4. Bad Liar

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Neymar

Todos já estávamos em frente ao hotel onde ficamos hospedados, prontos para sairmos como estava marcado desde mais cedo. Mas o problema era que Philippe e Firmino haviam desaparecido.

"Qual é, espera só mais quinze minutinhos, é que estamos esperando uns amigos..." Paulinho insistia com os braços apoiados na janela do carro de um motorista de Uber.

Tentando convencer a ele e aos outros cinco motoristas a esperarem pela gente. Ele fazia isso há cerca de 20 minutos, e se pararmos para analisar bem a situação, ele estava conseguindo.

"Senhor, eu estou perdendo os meus clientes, tenho três filhas para alimentar, eu sinto muito" Retrucou o homem, explicando sua situação para tentar se livrar das presses do meu amigo.

"Espera, espera, sabe esse preço que você receberia desses clientes?" Ele perguntou e o homem concordou com a cabeça. "Certo, eu dobro esse valor se você esperar mais quinze minutos. Você quem sabe..." Ele disse dando dois tapinhas no ombro do homem que rapidamente mudou de ideia e resolveu ficar.

Eu apenas sorria da situação. Aquele era o famoso efeito do capital...

Mas bem lá no fundo eu sabia que estava preocupado mesmo com outra coisa. Com uma coisa que tinha nome e sobrenome. Philippe...

"Coutinho, Firmino, até que enfim, né!" Fernando exclamou erguendo os braços na altura dos ombros, como se agradecesse aos céus por eles terem aparecido.

Foi quando o meu olhar pousou sobre o menor, que já me encarava de volta, mas tratou de desviar o olhar rapidamente assim que me pegou o encarando.

"Foi mal, pai, o Coutinho estava precisando de ajuda..." Falou Firmino com um olhar cúmplice para Philippe, como se ele soubesse de alguma coisa.

Tal coisa que o resto do pessoal não fazia ideia, e esse resto também incluía a mim.
O que me deixava mais intrigado era o fato de ele ter saído correndo nas duas vezes em que estivemos sozinhos naquele dia.
E bem lá no fundo havia uma parte de mim que ficara curioso para saber o que teria acontecido se o meu melhor amigo não tivesse "fugido".

Quando me dei por mim, todos os outros caras já tinham entrado nos carros em que iriam e só restava Philippe e eu, que permaneciamos parados de pé.

"Ei vocês dois, vão juntos naquele ali" Marcelo apontou para um carro a nossa frente, que era o único vazio até então. "Já deixamos o endereço certo com ele, fiquem tranquilos, okay?" Falou antes de bater a porta do carro.

Instantaneamente eu olhei de relance para Philippe, que também me encarou com uma careta confusa. Ele ficava tão fofo daquele jeito.
Engraçado como eu conseguia decifrar cada sentimento dele apenas analisando sua expressão facial ou seu tom de voz. Sempre funcionou, desde que eu o conheço, de muito tempo atrás. Exceto uma vez.

"Vamos?" Chamou ele, apontando com um gesto de cabeça para o carro que deveríamos pegar.

Enquanto todos os outros que levava nossos amigos saíam em disparada pela rua a fora.
Apenas assenti com a cabeça e caminhamos juntos até o carro, entrando logo em seguida. Sentamos um tanto... afastados um do outro, de corpo e mente, se é que me entendem.

Ou talvez não, talvez ele ele estivesse pensando em mim, ou no motivo de ter fugido de mim mais cedo.
Ah, eu daria qualquer coisa para poder ler sua mente naquele momento.

Espera aí, o que?

Cala a boca, Neymar interior, pensei.

O caro estava escuro, o que não me permitia enxergar seus traços perfeitamente. Apenas vez ou outra, quando a luz dos postes invadia o automóvel.

"Então, nós vamos falar sobre o que está acontecendo com a gente, ou você vai continuar agindo assim comigo?" Perguntei por fim e ele nem se quer fez menção de se virar para mim quando o "chamei".

"Eu prefiro a segunda opção" Philippe falou seco, olhando com curiosidade para as ruas escuras pela janela do carro. Como se aquilo fosse a coisa mais interessante do mundo.

"Droga, me escuta, olha pra mim" Eu chamei novamente, ficando bravo. E ele finalmente se virou para olhar pra mim. "Eu juro que eu estou tentando te entender, mas eu não sei mais o que pensar sobre isso. Eu... Phil, eu não estou mais te reconhecendo." Conclui pondo tanto sentimento que até o motorista olhou rapidamente para trás para se certificar se estávamos bem.

"Ney, desculpa" Ele falou baixo e eu apenas suspirei. "Eu só estou em nervos por conta dos jogos. E-e ainda tem toda essa pressão de ser o "jogador astro" da seleção. Eles cobram demais de mim, isso é péssimo para o meu psicológico." Explicou e eu fechei meus olhos, entendendo exatamente o que ele estava dizendo, pois eu passava por tudo aquilo desde os meus 16 anos.

"Merda, me desculpa também... Eu não fazia ideia" Pedi sincero e ele fez uma careta engraçada, como se dissesse que estava tudo bem.

"Sem problemas"

"Sabe cara, por alguns segundos eu pensei que pudesse estar gostando de mim ou algo assim, por causa de tudo que aconteceu hoje..." Eu comentei entre risos e Philippe engoliu em seco, parecendo tenso, mas essa imagem logo foi destruída, quando ele abriu um sorriso brincalhão.

"Claro que isso nunca aconteceria, Neymar, puf" Comentou como se fosse óbvio e eu respirei, um pouco aliviado.

"Então... amigos de novo?" Eu estendi minha mão.

"Como assim de novo?" Perguntou incrédulo. "Nunca deixamos de ser isso, oras" Terminou pegando na minha mão estendida para ele.

Era visível a diferença entre elas. A de Philippe era bem menor que a minha e menos gelada.
Após dar um forte aperto ele demorou alguns segundos antes de soltá-la. Tocando devagar cada pequena parte da minha mão. Desde a palma da mesma até as pontinhas dos meus dedos.

Mas aquilo não fora mais tão estranho para mim, ou para Philippe. Nós apenas fizemos aquilo e sorrimos um para o outro no final. Eu não tinha com o que me preocupar, afinal ele havia me garantido.

Nunca aconteceria de ele se apaixonar por mim. Nunca.

(n/a): oiii, esse é último do dia pessoal, e ah, o próximo capítulo será narrado inteiramente pelo phil, preparem os corações aí. abs sz

falling in love || neytinho [neymar+coutinho]Onde histórias criam vida. Descubra agora