Se pararmos pra refletir
Nós perdemos menos coisa pra morte
E mais para a vida
Em um dia, colocamos alguém num pedestal
No outro, queremos colocá-la numa guilhotina
É irreal, improvável
Impossível, inviável esquecer
Difícil de sair da rotina
A voz, o abraço, a feição
Aquele olhar cheio de ternura que ilumina o dia
O coração quentinho no dia chuvoso
Os apelidos carinhosos improvisados
A mudança repentina que nos faz ansiar
Parecendo que a pessoa
A qual você não desvia os olhos
Está sendo obrigada a te amar
Como se, no final
Tudo voltasse pro início
Quando as coisas ficam ruins
O pássaro retorna
Quando ficam boas novamente
Ele abre as asas e vai embora
Até que um dia, este ioiô quebra
E seguimos caminhos insolentes
Talvez vivenciando, de novo
As mesmas angústias
Com pessoas diferentes
Sonhamos involuntariamente
Com coisas que nem sequer chegaram a acontecer
Mas queríamos que acontecesse
Sentimos que algo está mal resolvido
Embora não haja mais nada pendente
O protótipo da personificação de um amor memorável
Que inventamos na nossa cabeça
Desaparece com o tempo
Quando nosso cérebro envelhece
E fica lento
Vamos esquecendo por partes
Primeiro a voz
Depois o cheiro
Após isso, o abraço
E, por último, o beijo.
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Espinho Numa Rosa
PoetryMinha vida Meus pensamentos Minhas rosas Meus sentimentos Meus espinhos Meus lamentos Minha saudade Meu amadurecimento
