.

Marcus aceitou o recipiente, mas ficou refletindo antes de ingerir a bebida. Não havia pensado muito sobre o convite feito por Augustus; chegou a cogitar uma recusa por achar que não era um bom momento para estar junto dele depois de tudo o que havia ocorrido no senado.

No entanto, viu que aquela seria uma grande oportunidade de obter alguma informação sobre a busca de Atílios por Tristan e o que Cassius poderia ter apurado sobre o paradeiro de Escar até então, ou o que se passava no senado. Pesou sobre ele agora o fato de estar usando seu outro amigo; um dos poucos que possuía ali.

- Marcus, - Augustus lhe chamou atenção naquele momento. - Sei que você está se perguntando sobre o porquê desse meu convite num momento tão delicado. Mas creio ser a hora de deixá-lo a par do que estamos fazendo. Vamos resgatar Escar.

Marcus o olhou ainda mais atento com a face inexpressiva, e depois olhou ao redor; havia do lado de fora um condutor a frente e na parte de trás dois guardas e outros cavaleiros que seguiam a carruagem e que certamente estavam a serviço de Augustus.

- Meu caro, não se preocupe. Todos estes homens estão a meu serviço e são de minha extrema confiança. Sei que Megara...

Augustus parou retraído diante da excessiva intimidade, Marcus porém não se importava com as formalidades e só queria saber o que estava acontecendo.

- Perdão. Sei que a senhora sua mãe está enviando alguns homens da confiança dela com a desculpa de cuidar da sua proteção, mas o que ela quer de fato é saber onde estamos indo e o que vamos fazer. Mas estou precavido sobre isso também. Eles vão cumprir com aquilo que foram pagos para fazer, garantir sua proteção, porém nada mais.

Marcus concordou, mas ainda carecia de algumas explicações.

- E quanto a Isidoro?

- Ele partiu ontem de manhã. Ele até tentou lhe avisar durante a festa, mas eram muitas pessoas ao seu redor. Felizmente ele me encontrou antes de deixar sua residência e me pediu para avisá-lo sobre sua partida. Sinto muito não ter lhe contado nada, mas vi nisso a oportunidade para sairmos hoje. E como ele esteve hospedado na sede da Guarda Pretoriana, não foi muito difícil de convencer sua mãe a deixá-lo vir comigo.

A Águia (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora