Em 45 dias a gente termina tudo.

Dia Sete

Eu me sinto ansiosa na manhã de domingo.
Acordo, tomo café, assisto televisão com minha mãe, ajudo meu pai com a comida, domingo é dia dele cozinhar, mas de alguma forma, ele sempre consegue me arrastar junto.
Depois do almoço eu tento ler um pouco e só depois de insistir pela terceira vez no mesmo parágrafo é que eu decido assumir a verdade para mim mesma: Estou com saudades de Dean.
Eu sei que a gente passou o dia juntos ontem, mas a questão é que me acostumei a tê-lo por perto e agora o domingo está sendo o mais chato da minha vida.
Eu encaro o seu número no meu celular, ele salvou seu nome com um coração do lado, disse que era para garantir caso alguém pegasse meu telefone.
Eu toco em seu nome e escrevo uma mensagem.

Tá ai?

Não demora nem um segundo para as três bolinhas aparecerem na tela.

Sempre. O que manda, namorada?

Nada... to entediada

Que pecado. To de babá. Quer vir?

Um sorriso bobo surge em meus lábios

Não vou atrapalhar ?

Não.

Certeza?

Vem, Gabi. Quero que você venha.

Meu coração desperta quando leio essa mensagem. Mordo meu lábio para que o sorriso não se alargue muito em meu rosto.

Eu vou

:D  Vamos te buscar

Eu posso ir de ônibus, não tem  problema

Eu vou te buscar

Tá bom.

Tá bom.

Aviso aos meus pais que vou ajudar Dean a tomar conta do irmão. Eles aprovam imediatamente, meus pais gostam de Dean de um jeito que não gostavam de Ben. Não é que eles não gostassem do meu ex namorado, mas eles realmente adoram meu atual falso namorado. O que deve ser um pouco preocupante mas não vou pensar em detalhes agora.

Quando desço as escadas, depois de ouvir a campainha, Dean já está na minha sala. Minha mãe está apertando Brenan em seu colo.
Eu rio, mamãe adora crianças. É como a Felicia numa versão adulta
Dean olha em minha direção ao me ouvir rindo, um sorriso doce curva seus lábios.
Ele me espera no pé da escada e me abraça quando desço o último degrau

- Oi pra você

Diz em meu ouvido

- Oi

Dean se afasta, ainda sorrindo e segura minha mão.

- Nós vamos levar o Brenan na pracinha, tudo bem?

Meu pai acente e mamãe parece quase triste por ter que largar o menino.
Quando ela faz, Brenan corre até mim e me abraça

-Oiii

A animação dele por me ver toca meu coração e percebo que na verdade tenho um carinho genuíno pelo irmão de Dean

-Oi, lindinho

Nós nos despedimos de meus pais e saímos.
Uma mão de Dean presa a minha e a outra a de Brenan.
A praça não é longe, ele deixa o seu carro estacionado em frente a minha casa e vamos andando.

O menino se solta do irmão e corre na nossa frente quando avista a praça.

- Na calçada, Brenan! - Dean grita para ele e depois sorrir pra mim - Ele é um pestinha as vezes

- Eu acho ele muito fofo

- Nos primeiros cinco minutos.

Dou um tapinha em seu braço

- Para de implicar, você é louquinho por ele

Dean ri

- Eu sou... mas ele ainda é uma peste.

Nós andamos até um banquinho posisionado de baixo da sombra de uma árvore, onde dá pra vigiar Brenan enquanto o garoto brinca no escorrega

- Eu senti falta de você hoje

Dean diz, me pegando de surpresa.

- Sentiu ?

Ele assente, seus olhos estão focados em seus pés, que brincam, chutando as pedrinhas no chão

- É, a gente tem passado bastante tempo juntos essa semana.

- Eu sei. Também senti

Ele me olha

- sério ?

- É... foi por isso que eu te mandei mensagem

- Eu queria te mandar mensagem desde que acordei, mas não queria atrapalhar

- Não atrapalha. Quer dizer, você pode mandar da próxima vez

- Vou lembrar disso

-  Espero que sim.

Dean sorri pra mim e se aproxima mais, passando um braço em meu ombro e me puxando para si.

- o que você acha de irmos ao cinema ?

Ele está distraidamente subindo e descendo o dedo por meu ombro, o toque aliado ao convite faz meu estômago revirar

- Quando?

- Hoje. Minha mãe chega as cinco, a gente deixa o Brenan em casa e vai, se você quiser, é claro

- Eu quero! - Eu digo um pouco alto e rápido demais. Tento de novo - Quero, vai ser legal.

Dean puxa uma mecha de meu cabelo e enrola em seu dedo, ele não olha pra mim, está olhando para meus fios. Mas tem um sorrisinho feliz em seus lábios

- Que bom. Eu gosto do seu cabelo, as vezes ele fica escuro mas assim, no Sol, ele parece quase loiro.

- terceira coisa

Digo com a voz trêmula, espero que ele não perceba o quanto meu coração está disparado agora.

- Hã?

Ele olha pra mim agora

- Terceira coisa que você admite gostar em mim. Sorriso. Meu cheiro. E cabelo.

Ele sorri

- Não foi só isso. Eu também disse que gosto do furinho que aparece no seu queixo quando você tá irritadinha.

Eu consigo rir de algum jeito

- quatro coisas então

- É uma lista grande, não acha?

Mas ele não me deixa responder, Dean levanta e vai encontrar com o irmão que agora estava tentando se balançar.
Eu vou atrás dele.

- Quer que eu te empurre também ?

Ele olha para o balanço ao lado do irmão

- Acho que sou grandinha pra isso

- Besteira, vem

Dean me puxa até que eu esteja sentada, ele se abaixa para sussurrar em meu ouvido

- relaxa um pouco, Gabi. Você vai acabar passando mal se ficar sempre vermelha desse jeito quando eu te fizer um elogio.

Tento controlar minha respiração. Dean se afasta com um risinho baixo e volta sua atenção para Brenan.

- Preparado para voar, amigão?

- siiiiiim

- E você, linda?

Mordo o lábio para evitar meu sorriso.

- Sim.

- Vamos começar então

Dean se alterna empurrando um por vez.
Ele não precisa me empurrar realmente, posso fazer isso sozinha, mas ele não deixa de me ajudar.
Vez ou outra sinto sua mão acariciar minhas costas, mas é tão rápido que pode ser coisa da minha cabeça. Não importa muito, na verdade. Em alguns segundo eu estou rindo alto com os dois novo a garotos da minha vida.