Capítulo 10

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POV Isabela

Viro a noite chorando. Sei que posso ter me precipitado, mas na hora me senti tão traída, que só quis sair correndo, para que ele não visse minhas lágrimas.

Saímos logo cedo para a casa de nossos pais, no interior. Passo o tempo calada, ouvindo músicas de corações partidos, até a Ana dizer que chega e trocar para umas mais alegres.

Chegando em casa, nem preciso falar, papai e mamãe percebem que não estou bem e me acolhem em um grande abraço. Vou para nosso quarto, que dividimos desde pequenas, minha mãe me acompanha e me puxa para seu colo.

- Fala, querida, o que aconteceu? Ficamos preocupados quando sua irmã avisou que viriam. Ela não deu motivos, mas sabia que algo não estava bem.

- O Artur foi, apenas com amigos, numa festa na casa de uma ex. Fiquei sabendo depois e meio que por acidente. Ele disse que apenas passou por lá, mas a garota fala muito dos dois estarem sempre indo e voltando. Não sei o que pensar...

- O que mais ele disse?

- Não o deixei falar, e desliguei o celular.

- E se ele for inocente?

- Gostaria de crer nesta possibilidade, mas sabe como garotos são.

- Não o julgue sem escutar, Isa. Não estou dizendo para acreditar em tudo que ele falar, mas lhe dê a chance de se explicar.

- Acha que ele fez certo em ir?

- Não, mas pode ser novo nesse tipo de relacionamento e estar ainda meio confuso sobre como agir. Seu pai também demorou a se desligar dos amigos e não percebia que me magoava.

- Ele nem me pediu em namoro.

- Namorar não é garantia de fidelidade. Pode-se ser fiel a um amor platônico ou trair num casamento. A questão é de caráter.

- Será que fui muito dura? E se fui injusta, e ele não quiser mais falar comigo?

- É possível, mas não creio. Se sentiu na pele o que é não ser ouvido, só ser for muito vingativo para fazer o mesmo, e então, não é a pessoa certa para você.

- Está certa, mãe. Vou ligar meu celular e, pelo menos, ler suas mensagens. Depois decido.

- Sim, vou estar na cozinha. Me chame se precisar.

- Obrigada, mãe, por ainda me dar colinho.

- Sempre, princesa.

Ligo meu celular e há muitas mensagens do Artur, sempre se desculpando. Respondo que conversaremos apenas quando eu voltar e ele agradece. Tenta falar mais, mas peço que espere para conversarmos pessoalmente. Há também mensagens de rapazes desconhecidos, mas que imagino serem seus amigos, todos atestando sua inocência.

É agradável estar em casa e tento me distrair e aproveitar esse tempo em família.

- Princesa, vamos pescar antes do almoço?

- Claro, papai, estava com saudades.

- Está melhor, filhinha?

- Sim, mamãe disse que meus problemas com o Artur podem ser de adaptação. O senhor realmente demorou a aprender a namorar?

- Hoje ela ri de minhas atrapalhadas, mas na época pensava que não gostava dela. Aprontei uma em nosso primeiro dia dos namorados, pouco tempo depois de estarmos juntos...

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