Capítulo 2

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Capítulo 2 - Segunda Temporada

Justin POV

Eu odeio Bob. Sim, levou apenas dois minutos para que isso acontecesse.

— Rapaz, você está tão branquelo! – ele disse bem na minha cara, me observando. —Onde você morou antes daqui? Na lua?

Dei um meio sorriso enquanto ele gargalhava da própria piada sem graça.

Não, eu estava trancado em um porão, seu idiota.

— Só estou de brincadeira com você, Jay, não se preocupe! – ele riu um pouco mais.

—Eu vou tentar não... me preocupar. – desviei o olhar e revirei os olhos, segurando o chapéu na minha cabeça conforme o caminhão acelerava, fazendo com que o vento fosse como um chicote em torno da minha cabeça.

— Então, que tipo de trabalho que você faz no rodeio? – eu perguntei, olhando através da imensidão cinza. Eu realmente não tinha ideia.

— Eu não vou estar no rodeio, vou? – eu sondei mais ainda. — Não sei fazer qualquer uma dessas coisas.

—Oh, não, você não vai executar. – Bob deu um grande gole no café. — Isso leva anos de treinamento. Há até mesmo faculdades que ensinam rodeio! Você vai ter que ver onde irão colocá-lo. Na maioria das vezes, se você é novo, eles te colocam cuidando dos cavalos. Se você trabalhar realmente duro, e aprender rápido, você pode mudar para cuidar dos touros!

— Hm,que avanço. – eu murmurei para mim mesmo, imaginando um touro me perseguindo enquanto eu corria segurando o prato de comida, os malditos chifres quase na minha bunda.

Eu gosto da ideia dos cavalos. Talvez eles tenham uma área de pônei que eu poderia começar.

Não demorou muito para que chegássemos e eu estava feliz. Estava ansioso para me dispensar de Bob.

O caminhão passou por um enorme e vazio parque de estacionamento, em seguida, passaram pelas arenas onde as arquibancadas e grandes canteiros estavam, também vazios no momento.

Algumas pessoas estavam ao redor, a maioria deles com chapéus de cowboy em suas cabeças. Eu não vejo cavalos ou touros aqui, contudo.

Bob estava me observando de perto e informou:

— Os estábulos estão nos fundos.

Oh, tudo bem. Eu vou trabalhar nos bastidores. Isso me fez relaxar um pouco. Eu não poderei me esconder do mundo se eu estiver no meio do palco sendo perseguido por touros.

Eu balancei a cabeça e me senti sorrir para o quão bonito estava o dia aqui. O sol estava começando a aparecer e brilhar, a imensidão laranja cobrindo tudo. Me dei conta de que, a esta hora, eu estava morto para o resto do mundo, dormindo, exausto de estar acordado durante toda a noite "trabalhando".

Me senti estranho, eu não podia me lembrar de ter visto um nascer do sol antes. Era só... Eu não sei... De repente eu me senti diferente, salvo... limpo... bom. É como se algo celeste estivesse olhando por mim... Eu sempre costumei me sentir barato e sujo, mas, por uma fração de segundo, isso tinha ido embora.

— Você está bem, Jay? – Bob bateu nas minhas costas, e eu me assustei, mandando embora toda a umidade começando a se formar nas bordas dos meus olhos. Eu não podia ousar gritar aqui, na frente dos cowboys. Minhas emoções estariam em último plano aqui.

— Sim, eu estou bem. – eu disse, sentindo o velho rabugento em minha alma desaparecer.

— Não se preocupe,você vai adorar isso aqui. – Bob sorriu para mim enquanto o caminhão foi parando.

Okay, talvez eu tenha sido muito duro odiando Bob tão cedo.

Todo mundo aqui, nessa pequena doce cidade chamada Casper, parecia bom, as famílias decentes. Eu sei que o problema sou eu, não eles. Eu sou como um pino quadrado e todos os buracos aqui são redondos.

Era fácil ver quando nos mudamos pra cá que a paisagem era algo que parecia ter vindo dos meus sonhos. Verde, tanto quanto o olho pode ver, campos que estenderam as mãos para a eternidade, árvores tão altas e fortes que não se podia ver os topos delas. O ar estava tão limpo, eu podia sentir isso quando o inalava. Meus pulmões levariam alguns dias para se acostumar com isso.

Você poderia dirigir pelas estradas aqui e passar por montanhas gigantes de barro vermelho que, uma vez o sol brilhou contra elas, você não conseguiria desviar os olhos, mesmo se quisesse. A qualquer momento parecia possível que um chefe indígena viria cavalgando para fora da ponta do penhasco em seu cavalo de guerra pintado, cantando e cantando.

E quando o sol se pôs, esta paz incrível parecia brilhar em todos os lugares. O céu estava cheio de tantas cores. Eu não poderia nem mesmo fazer justiça ao falar disso. A lua estava sempre à vista e você poderia ver facilmente de qualquer lugar por aqui. Você não teria que se espreitar através de uma pequena janela de um apartamento e se curvar para cima para ter um vislumbre dela. Parecia mais perto daqui. Eu poderia andar do lado de fora da nossa porta da frente e não seria, logo acima de um conjunto majestoso de púrpura, montanhas recortadas à distância. Eu amei ficar em pé lá fora, apenas olhando para aquilo. Foi mágico. Aquilo me fez sentir seguro, mesmo sabendo que eu não estava. Outra deusa enganosa.

Todos que nós conhecemos quando fomos a primeira vez para a cidade parecia estar nos esperando, todos sabiam que éramos os novos na cidade, pessoas que se mudaram pra cá, e todos eles falavam sobre como este era um lugar bom para viver e criar uma família. Nós não poderíamos dizer muito sobre nós ou nosso passado, e tudo o que falamos eram mentiras e meias verdades. Eu senti como se eu ainda estivesse fingindo, ainda me escondendo.

E acima de tudo, eu senti, no fundo, que Skylar não quer que ninguém saiba o que eu era... Eu acho que ela tem vergonha do meu passado e quer que eu deixe-o para trás, como se nunca tivesse acontecido. Eu gostaria de poder fazer isso. Para ela... Para Katie, eu o faria. Mas eu não sei como parar de pensar nisso, parar de lembrar disso... Parar de ser tão medroso quanto fraco. Elas merecem mais de mim. E eu sei disso.

Ben e Angela, Skylar e Katie, parecem pertencer aqui, parecem abraçar tudo aqui tão facilmente. Mas eu me sinto deslocado aqui. Essa cidade é tão doce, tão maravilhosa. Eu me sinto mais repugnante ao andar pelas pequenas ruas bizarras, olhando para todas as pessoas felizes vagando. Alguma coisa em minha cabeça continua me dizendo que eu não mereço estar aqui, que todo mundo sabe o que eu sou, como se eu cheirasse a fumaça e clubes escuros, e olhos corporais e sexo. É só uma questão de tempo antes de eu ser descoberto e expulso daqui encapuzado pelos moradores forcados.

E se Katie descobrir? E se os detalhes de sofrimento vierem à tona de algum jeito? E se todas as crianças estiverem falando sobre isso algum dia e ela ouvir todas as coisas que eu tinha feito? E se Skylar conhecer um tipo de cowboy decente e decidir que meu passado é demais para suportar? Na realidade, Skylar e eu nos conhecemos apenas há dois meses atrás. Ela é tão jovem, e se ela decidir que ela é muito nova para ser mãe de Katie? E se ela quiser alguma coisa acesa, mais divertida em uma relação? Meu estômago dói.

Mesmo no meio de todos esses pensamentos negativos, alguma coisa continuava a manter minha esperança viva, mesmo sabendo que eu estava nos estábulos.

Talvez, de alguma forma, eu poderia caber aqui. Animais não são como pessoas. Eles não julgam você ou te faz sentir desnecessário.

Bob abriu a caçamba de novo para nos deixar sair do caminhão e todos nós saltamos um por um. Todo mundo sabia aonde eles estavam indo, direto para a porta da frente onde a única palavra estábulo foi gravado na madeira acima dela.

