XXVII - Ações e Reações

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Tudo estava perfeito. Cada detalhe meticulosamente pensado podia ser admirado em todos os ambientes que estavam acessíveis. Músicos tocavam suaves notas em harpas no salão principal onde a maior parte das iguarias eram servidas.

Muitos dos presentes que foram enviados por autoridades e nobres tinham a finalidade de serem expostos. Algum canto da extensa mansão deveria ser ocupado com o que chegasse ali ou algum ego poderia vir a ser ferido. E em se tratando de famílias ricas era o equivalente a ofender os deuses.

O fluxo de pessoas se igualava ao de uma feira durante as manhãs. Os servos se movimentavam o tempo todo sobre o olhar atento de Megara que recebia os incessantes cumprimentos de seus convidados. Não havia dúvida de que todo o seu empenho lhe rendera um excelente resultado.

Marcus chegou na carruagem de seu tio pela entrada lateral e pegou o caminho dos criados para chegar até seu quarto sem que encontrasse os convidados que já eram muitos aquela hora; a sessão havia demorado muito, mas ao seu término ele se sentia livre como só se atrevera a ser a um tempo bem distante.

E estava ansioso para contar a Escar sobre seus planos e acima de tudo colocá-los em prática. Cassius estava furioso no início, mas aos poucos foi se acalmando enquanto conversavam durante o percurso até a residência dele Marcus tinha certeza que ele havia compreendido sua decisão e logo iria aceitar a situação.

O resto do trajeto com seu tio porém fora um pouco mais estranho. Nenhum dos dois estava disposto a tocar no assunto e a viagem parecia demorar mais do que o normal. Marcus entrou no quarto com o coração acelerado de ansiedade, mas isso logo deu lugar a uma pontada de decepção quando não viu Escar ali dentro.

Ele foi até o banheiro e depois a varanda de onde podia ver os convidados circulando pelo pátio e o jardim. Ele olhou em direção ao vilarejo dos servos onde uma festa mais animada estava a começar. Escar, contrariando seu pedido, poderia estar ali como uma simples provocação ou devido a demora de seu retorno. Marcus sentou em sua cama tentando raciocinar.

O retorno de sua mãe mais cedo poderia indicar para Escar que ele estava prestes a chegar. Mas isso não era uma matemática exata e ao ver Megara chegar sozinha pode ter dado ao bretão uma impressão errada de uma demora ainda maior, além de que, Marcus chegara a mansão com total discrição. E foram poucos os serviçais que lhe viram transitando por ali.

Um pouco mais entusiasmado Marcus saiu de seu quarto e foi até o quarto do bretão, mas não o encontrou ali; o mais estranho e surpreendente é que não havia o menor vestígio de que aquele cômodo tivesse sido ocupado nos últimos dias. O baú de roupas estava vazio, nenhum lençol sobre a cama que tinha apenas travesseiros e uma colcha simples sobre ela.

Marcus deixou o local e foi até o quarto de Tristan o encontrando em igual situação. Um pouco confuso ele saiu do quarto e caminhou pelo corredor até encontrar uma serva que lhe disse que a sua mãe o aguardava no gabinete de seu pai. Marcus perguntou por Tristan e Escar, mas a jovem disse não saber deles e notando o nervosismo dela Marcus começou a insistir por uma resposta.

A moça começou a chorar e isso enfureceu ainda mais a Marcus que passou a sacudir a jovem e gritar com ela até que Minerva se aproximou dele e num gesto brusco retirou a garota aos prantos das mãos dele.

- Deixe-a em paz! - Falou a matrona furiosa. - Nobre Àquila, não sei o que se passa com o senhor, mas não é certo que desconte nesta pobre moça.

A Águia (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora