Tradução do título do capítulo: Olá, coordenadora.
A cela solitária era ainda menor do que as celas comuns do presídio. Completamente minúscula. O chão, além de imundo, era inexplicavelmente úmido, piorando toda a situação. As paredes brancas tinham manchas de sangue e estavam descascadas, como se alguém tivesse as atacado com as unhas. As únicas coisas presentes ali eram um colchonete precário no chão e no canto um vaso sanitário, que exalava um cheiro horrível. A circulação de ar era mínima, fazendo com que tornasse insuportável e impossível respirar, sem que o estômago de Park revirasse.
Pedidos para sair, súplicas, pedidos de socorro, gritos, gargalhadas, choros altos e desesperadores. Todos esses barulhos ecoavam de uma vez só, vindos de detentos presos ali, por dias, semanas, meses e até mesmo anos. Jimin pressionava as mãos contra as orelhas numa tentativa inútil de abafar todos aqueles sons torturantes. As vozes não paravam, um segundo sequer, estavam presentes o tempo todo. Para piorar, nas celas não haviam janelas, justamente para aumentar o desconforto e a angústia dos detentos presos, por não terem noção do tempo. Não sabiam se já era noite ou dia e também não podiam saber a quanto tempo estavam presos ali.
A solitária era um lugar desumano.
Jimin ouviu o barulho de batidas na porta de metal e em seguida a janelinha da mesma foi aberta. Era por ali que os detentos recebiam suas refeições diárias - se é que aquilo pudesse ser chamado de refeição. Parecia que pegavam restos de comida no lixo, colocavam-na numa bandeja e a servia para os detentos da solitária.
A barriga do garoto doía pela fome, e ele não poderia mais ficar sem comer, já havia quatro dias que eu não punha nada no estômago. Por tanto não perdeu tempo; levantou-se do colchonete com rapidez e usando as paredes como apoio para não desmoronar no chão, por conta da fraqueza, arrastou-se até a porta, na esperança de que finalmente teria comida descente para comer.
Quando o guarda tentou colocar a comida, percebeu que o prato do dia anterior ainda estava ali, intacto.
- Até quando essa sua grevezinha de comida vai durar? - O guarda perguntou irritado.
- Até que vocês sirvam algo que não seja nojento. - Falou perto da janelinha, tentando ver o guarda pelo buraco, porém tudo que conseguiu ver foi à farda de seu uniforme.
- Então, sinto em lhe informar de que vai passar fome por bastante tempo. - Avisou com sarcasmo, substituindo a refeição antiga pela nova. Park olhou para a bandeja e se controlou para não desabar de decepção ali mesmo. O pote continha um caldo de coloração verde amarronzado cujo Jimin não conseguia nem mesmo arriscar a dizer o que era, mas causava náusea em qualquer pessoa que, simplesmente, sentisse o cheiro, que se assemelhava a algo podre. - A não ser que você goste de sopa de algas com sardinha.
- Isso não é sopa de algas. - Retrucou, afastando-se.
- O que importa é que é comestível. - Falou rindo com maldade e em seguida fechou a janelinha.
- Eu prefiro comer minha própria carne a ter que comer isso. - Balbuciou frustrado, mesmo sabendo que o guarda não poderia ouvi-lo, e voltou para o colchonete sentando-se nele.
E era assim que funcionava a rotina de Park. Acordava, depois de uma péssima noite de sono, lembrava-se de sua vida fora da prisão e então ficava profundamente melancólico pela saudade. Depois pensava e repensava como e o por quê de ter sido preso na solitária, e como os míseros quatro dias ali estavam sendo mais infernais do que seus quase dois meses na prisão comum. Pensava em Jin, e tinha uma vontade imensa de chorar. Graças a Yoongi, sabia apenas que ele havia tentando suicídio, atirando contra o próprio peito - provavelmente com a arma de Shin - e que estava no hospital. Mas isso era uma notícia velha, já tinham se passado dez dias, muitas coisas poderiam ter mudado. Jin poderia estar melhor agora. Ele poderia ter morrido. Ou finalmente as investigações pudessem ter provado que, o que ele fez, foi ato de legítima defesa. Ou ele poderia estar vivo, porém seria condenado a pena de morte. Era tudo muito angustiante. E por fim, pensava em seu futuro. Iria parar de resistir à comida detestável e comeria para não morrer de fome e provavelmente começaria a conversar com as paredes, pois seu contato com pessoas era praticamente zero.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cela 132 | jjk+pjm
Ficção Adolescente(Em andamento) Todos erram um dia: por descuido, inocência ou maldade. O ser humano não é perfeito e nunca será, pois, é de sua natureza errar. Mas, até onde erros podem ser tolerados e perdoados? Jungkook era apenas mais um adolescente rebelde e m...