falling in love || neytinho [neymar+coutinho]

38. Frail Love

Philippe

"E então, com total calma com a bola dentro de campo, ganharemos o jogo..." O técnico falava andando de um lado ao outro a nossa frente, enquanto chutava uma bola precisamente a cada passo dado.

Estávamos no centro de treinamento às exatas nove da manhã, nos preparando para disputarmos as quartas de final da Copa do Mundo de 2018 que aconteceria naquele mesmo dia. Aquele seria o nosso último treino antes do tão esperado jogo contra a Bélgica.

Mesmo com o técnico dando diversos conselhos, tirando dúvidas e tentando nos fazer confiantes de nós mesmo para o jogo, a única coisa que interessava a mim durante todo o tempo era encarar Neymar, que se encontrava sentado ao chão do outro lado do campo, um pouco afastado de todos os outros. Ele mantinha sua cabeça baixa e brincava devagar com a grama próxima a seus pés.

Eu precisava muito falar com ele, após ter minha crise de choro e praticamente não conseguir dormir na noite anterior, pensando no mesmo, eu estive pensando sobre tudo.

Pensei sobre nós, sobre o jogo daquele dia, pensei em Gabriel e Firmino, pensei até mesmo em Tite, que era a última pessoa do mundo que eu desejava ver naquele momento, mas que estava ali, bem a minha frente.

E após muito pensar, eu havia tomado uma decisão...

Eu não sabia o que Neymar e eu éramos agora... Eu entendia que muita coisa havia mudado desde o ocorrido do dia anterior, mas eu simplesmente não aceitava a ideia de terminarmos daquela maneira...

Eu prometi não desistir de ficar com o mesmo e eu iria cumprir com aquilo, por nós dois, pensei.

Eu olhava atenciosamente para o outro garoto, esperando que o mesmo me olhasse de volta apenas por alguns segundos, para que eu então o alertasse de que precisava conversar com o maior. Mas ele simplesmente não me olhava de volta...

"Enfim, estão todos liberados..." O técnico comentou sorridente e alguns dos caras, como Neymar fizera, começaram a se deslocar de onde estavam e partiram em direção ao vestiário e outros para o nosso ônibus.

Droga.

Em instantes eu estava de pé, começando a correr na direção que o maior caminhava apressadamente, tocando em seu ombro, fazendo-o me encarar pela primeira vez desde que eu me trancara no banheiro.

Seus olhos estavam escuros, o que não era comum, pois o maior possuía um belo par de olhos castanhos claríssimos, quase que em um verde folhas secas, e enormes olheiras abaixo dos mesmos.

"Ei, eu preciso falar com você" Eu comentei o puxando pelo braço, sem me preocupar em falar baixo ou em olhar a minha volta para checar se estávamos longe dos outros, eu simplesmente não dava mais a mínima para o risco de alguém descobrir sobre nós dois ou não.

Eu já estava o perdendo, de qualquer forma, pensei.

"Não temos nada o que conversar, volta para junto dos outros." Ele respondeu seco, e por apenas poucos segundos eu não o reconheci.

E teria continuado a pensar que aquela pessoa a minha frente não era o cara por quem eu havia me apaixonado, que ele não era a pessoa que eu amava com tanta intensidade, mas aqueles eram os seus olhos, a sua boca, seu nariz, seu corpo... Era ele.

Por mais que me custasse a acreditar, aquele que falara comigo daquela maneira era mesmo o meu Neymar.

"Como assim não temos nada a conversar? Eu sou o seu namorado! Não acha que me deve ao menos uma explicação do por que está agindo dessa forma comigo?" Eu me exaltei, gesticulando com as mãos, enquanto o assistia olhar para os lados, onde supostamente alguns dos caras do time e equipe deveriam estar.

"Para de falar alto, droga, vem aqui..." Ele me tomou pelo braço, arrastando-me para longe de onde estávamos.

"Eu não vou parar, não. Eu tenho te amado a tanto tempo e esconder isso da droga do mundo já me cansou, Neymar. Eu não aguento mais esconder que sou apaixonado por você!" Conclui enquanto apontava para o maior, vendo-o agir como se nunca tivesse sentido nada por mim.

Nenhum sentimento se quer.

"Eu preciso falar isso para você, eu te amei muito... Mas não podemos continuar com isso mais. As pessoas vão começar a falar e você vai..." Ele parecia fraquejar a cada palavra que pronunciava, enquanto eu apenas assistia seus olhos lacrimejando levemente.

"Quem vai começar a falar de nós? Tite? Eles?" Eu o interrompi, apontando com a ponta do indicador para os jogadores que se juntavam em torno de nós, pouco me importando com o que ouviam. "Eu achei que fosse passar por cima de tudo e de... todo mundo por causa de mim, Deus... Como eu pude ser tão idiota?" Eu levei as mãos a cabeça, bagunçando meus cabelos na raiva.

"Você não entende, Philippe. Ainda é muito criança para saber lidar com relacionamentos, mas entenda uma coisa, uma hora eles tem que acabar... Não se pode viver um clichê para sempre. Me desculpa" Ele se defendeu, olhando para o alto, como se estivesse evitando que suas lágrimas escorressem.

O que estava acontecendo com ele?, pensei.

"Esse não é você, amor... Que diabos foi que te aconteceu...? Você não é a pessoa que eu amo." Eu esbravejei e pude vê-lo fechando seus olhos fortemente. "Você prometeu que iria ficar comigo... Jurou que estaria comigo para sempre." Naquele momento já era quase que impossível conter minhas lágrimas, que rolavam de forma desgovernada por meu rosto.

Foi apenas questão de segundos antes que o mesmo viesse até mim e unisse nossos lábios desesperadamente, iniciando um beijo lento e molhado, sem se importar com quem nos assistia, se era Tite, os jogadores, o diabo...

Ele estava se despedindo de mim por meio daquele beijo e eu conseguia sentir isso. Eu conseguia sentir o medo através de seus lábios macios, eu sentia sua tristeza através dos pequenos suspiros e soluços que o mesmo soltava involuntário entre minha boca.

Ele estava me deixando e eu não sabia como iria lidar com aquela situação.

Senti meu coração parando de bater por alguns segundos quando o maior afastou seus lábios dos meus, encostando nossas testas devagar.

"Me desculpa por meu amor ser tão frágil... Eu nunca deixarei de amar você e de querer ficar com você... Fica bem agora, até que eu possa cuidar de você. Eu te amo, meu pequeno Philippe." Ele falou enquanto eu ouvia tudo em silêncio, apenas soluçando por conta do choro que se intensificara.

Senti um beijo ser deixado em minha testa, antes do garoto me dar as costas e seguir caminhando para longe de mim.

Eu sentia vontade de segurá-lo para sempre e não deixar que ele fosse embora assim, eu sentia vontade de impedí-lo de dar mais um passo. Mas alguma coisa dentro de mim gritava para que eu o deixasse ir.

Para que eu deixasse o meu amor livre para fazer o que quisesse... E eu o deixaria, para que ele voasse o quanto quisesse, com o pensamento de que um dia... Um dia ele voltaria para mim.

(n/a): não odeiem o neymar, eu imploro!