Prólogo

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Faíscas sobem com a esperança de virarem estrelas, porém elas se dissipam no ar como se nunca tivessem existido. Os estalos das madeiras queimando são acompanhados pelas risadas das crianças que correm em volta da fogueira, casais dançam harmoniosamente e adultos conversam enquanto ingerem vinho.

A lua cheia evidencia a sua soberania, deixando claro que somos pequenos diante dela. Contudo, até nós, meros mortais, temos uma pessoa para chamar de líder. Ele marcha com passos firmes, todos o encaram com o olhar carregado em admiração. Hankyul, o homem mais importante do vilarejo, para ao chegar no centro da nossa confraternização. Todos cessam as suas atividades, permitindo que o silêncio taciturno reine.

- Meus caros! - A sua voz aumenta progressivamente. - Fora dessa cerca há demônios, bruxas, infiéis e todos os tipos de criaturas diabólicas que vocês possam imaginar. Devemos cumprir as regras, por isso nunca...

Posteriormente, as duas leis foram ditas:

1) Não coma maçã.

2) Não saia da cerca.

Ele faz uma pausa no seu discurso e anda lentamente em círculos. A sua boca se movimenta, mas nenhum ruído é audível; o seu monólogo é indecifrável. Hankyul respira fundo e arregala os olhos como se estivesse assustado.

- Nós vivemos em um paraíso. - Ele aponta o indicador na direção de uma mulher grávida. - Devemos ser gratos por isso! Vamos, agradeçam - brada.

Nos levantamos em uníssono, batemos palmas demonstrando toda a nossa gratidão. Para manter a harmonia e a segurança, nunca devemos quebrar as regras, visto que elas foram feitas para serem seguidas, isso não é um esforço para mim. O líder se afasta, encerrando o seu enunciado. Todos voltam a comemorar ainda mais animados e com sorrisos radiantes na face. Sou contagiada pela alegria, viver em um lugar coberto pela verdade é a única certeza que eu tenho.

O Vale das MaçãsOnde histórias criam vida. Descubra agora