Capítulo 18 - Hi, Park

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Tradução do título do capítulo: Olá, Park



Fazia quase duas semanas que eu estava em confinamento na solitária; o tempo de duas semanas, que se igualavam há dois meses para mim. Por mais que eu quisesse ser engolido pelo sono, desde que cheguei a Wondong, comecei a ficar mais ansioso, porém, aqui na solitária, parecia estar pior. As palmas de minhas mãos já tinham profundas marcas de minhas unhas. Era um "costume", ridículo, que desenvolvi para diminuir o stress. Mas quando percebi que a pele já estava ficando praticamente na carne viva, roí minhas unhas até o sabuco, para evitar que eu me machucasse mais.

Sentia-me sufocado e o oxigênio parecia estar cada vez mais pesado. Meu estômago fazia barulhos altos, provavelmente, rejeitando mais uma das refeições que eu tinha me obrigado a comer, como comumente. Quando completaram cinco dias que eu não ingeria absolutamente nada além de água, meu cérebro não parecia funcionar no meu estado normal de consciência. Não conseguia raciocinar direito, tanto que, na próxima refeição que o guarda me serviu, eu comi tudo sem nem mesmo avaliar se aquilo era realmente comestível ou não. Mas então, poucas horas depois, começaram as ânsias de vomito e enjoos insuportáveis. Não demorou muito para que eu estivesse agarrado ao vaso sanitário e vomitando tudo que tinha comido. Estavam sendo raras as vezes que aquela comida parava em meu estômago, o que me traziam fraquezas corporais indescritíveis.

Estava sentado no colchão com minhas costas escoradas na parede, respirando fundo pelo nariz e soltando o ar pela boca; mantinha o mesmo ritmo das respirações, tentando me controlar. Já não sentia mais meu corpo, era como se só existisse minha mente. Continuava a tentar me manter acordado, mas meus olhos pesavam e eu voltava a fechá-los. Eles pesavam e meu corpo começava a pedir que eu adormecesse.

Autocontrole, eu só preciso ter autocontrole. - Sussurrava para mim mesmo.

Eram 02h27min da madrugada. O apartamento estava silencioso, tudo que se ouvia eram os barulhos vagos vindos do lado de fora, que não abalavam o sono pesado que Park se encontrava deitado em sua cama. Mas, quando gritos de desespero ecoaram por todo local, foi impossível não acordar completamente assustado. Levantou-se rapidamente e correu pelo curto corredor, quase escorregando por conta do chão enseirado e invadiu o quarto do irmão.

O Park mais novo estava com a respiração tão alterada, que seu peito subia e descia rapidamente. Ele repuxava o ar pela boca em total desespero, como se faltasse oxigênio no quarto, ou simplesmente como se não conseguisse levar o ar até seus pulmões. As lágrimas desciam com abundancia por seus olhos e seus dedos estavam cravados em sua cabeça, enquanto, inexplicavelmente, gritos saiam de sua boca.

- Jihyun! - Exclamou assustado indo em direção à cama.

- Eles... Hyung... Eles... O dinheiro... - Não conseguia completar uma única frase conexa sequer.

Há alguns meses, Jimin e sua mãe notaram Jihyun agindo de forma diferente. Ele estava mais irritado e com a aparência descuidada; as olheiras profundas e rosto e corpo mais magro. Preocupados com sua saúde, mãe e filho mais velho levaram o mais novo para o médico. Psiquiatra Kang disse que algumas drogas como anfetamina, heroína, cocaína e ecstasy, poderiam ser as grandes culpadas, e mesmo Jihyun negando até a morte que jamais havia se drogado algum dia de sua vida, não foi isso que os exames de sangue provaram. Heroína. Quando foi pego, começou a fazer tratamento para que parasse de se drogar, e com a abstinência pela droga, os ataques de pânico eram frequentes na vida do Park mais novo. Ele havia prometido que nunca mais chegaria perto de heroína outra vez, mas, os efeitos colaterais, como o ataque de pânico, continuaram mesmo assim.

- Eles estão aqui, hyung! - Berrou mais uma vez, tentando sair da cama.

- Olha pra mim. - Disse agarrando os braços do menino, assim os segurando, mas o garoto se rebatia tentando se soltar, inconscientemente. - Olha pra mim! - Falou mais alto, agora segurando bruscamente o rosto do mais novo, obrigando que este o encarasse. - Não tem ninguém aqui... - Falou mais calmo, porém o outro voltou a tentar se rebater. - Olha pra mim, Jihyun! - Repetiu, obrigando-o a encara-lo outra vez. - Respire fundo. - Mandou, respirando e o outro o acompanhou, ainda trêmulo demais para conseguir simplesmente respirar com êxito total. - Solte o ar. - Mandou novamente, soltando o ar pela boca, como se estivesse ensinando o garoto de dezessete anos.

Cela 132 | jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora