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[Por gentileza votem, comentem. Boa leitura]

Era pouco mais de seis da tarde quando Even se despediu de sua mãe para dar uma volta de bicicleta.

Como de costume, Even saía pelos quarteirões da Noruega para ajudar a passar o tempo até que seu pai retornasse do trabalho.

Næsheim costumava passear pelas ruas estreitas e largas até chegar a uma casa com um jardim imenso, tomado de peônias. Lá, ele parava, tirava os fones de seus ouvidos e quando o garoto de olhos verdes saía para pôr o lixo fora de casa, o chamava para conversar.

Even desenvolveu um afeto imenso pelo garoto de cabelos encaracolados , que morava dois quarteirões após o dele.

Eles passavam em torno de uma hora conversando besteiras, e vez ou outra uma troca de olhares os deixava envergonhados.

Talvez ambos estivessem a esperar de quem daria o primeiro passo para que aquilo se tornasse um algo à mais.

Advertido por Siv para tomar cuidado, Even saiu ainda andando com a bicicleta ao seu lado, ajustando um alarme ao celular.

Tal alarme dizia-o que faltavam pouco mais de dez minutos para o horário de seu pai chegar em casa; logo, Even voltava às pressas para poder jantar com sua família e passar um momento com Petter.

O de olhos azuis deu um beijo na testa da mãe, pôs os fones em seus ouvidos e apertou o pequeno botão do fio, dando início a um blues lento e calmo.

Pedalando na faixa exclusiva, Even sentia seu peito saltitar só de pensar em ver o garoto dos cabelos encaracolados, e talvez poder vê-lo usando seu óculos caído ao cenho.

Sentia vontade de gritar, mas com a euforia, sua única ação de liberação fora pedalar cada vez mais intensamente.

Cantarolava o blues, que servia para conter a sua animação, porém era inevitável.

Valtersen fazia Even sorrir e se sentir energizado, feliz, com um propósito a ser seguido.

Fazendo uma curva brusca, Næsheim entrou ao quarteirão ao qual Isak morava.

Era um belo lugar; à direita, ficavam as casas, uma mais bem decorada que a outra. Cada jardim tinha uma espécie de flor.

Even sabia disso pois sua mãe era apaixonada por flores e o ensinara o nome de todas que conhecia.

À esquerda, árvores altas cobriam um pequeno parque, com alguns brinquedos e um belo balanço. Esse balanço não era frequentado por crianças e sim, por casais.

As primeiras carícias sempre eram trocadas naquele balanço, e Even pensava se um dia poderia sentar- se ali e beijar Isak pela primeira vez.

Seus devaneios pareciam o cegar, pois o mesmo quase que atropelou uma lata de lixo.

Diminuiu a velocidade com os freios da bicicleta à medida que foi se aproximando da casa de jardim com peônias.

Even viu uma pequena — quase mínima — quantidade de espuma pelo chão, e ao parar na calçada, vira Isak passando uma grande esponja no carro de seu pai.

Valtersen ouviu o som da correia da bicicleta e se virou, dando um largo sorriso ao ver Even por ali, no mesmo horário, com os mesmos fones e o mesmo sorriso.

O de olhos verdes estava suado, trajando um short escuro e confortável; seu peito era coberto tão somente por seu amuleto prateado e nada mais além disso.

À visão do mais alto, Isak estava perfeito… Tão perfeito que fez suas mãos suarem ao apertar os freios, mesmo com a bike parada.

Seus olhos azulados foram em direção ao carro, que estava com pequenas manchas de terra. Talvez Isak tivesse usado e sujado um pouco.

Næsheim virou espontaneamente para a casa, vendo Klara na janela, com um notebook ao colo e observando o filho limpar o veículo.

A mulher, que tinha uma longa trança ao cabelo, acenou carismática para o rapaz, que a cumprimentou da mesma forma.

Valtersen limpou suas mãos sujas de espumas pelo short e aproximou-se do garoto de cabelos loiros , sem nada a dizer.

Even tremia ao desenhar, com os olhos, as curvas do abdômen de Isak. Se culpava por desejá-lo, mas sentia que poderia ter uma chance a cada vez que o mesmo lhe lançava uma indireta.

Valtersen parecia tomar coragem para falar algo, já que sorria e ficava sério o tempo todo.

De repente, o menor assustou-se e arregalou os olhos.

Toda a cena pareceu acontecer em câmera lenta.

Even tirou o fone de seu ouvido esquerdo e olhou de soslaio para trás. Os altos e luminosos faróis do carro brilharam no prateado de sua bike, e sua única reação foi proteger o seu rosto. A batida o fez rolar pelo chão até que sua cabeça golpeou-se ao asfalto.

Isak permaneceu alguns segundos paralisado, já que toda aquela cena o deixou impactado.

Tudo ainda estava em câmera lenta, e Isak queria crer que aquilo não passava de um pesadelo.





Até breve e me desculpe qualquer erro.

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