Capítulo V: penumbra.
Naquela manhã, eu acordei sem o auxílio de um despertador, usufruindo de um silêncio absoluto — o que era uma de minhas coisas favoritas no mundo. Desadormeci com os raios solares invadindo o quarto passando pelos inúteis panos finos da cortina e atingindo o meu rosto com delicadeza, me aquecendo suavemente.
No momento em que abri meus olhos, percebi que estava totalmente sozinho no quarto. Os lençóis estavam mais bagunçados do que o normal, como um tufão repousado sobre minha cama. Minhas roupas estavam espalhadas pelo chão, desorganizadas pelo quarto, como se um tornado tivesse passado pelo local — mas as de Louis já não estavam mais ali. Eu estava desacompanhado na cama, mas o cheiro dele ainda estava impregnado em meu travesseiro e corpo.
Automaticamente, imagens da noite anterior invadiram minha mente em um flash intenso e ofuscante. Seus dedos puxando os fios do meu cabelo, um emaranhado de cachos enroscando em sua mão. Sua boca beijando e mordendo todo o meu pescoço, enquanto sua respiração se chocava contra minha pele e me inebriava quase por completo. O som dos nossos corpos se movendo juntos, seus sussurros abafados por minha pele permanecendo na linha tênue entre a êxtase e o desespero.
Eu não esperava acordar com Louis vestido com alguma peça de roupa roubada do meu armário, fazendo chá na pequena cozinha do apartamento, concentrado em seu celular por ser o único acordado ali. Também não expectava acordar com seus braços envolvendo meu corpo de maneira firme e natural, enquanto sua respiração compassada e serena colidia contra a minha pele. Entretanto, eu não imaginei que fosse acordar sozinho na cama fria, com o cheiro dele fixado em meus lençóis sendo a única prova de que ele realmente esteve ali por um momento.
Respirei fundo, sentindo minha cabeça rodar. Por mais que os meus pensamentos estivessem viajando há anos luz de distância, eu ainda me sentia confuso com milhares de teorias sendo formadas em minha mente de uma única só vez.
O que teria levado ele a ir embora sem ao menos se despedir?
Alguma coisa grave havia acontecido, ou ele apenas tinha se arrependido?
Tentando manter a mente em uma perfeita órbita elíptica — naturalmente calculada, seguindo seu trajeto de forma correta, como sempre deveria ter estado —, alcancei o celular e chequei a caixa de entrada, que possuía apenas duas mensagens. Eu não queria fazer contato com ninguém, mas sabia que era necessário conferir as mensagens que havia recebido ao invés de enfiar a cabeça debaixo do travesseiro e fingir que as decepções da vida não existiam.
A primeira mensagem que eu havia recebido no dia era de Zayn. Em letras maiúsculas — provavelmente utilizadas para simular um grito —, ele perguntava se já era seguro voltar para casa ou se ele ainda corria o risco de encontrar Louis e eu fazendo coisas que ele não se sentiria confortável ao ver.
Totalmente decepcionado por ter acordado sozinho, sem nenhum bilhete ou mensagem de Louis, eu apenas respondi um singelo "sim, é seguro agora".
Minha mãe havia mandado mensagem quinze minutos depois e o meu coração acelerou as batidas no momento em que eu li o nome do contato. Desde o dia em que ela confessou que desejava e, de certa forma, precisava se divorciar do meu pai, nós não conversamos muito e isso me dava a impressão de que aquela mensagem de texto seria alguma notícia atualizada sobre as escolhas que ela estava tomando e as medidas drásticas às quais ela estava recorrendo. E eu não me sentia preparado para lidar com isso ainda.
Acabei encarando a mensagem de texto por muito tempo, lendo e relendo até que as palavras já não fizessem mais sentido. Eu queria que aquelas simples junções de sílabas se dissipassem, voando para longe como poeira — mas elas não o fizeram, permanecendo ali, gravadas em minha caixa de entrada e cravadas em minha mente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
COSMOS [hes + lwt/ short-fic].
FanfictionObservar estrelas era o passatempo favorito de Harry Styles desde seus dez anos de idade. Esse amor surgiu, principalmente, de sua tendência a se apaixonar por tudo aquilo que estava tão distante a ponto de ser intocável. Ao se mudar para os Estado...