Dia Treze

858 160 18
                                    

O insistente toque do celular infiltra-se em meu sono lentamente. Primeiro acho que meu sonho ganhou uma trilha sonora irritante, mas depois percebo que alguém está me ligando.
Eu tateio a cama até encontrar o aparelho e esfrego meus olhos pra conseguir olhar a tela, a claridade machuca minhas vistas mas consigo identificar a hora 02:19 da manhã. O nome de Dean é a segunda coisa que vejo. Meu coração dispara imediatamente. Por que ele está me ligando a essa hora?

- Alô?

-Gabi! Que bom que atendeu

Eu me sento na cama, completamente desperta agora, a voz de Dean não está certa.

- O que houve? Você está bem?

- Não. Você pode fazer um favor pra mim? Pode cuidar de Brenan?

- Cuidar de Brenan agora?

Eu tiro o aparelho do ouvido parar olhar a hora de novo, talvez eu tenha visto errado da última vez. Mas não, ainda são duas da manhã.

- Agora. Você pode?

- Onde estão seus pais, Dean?

Ele solta uma risada debochada.

- Meus pais... grande merda. Você pode ficar com ele ou não?

Dean está ficando irritado. Não me chateio com seu mau humor, porque sei sem sombra de dúvidas que tem alguma coisa acontecendo com ele.

- Eu posso, claro.

- Chego aí em dez minutos

Ele desliga sem se despedir.

Será que eu deveria avisar meus pais? Provavelmente sim.
Mas prefiro falar com Dean primeiro, entender o que está acontecendo.
Cogito sobre trocar de roupa, mas estou usando um pijama com calça e blusa de manga, é decente o suficiente e tenho certeza que Dean não vai se importar ou reparar nisso agora.

Eu não gosto do escuro. E já até admiti isso a Dean, portanto, encaro as escadas que dão para a completa escuridão que está no andar de baixo.
Mas Dean precisa de mim, então acendo a lanterna do meu celular e corro até alcançar o interruptor da sala.
Bem melhor.
Ando de um lado para o outro enquanto espero Dean, e quando ouço o carro estacionar em frente a minha casa, disparo para fora antes que ele precise me chamar.
Ele sai do carro e sorri pra mim quando me vê. Mas é um sorriso rápido demais. Sua atenção volta imediatamente para Brenan, e ele ajuda o irmão a se soltar da cadeirinha e o acompanha, de mãos dadas, até a varanda onde estou.

- Boa noite, Gabi.

Eu não respondo porque estou ocupada olhando para sua boca. Não de um jeito desejoso. Sua boca está cortada, há sombras de sangue como se ele tivesse passado a mão por cima para limpar, mas ainda não tivesse lavado o ferimento

- Dean! O que é isso?

Eu corro para seu lado e meus dedos tocam o ferimento levemente, mas ele estremece mesmo assim. Eu recuo.

- O que aconteceu, Dean?

- Não foi nada.

- Como não?  Você ta machucado.
- Eu estou bem.

Ele tenta se afastar mas eu agarro sua camisa

- Dean... fala comigo.

- Já disse que estou bem, ok? Eu tenho que ir.

Dean se abaixa até ficar na altura do irmão.

- Se comporte, ta bom?

O menino assente e se agarra ao boneco de pelúcia que está em sua mão. É um boneco do Woody de Toy Story.

Em 45 dias a gente termina tudo.Onde histórias criam vida. Descubra agora