Segui a multidão, esperando que alguém saberia o que fazer comigo uma vez que eu estava lá dentro. Felizmente, o segundo que entrou em cena, Bob me chamou.

— Vamos lá, Jay, eu vou te apresentar o lugar. – Bob colocou o seu braço em volta do meu ombro e eu fiquei tenso no segundo em que isso aconteceu, antes de eu conseguir me segurar.

— Desculpe. – eu senti meu rosto ficar vermelho e quente quando eu engoli seco. Sr. Kevin surgiu em minha mente por uma fração de segundos, juntamente com várias lembranças dele que eu desejava que morresse para sempre. Talvez essa seja outra razão pela qual eu me escondi atrás de Katie o tempo todo, e não encarei o problema quando Skylar teve seu próprio quarto. Eu não tive nenhum problema fazendo-a vir, ou tocando-a... Mas quando ela começou a me tocar, eu me senti em pânico e estranho.

— Sem problemas. –Bob me deu espaço e não tentou me tocar novamente.

— Sharon! – Bob começou a chamar enquanto entrávamos. Todo mundo estava entrando em uma cozinha e colocando suas lancheiras em uma enorme geladeira prata. Havia muito espaço lá dentro. Bob e eu fizemos a mesma coisa que os outros e, em seguida, ele acenou para eu segui-lo para fora da porta e por um outro longo corredor.

— Sharon está encarregada do estábulo. – Bob disse: — Ela ama os cavalos como se fossem seus filhos. Portanto, não faça uma besteira no trabalho aqui, ela vai te matar.

— Eu vou fazer o meu melhor. – eu prometi, esperando que soasse tão verdadeiro quanto eu sentia.

— Isso é bom o bastante para mim. – ele disse, sorrindo, não mostrando nenhum sarcasmo em sua voz.

Nós chegamos na área do estábulo onde os cavalos estavam, e novamente, eu estava impressionado com o quanto tudo parecia novo e limpo aqui. Eu acho que o rodeio faz um dinheiro bom.

Sim, havia o cheiro de cavalo, mas eu esperava isso. Mas tudo aqui era de madeira de cor clara e ferro preto, luzes fluorescentes brancas lá no alto. O chão era de cimento cinza e era impecável. A mangueira estava deitada no chão, correndo todo o comprimento do estábulo, cada uma com uma porta de madeira na parte inferior e barras de metal preto na parte superior.

— Deus,há muitos deles. – eu disse antes de perceber que eu estava falando.

— Sim, cerca de 60 cavalos aqui. – Bob pôs as mãos nos quadris, olhando em volta: — E cada um deles tem sua pequena própria personalidade também. Eles mostram cavalos para todos e eles têm uma diva dentro deles.

Nós rimos por um segundo e então, uma pequena mulher com uma longa trança branca e um boné de beisebol vermelho se aproximou de nós. Ela não usava roupa ocidental, só um moletom cinza e calça de moletom correspondente, tênis. Ela estava um pouco gorda, mas você não poderia chamá-la de nada além de fofa. Ela tinha olhos tão felizes – e foi a primeira coisa que notei sobre ela.

Deus, eu tinha sempre que achar alguma coisa atraente em cada mulher.. ou era o treinamento de Claire que ainda estava em mim?

— Ah, Sharon Booke, esse é Jason McCann. – Bob nos apresentou. Eu coloquei minha mão para frente para apertar a mão dela, mas ela abriu os braços para me abraçar. Eu quase congelei, sem saber o que fazer sobre isso. Eu sabia que tinha que deixá-la me abraçar, ela era minha chefe, e antes que eu tivesse tempo de analisar a mim mesmo, eu só sentia instintivamente que você não pode negar nada à patroa.

— Prazer em conhecê-lo, Jason. – ela disse, quando o fez, e Bob a cortou.

Coloring Outside the Lines ( 2° temporada de Red Lines) - TRADUÇÃOWhere stories live. Discover now