Starlight: Make A Wish | ᵃ ᶜʰᵃⁿᶢˡⁱˣ ᶠᵃⁿᶠⁱᶜᵗⁱᵒⁿ

One ˙＊. Boy Strange

        Todo mundo têm alguma paixão por algo que possa lhe dar conforto. Uma música, um cheiro, uma voz, ou até mesmo uma cor. No meu caso era um ambiente: o céu. Eu amo o céu de todas as formas. Não importando se suas nuvens estejam cinzas, amarelas ou que se recusem a aparecer. Eu amo o céu. A noite inclusive é minha paixão, com o brilho das estrelas mostrando como o céu é infinito e perfeito.

              Eu sempre encontrei refúgio ao olhar pra as estrelas e essa sensação vem de muito tempo atrás. Algo no meu coração se agitava encarando o brilho de milhares de pontinhos cintilantes e aquilo me deixava feliz. Sentia isso mesmo sem saber a razão por trás desse sentimento que eu jurei que simplesmente não houvesse uma resposta clara. Isso até aquela noite estrelada onde tudo começou.

             Naquele momento eu estava deitado em minha cama apenas admirando a clarabóia  — que finalmente colocaram o vidro — em meu teto. Aquele foi o melhor presente que eu ganhei na vida e fiquei feliz por ter sido dado por mim mesmo. Eu poderia ver o céu azul cintilante ou em uma noite escura, com gotas de chuva, neve ou queda de folhas, ele sempre estaria ali diante dos meus olhos quando me deitasse.

           Estava me preparando para virar de lado e dormir após ficar um bom tempo conversando comigo mesmo enquanto encarava as estrelas, até que então vi um brilho, um brilho muito forte.

             Parecia uma estrela cadente só que mil vezes mais iluminada que as comuns. Era tão cintilante que o céu piscava como se estivesse acontecendo uma chuva de relâmpagos. Ela estava vindo em direção à casa, ou parecia estar. Pensei em fazer um pedido no momento em que o brilho rasgava o céu, mas com toda aquela tensão estava preocupado em até lá a estrela ter queimado meu quintal.

         Ouvi um estrondo como se uma parte de minha casa tivesse sido atingido por um mícel e fechei meus olhos. O barulho foi alto o suficiente para que eu pensasse que algo terrível tivesse acontecido em meu quintal e não sei como os vizinhos não acordaram e tiraram seus celulares do bolso para filmar o que estava havendo.
 
           Desci as escadas com pressa e passando pela porta do pátio onde havia uma pequena varanda e descendo sua mini escada fui ao meu quintal ver o que aconteceu.

         Não havia sinal da estrela, meteoro ou qualquer coisa. Foi como se tudo tivesse sido uma ilusão. Mas havia algo diferente ali no meio do escuro e tinha um cheiro forte. Não era enjoativo mas era um forte cheiro de poeira e algo como uma fragrância intensa que nunca havia sentido em toda minha vida.

           Tossi e tentei ver o que era seguindo pelas sombras e espalhando a nuvem de poeira pelo ar com os dedos. Não consegui ver nada, pelo menos nada destruído, tudo o que vi era um garoto com cabelos que não consegui identificar suas cores.

       Ele estava caído em uma parte do chão, desacordado, com a barriga para baixo e parte de seu rosto afundado na grama. Como ele veio parar aqui?

            Eu peguei seu braço, com cuidado para não machucá-lo, e coloquei envolta de meu ombro o ajudando a se levantar.  Ele falava coisas sem sentido em um tom baixo e meio rouco ainda com os olhos fechados. Parecia bêbado mas não sentia hálito de álcool saindo de sua respiração abafada. Acho melhor chamar um pessoal especializado.

           O coloquei em uma poltrona na sala quando chegamos no inteiror da casa e fui correndo pegar o telefone fixo já discando o número de emergências.

             — Alô? Eu encontrei um garoto inconsciente. Ele parece meio confuso.   Preciso de uma ambulância para... — olhei para a poltrona procurando o garoto e quando o achei ele estava se aproximando de meu vaso o cutucando. — Ei! — tampei para quem está na linha não me ouvir. O garoto logo se virou pra mim com uma expressão confusa. — Não  — disse firme e ele me olhou feio fazendo um bico ainda calado e voltando à relaxar na poltrona. — Me desculpe... — voltei à dar atenção a ligação. — Ah os dados do local? Bem, são..... Isso... Obrigado — desliguei e o garoto ainda estava ali emburrado sem falar.