Capítulo 3

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POV Artur

Esse meu amigo precisa urgentemente arrumar uma namorada. Devia ter filmado a cara de bobo que estava fazendo enquanto falava da moça dos bilhetes.

Me deito, mas não consigo dormir. Fico pensando na minha Isabela. Que garota fantástica, divertida, cheia de vida. E depois fico rindo do Roberto...

Resolve atrapalhar mais um pouco a leitura do meu colega de apartamento.

- Sabe quem vi novamente pelo campus?

- Você não vai mesmo me deixar continuar a ler?

- Lembra daquela menina risonha do barzinho?

- Irmã da ruiva, sei.

- Você gostou dessa garota, é a segunda vez que fala dela.

- Já disse que não é isso. Continua, o que queria me falar antes de começar com suas suspeitas infundadas?

- Então, andei perguntando por aí e descobri que apesar do jeito alegre, não é garota apenas para diversão. Suas colegas até se referem a ela como careta e metida à santinha.

- Até que enfim se interessou por uma garota legal.

- Valorizo uma moça que se respeita. Até me envolvo com as soltas, porém não as levo a sério e nem elas esperam isso.

- Já eu, não gosto dessas meninas saidinhas. O que vai fazer?

- Não sei qual meu próximo passo: se a procuro ou deixo para lá. Não quero entrar num relacionamento agora, mas, por outro lado, ela não sai da minha cabeça. Vamos ver como será na próxima vez que a encontrar. Pode continuar com sua leitura agora.

Passo pela biblioteca no final da tarde seguinte, quem sabe encontro minha Bela por lá, afinal sua irmã é frequentadora assídua.

- Fala aí, Artur! O que manda?

- Tudo bem, Rodolfo? O que está fazendo aqui, nunca te vi com um livro na mão.

- Estou caçando uma gatinha arisca...

- De quem está falando?

- Da Ana Clara, aquela ruiva de Letras.

- A irmã da Isabela?

- Está muito informado. Fique sabendo que a vermelhinha já tem dono.

- Não é nada disso...

- Então está interessado na maluquinha? Fiquei sabendo que só parece divertida, mas que é tão difícil quanto à irmã. Na verdade, estou pensando em pegar ela quando terminar com a mais velha...

- Você é nojento! Fique longe dela!

Saio irritado. Só de pensar naquele cara encostando um dedo na minha Bela, já sinto o sangue ferver. Pelo jeito deixar para lá não é mais uma opção.

POV Ana

Confesso que estou ansiosa para saber se vou encontrar algo no livro hoje. D Silvana me recebe de maneira diferente. Com cara de quem sabe algo que ignoro. Estranho...

Nem espero chegar à aula para ler o primeiro capítulo e para ver se há algum bilhete nele. E não me decepciono:

"Cara AN5022

Vi que se desculpou pelo seu primeiro recado, mas na verdade, gostei muito de encontrar uma fã da saga. Não tenho com quem conversar sobre meus livros gigantes, como meu amigo diz.

Está muito clara a vileza da Lafer, só o bobo do Abdur que não percebe. A Maya sim é uma mulher incrível, honesta, corajosa. Nunca que ficaria na dúvida entre elas. E o pior é que enquanto ele fica dividido, o exército de Manon se aproxima e ele deveria estar era ocupado em se preparar para o cerco.

Bem, não sei com que direito estou julgando o cara, também não encaro minha vida, fico protelando decisões que já deveria ter tomado há muito tempo.

Se possível, continue nossa correspondência. Está sendo muito divertido. Aproveita para sugerir uma nova leitura, pois logo termino essa saga e preciso de novas opções.

Até mais

RO35"

Não esperava um bilhete tão longo e fico feliz por ter encontrado um novo amigo.

- Olha quem encontrei? A rosa vermelha mais linda deste jardim!

- Oi, Rodolfo... Certeza que faz publicidade, não tinha mais nada para falar além desta frase ridícula?

- Calma, gata! É que você me deixa bobo de amor!

- Com licença, preciso correr que estou atrasada para a aula.

- Sabe que não vou desistir, não é princesa? Adoro um desafio...

O Rodolfo me persegue há um ano. Ele não cansa de insistir em que saia com ele. Pode até ser um moreno bonito, mas tem uma fama péssima e merecida, além de cantadas horríveis.

Chego em casa, após a aula, precisando desesperadamente mergulhar no meu livro..

- Que cara é essa, Ana?

- O Rodolfo! Trombei duas vezes com ele hoje, na biblioteca e no final da aula. Aquele sorrisinho safado dele me tira do sério.

- Ele te ama...

- Se isso é amor, não quero, obrigada! Está cada dia com uma diferente e depois vem com conversinha para cima de mim.

- Estou brincando, ele é um cretino mesmo.

- Vou ler um pouquinho antes de dormir para espairecer.

- Um pouquinho? Sei...

- Eu mereço e preciso, né? Se dormir agora terei pesadelos com aquele ser asqueroso.

- Está bom, me convenceu. Só por isso, certo?

Isabela ri, mas me entende. Sabe que nada melhor que um bom livro para relaxar e esquecer.

- E os bilhetes?

- Acredita que ele respondeu? E praticamente uma carta desta vez.

- Deixa eu ler? Estou tão empolgada! Já criei várias versões românticas...

- Está doida, Isa? Não tem nada de romance aqui. É só alguém com quem comentar sobre o desenrolar da trama.

- Vai dizer que não está sonhando acordada com ele?

- Nada a ver, Isa. Deixa de ser boba.

- Eu estou é com inveja. Sempre me apaixono pelo mocinho do livro, mas ele não é real. Você encontrou um de verdade!

- Vai dormir, Isabela. Me deixa em paz com o Abdur.

Era só o que me faltava! Um ataque de Isabela casamenteira. Pior que ela vai continuar com os comentários e piadinhas. Ninguém merece!

Me ajeito no sofá com uma caneca de chocolate quente, e me esqueço das brincadeiras da Isa e das investidas do Rodolfo, mas não do RO35.



Por favor, comentem e me ajudem. Quero melhorar como escritora. Obrigada.

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