Amores sob medida

Capítulo 21

POV Ana Clara

Emociono-me em ver a homenagem que o Artur preparou para a Bela. Sinto a presença do Roberto antes de ouvir sua voz.

- Gostaria de uma carona? Aqueles dois tem muita saudade acumulada para matar.

- Vou aceitar a carona, só isso. Obrigada.

- Meu amigo se esforçou muito para reconquistar sua irmã. Espero ter a mesma oportunidade.

- São casos diferentes. Pessoas diferentes.

- Não sente mais nada por mim?

- Não se trata de sentimentos. Não sou passional como minha irmã.

- E quais objeções sua mente coloca? Você mesma disse que combinamos, que somos perfeitos juntos.

- Tenho medo, já abri meu coração e foi doloroso senti-lo partir-se. Não quero arriscar.

- Não seja teimosa, você sabe que entendeu errado meus argumentos, já te expliquei. O que mais preciso fazer?

- Eu tenho que vencer meus medos e aprender a me lançar de novo, sozinha.

- O que te impede?

Viro o rosto para que não veja minhas lágrimas. Qual meu problema? De onde vem essa insegurança? Sei a resposta.

- O Mateus me traiu, apesar de todas as suas juras de amor. E foi por dizer não suportar ficar sem sexo. Alegou que era homem e tinha suas necessidades.

- Pensei que não estava apaixonada por ele.

- Não estava, mas confiava nele. Já esclarecemos o mal entendido em sua defesa ao Artur, mas as feridas foram abertas e custam a fechar.

Desço do carro e corro para meu apartamento, onde poderei chorar com liberdade e tentar desafogar um pouco desta dor em meu peito.

- Ana, onde você está?

- Aqui, no meu quarto.

- Estava chorando?

- Não é nada. Vamos falar de você.

- Você não está bem. Foi o Rodolfo? Ele voltou a te perseguir?

- Não. São apenas lembranças dolorosas e saudade. Mas não quero estragar sua noite e sim ouvir todos os detalhes. Amei a surpresa.

- Meu Baby gatinho é perfeito. Nunca imaginei uma declaração tão linda... E olha que sou perita em devanear sobre finais felizes.

- Ele te ama muito. Fomos injustas com ele.

- Sim, a Sandrinha armou para mim e eu caí. Mas agora tudo está ainda melhor que antes. Ficar esse tempo longe nos fez ter mais certeza de nossos sentimentos.

- Estou tão feliz por você. Como senti falta deste sorriso aberto, sem a sombra da tristeza que não te abandonava.

- Você me disse que viria de carona. Quem te trouxe?

- O Roberto. Ia pegar um Uber, mas aceitei seu oferecimento.

- Por isso estava chorando?

- Tenho tanto medo de sofrer que o afasto, mas sofro mesmo assim.

- Conheço suas inseguranças, mas não pode continuar assim. Haverá um evento, daqui alguns dias, na editora que o Roberto trabalha e Artur nos convidou. Você irá?

- Voltarei para casa neste final de semana. Falarei com papai e mamãe. Sempre fico melhor depois de conversar com eles. E então resolverei o que fazer da minha vida.

POV Roberto

Deixei a Ana no apartamento e vou para casa, ainda mais determinado a tê-la para mim novamente. A cada vez que a vejo, o amor que tenho por ela duplica em meu peito.

Todos os detalhes para publicação de meu livro estão acertados e haverá um lançamento prévio em um evento patrocinado pela editora. Por trabalhar lá, consegui que lessem meu manuscrito em tempo recorde e meu sonho está se realizando bem mais cedo do que podia esperar.

- Artur, nem sei como te agradecer. Tenho certeza que seu projeto publicitário viabilizou a aceitação do meu livro.

- Não diminua a qualidade do seu trabalho. Li o livro, e sabe que não curto muito, mas achei fantástico.

- Elogiaram bastante e já encomendaram outros, antes mesmo do resultado das vendas.

- Será um sucesso. Tenho certeza. E tenho que te agradecer também.

- Por qual motivo?

- Por me permitir te usar de cobaia para minha primeira companha. A editora me contratou como estagiário, já que ainda não me formei.

- Parabéns! Você merece, fez um trabalho incrível.

Pelos próximos dias, trabalho tanto que não tenho como procurar a Ana, mas envio uma mensagem de boa noite todos os dias.

Meus pais chegam para o evento de amanhã. Sabem que é importante para mim, mas não fazem ideia que lançarei meu livro. Será uma noite cheia de surpresas.

- E sua menina dos bilhetes? Tem falado com ela?

- Ainda não nos acertamos. Tenho algo preparado para a próxima noite, mas não sei se ela comparecerá.

- Artur reatou com a irmã dela?

- Sim, lembra que falei que ele estava ensaiando para cantar para ela?

- Lembro, queria ter visto.

- Várias pessoas gravaram, vou procurar e te mostro. Foi muito bonito e funcionou. Meu amigo não cabe em si de felicidade.

- Logo será você, filho. Não desista.

- Nem penso nisso, pai. Ela é importante demais para mim, lutarei contra seus medos e seremos muito felizes juntos.

Parto para o clube onde será realizado o evento, a fim de que tudo corra como o planejado. Já dei minhas orientações a Artur e agora é rezar para dar tudo certo e minha menina aparecer.

Meu amigo chega com minha mãe e sua namorada e me pergunto onde está meu pai e se a Ana virá ou não. O discurso de abertura se iniciará em poucos minutos e nem sinal das duas pessoas que mais queria que estivessem aqui. Meu nervosismo faz minha gravata me sufocar.

Aliviado, percebo quando meu pai chega e senta-se ao lado da minha mãe. Ele faz um sinal de positivo para mim, o que me conforta.

Já no meio do discurso, vejo quando ela entra. Mais linda do que nunca num vestido preto que não conheço. Com seus cabelos presos na lateral da cabeça, deixando seu rosto perfeito em destaque.

Meu pai emociona-se quando meu livro é anunciado e transborda de orgulho e amor. Em minha mãe não vejo surpresa, como se meus sonhos se realizando tratar-se apenas de uma certeza, não de uma possibilidade. Ana Clara olha para mim, mas não consigo ler quais são seus sentimentos. Após todos os discursos, recebo os cumprimentos e a perco em meio à multidão. Espero que o Artur cumpra sua parte sem erros.

Comentem e me ajudem a melhorar. Obrigada