Estou tomando meu café da manhã na cozinha quando vejo Jessie tentando entrar de fininho no apartamento.
Tomo um longo e barulhento gole do meu café.
Ela me lança um olhar derrotado.
- Não me olha com essa cara.
Solto uma risada. Já estou mais do que acostumada com as noitadas de Jessie.
Ela se aproxima e rouba o café da minha mão.
- Não espere ver John por aqui nos próximos dias.
Arregalo as sobrancelhas.
- Como assim? Vocês brigaram?
Ela balança a cabeça em negação. Consigo ver a tristeza no seu olhar. Eu sei que ela gosta de John, e não consigo imaginar um motivo para que eles terminassem.
- O que aconteceu?
Ela balança os ombros indiferente. Conheço Jessie o suficiente para saber que isso é apenas uma fachada.
- Nós estávamos na festa e um cara se aproximou. Eu tinha bebido muito e, quando vi eu estava beijando ele, e John viu tudo.
Ela coloca as mãos sobre o rosto.
- Eu estraguei tudo!
Dou a volta na bancada e lhe dou um abraço bem apertado na minha amiga.
Ela seca um início de choro que brota em seus olhos e sorri na minha direção.
- Mas chega de falar disso, o que aconteceu, aconteceu, agora temos que seguir em frente!
Jessie é minha melhor amiga, e sempre quero o melhor para ela, mas sei que ela não está feliz com a vida que está levando. Não tenho sido uma boa amiga também, quase nunca conversamos, o máximo que eu posso fazer agora é apoia-la e ficar ao seu lado.
- Agora o foco é você. Como andam os garotos?
Saio de seus braços e reviro os olhos.
- Você não tem um encontro com Patrick hoje, ou alguma coisa do tipo?
Eu pego minha bolça e minhas chaves e respondo Jessie enquanto saio pela porta.
- Sim, e eu também tenho uma aula hoje, tchau, amo você.
Antes de fechar a porta consigo ouvi-la gritar.
- Te amo, beija ele logo!
v
A aula passa devagar, até demais. As vezes me pergunto se é isso mesmo o que quero da minha vida, quer dizer, a faculdade já está chegando ao fim e, nunca tive dúvidas de que queria ser uma advogada de grande sucesso, mas não aqui. Meus pais sempre me disseram que viveria melhor aqui, mas cansei dessa cidade. Eu penso em sair daqui, mas não posso contar isso pra ninguém.
Tenho duas horas de intervalo entre uma aula e outra, então corro para a cafeteria para o que possivelmente vai ser o encontro mais estranho da minha vida.
Chegando lá vejo que Patrick já pegou uma mesa. Ele está todo arrumado e não para de tremer as pernas, o que deve significar que está nervoso.
Eu me aproximo e ele parece ficar ainda mais agitado assim que percebe minha presença. Nos cumprimentamos e ele puxa a cadeira para que eu pudesse me sentar.
- Patrick, eu queria pedir desculpa por ontem, não queria que você descobrisse sobre mim e Derek daquela maneira.
Ele está visivelmente inquieto.
- Eu deveria ter mantido contato depois que você foi embora. Eu também deveria ter imaginado que você ia seguir em frente e não deveria ter reagido daquele jeito, me desculpe.
- Tudo bem...
O clima entre nós fica estranho, mas tento ao máximo para que esse estado não permaneça.
- Então como andam as coisas em Nova York?
Pedimos dois cafés e continuamos a conversa.
- Está tudo bem, estou trabalhando em um livro e, se tudo der certo, vou acabar até o final desse ano.
Fico feliz por ele, não sabia que ele escrevia!
- Mas e por aqui? Conversei com a sua prima a uns dias e ela me contou que você está cursando advocacia.
Eu não tinha ideia que ele e Carol ainda mantinham contato. Não consigo deixar de sentir um pouco de ciúmes da situação, mas me controlo, eu estou com Derek, não posso sentir ciúmes de outra pessoa.
- Está tudo bem, eu termino a faculdade no ano que vem, e acho que vou me mudar logo depois.
Nossos cafés chegam e não consigo deixar de notar os olhares que a garçonete lança para Patrick, e não fico nada feliz!
- Se você vai ficar flertando com todo mundo eu vou embora daqui!
Saio da cafeteria furiosa, quem ele pensa que é? Ele estava ali para falar comigo ou para ficar flertando com qualquer uma?
Já fora do café, Patrick segura o meu braço e eu me volto para ele com agressividade.
- Qual é o seu problema? Eu venho aqui conversar e você dá um ataque!
Estou mais do que ofendida, mas me recuso a falar qualquer coisa, apenas o encaro e continuo andando.
- Hanna, você não pode estar falando sério.
Agora ele se põe na minha frente, impedindo a minha passagem.
- Hanna, não faz assim...o que aconteceu?
Ele pega em minhas mãos e começa a acaricia-las.
- Eu não gostei do jeito que aquela mulher olhou pra você
Ele se aproxima um pouco mais.
- Não faz assim linda. Vem cá.
Ele me abraça. Sei que é ridícula essa cena, e não sei porque de tudo isso, eu não sou assim. Além de que eu estou com Derek.
- O que você quer Hanna?
Essa pergunta me pega de surpresa e, em um segundo de loucura, eu dou a primeira resposta que vem na minha cabeça.
- Eu quero você!
Nos olhamos por alguns instantes, até que Patrick agarra minha cintura e me traz para perto de si.
Seu beijo é bem diferente do de Derek, é selvagem e cheio de desejo. Meu corpo inteiro se arrepia e me derreto toda em seus braços. Parece tão certo estar aqui, beijando Patrick.
Mas não é!
Me afasto abruptamente de Patrick.
- Não posso...eu...isso é errado!
Saio correndo e entro no primeiro taxi que vejo na minha frente. Patrick corre atrás de mim, mas não consegue me alcançar e bate na janela do carro.
- Hanna, sai dai pra gente poder conversar!
Peço para o taxista arrancar e é exatamente o que ele faz.
Olho para trás e fico observando Patrick sumir. Sua cara é de tristeza e decepção. Coloco as mãos no rosto para tentar raciocinar um pouco. Eu tenho que parar com isso agora! Não posso sair com Derek e depois beijar Patrick!
O problema é que eu não conheço nenhum dos dois o suficiente para tomar uma decisão.
Mas, eu posso sair com os dois sem problemas, desde que não aconteçam esses beijos que só me deixam mais confusa. Isso! Vou voltar a sair com os dois, mas só para fins de pesquisa, nada de beijos!
A pesar do encontro desastroso dessa tarde, decido tornar tudo isso, pelo menos, divertido.
Volto para minhas aulas me sentindo mais no controle.
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Day
Teen FictionHanna, uma menina que tem um estilo de vida simples na Carolina do Norte, resolve passar o feirado de Natal com sua prima em Nova York, onde tudo muda. Hanna sempre acreditou sem um desastre em relacionamentos e nunca se deixou levar por conto de fa...