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Capítulo 2. Ano Novo

Continuei com a minha rotina de correr pela orla de manhã e treinar os acordes durante a tarde, sempre tweetando coisas sobre a minha vida pois já que não tenho grana para um psicólogo eu me viro com o twitter.

Esse ano foi tão bosta que não serviu nem para criar amizades, a única coisa boa é que eu estava finalmente livre da escola e agora poderia fazer o que eu realmente gosto, sem tantos números e contas que ocupam uma folha frente e verso. Mas nem faculdade eu tinha conseguido, então meu pai se disponibilizou a pagar contando com que eu começasse a trabalhar e fosse assumir pelo menos metade da mensalidade.

Minha família resolveu passar o ano novo aqui em casa, por um milagre dos céus, faz mais de três anos que não passamos nenhuma data festiva juntos. Quando eu digo que esse povo é completamente louco, minha mãe ainda briga comigo. Mas é aquele ditado, quem sou eu para falar algo.

Eu curto muito minha solidão que chamo de casa, mas curto ainda mais um fervo e se tem algo que minha família sabe, essa coisa é fazer um fervo. Fiquei a semana inteira arrumando a casa para ele não acharem que isso é um chiqueiro, talvez seja, mas ninguém precisa saber.

Quando chegou o dia 31, fiquei o dia inteiro na cozinha, fui inventar de ajudar minha mãe a escolher as receitas e acabou que ela me jogou na cozinha e foi arrumar o quarto de hospedes. Me lasquei. Um calor insuportável e eu na cozinha como uma escrava, e para piorar meu pai se recusou a comprar champanhe, até da mais furreca. A esperança é que alguém traga, porque caso contrario será apenas um ano novo xoxo sem brinde.

A virada em si foi maravilhosa, meus primos que passaram a infância toda me perturbando estavam aqui e não deu outra foi perturbação do inicio ao fim, nós marcamos viagem para Angra e tudo. Mas o auge da minha noite foi quando resolvi checar as mensagens de feliz ano novo e a primeira delas, acreditem se quiser, era do MazzarophG, o menino do cover, que enviou uma DM no twitter.

"Feliz ano novo minha linda, tudo de bom pra ti! Que você realize suas metas e tenha um ano incrível, pois tenho certeza que merece muito! <3"

Quase engasguei. Surtei. Eu esperava qualquer pessoa menos ele, até porque nem me lembrava mais. Mesmo assim respondi.

"Feliz ano novo pra você também, tudo de bom e muito sucesso porque você também merece, beijos <3"

Na mesma hora, sim na mesma hora ele respondeu.

"Muito obrigada linda, que a gente também possa construir lindas amizades."

Amizade? Será que ele se referia a nos dois? Porque cacete, eu nem conheço o cara!

"Isso mesmo 😉"

"Como vão seus dotes com o violão?"

"Vão muito bem, e seus covers? Quando vai postar algum novo?"

"Tenho alguns gravados já, só preciso ter tempo de editar"

"Editar deve ser um saco, pelo menos eu não teria paciência"

"Eu curto pra caralho, mas não tenho tido tanto tempo assim e essa parada requer bastante tempo."

"Ah, mesmo que eu tivesse tempo iria morrer de preguiça kkakakakaka"

"Seu mal então é a preguiça?"

"Ela e muito mais coisas, acredite"

"Sério que você toda linda assim e tem uma pá de defeitos?"

EU ESTOU É'RINDO DA CARA DE PAU DESSE GAROTO, mas é aquele ditado né: quem tem joga e ele jogou.

Quando eu ia responder, meus primos resolveram brincar de jogar água nas pessoas e adivinhem, me jogaram um balde de água gelada com o celular na mão e tudo. Foi um desastre. Meu celular queimou e agora eu estou vivendo a vida off graças aos desgraçados dos meus primos.

[...]

Uma semana depois eu continuava sem celular, pois como minha mãe disse, dinheiro não nasce em árvore e meus pais já estavam pagando minha faculdade, ou seja, sem telefone até que eu consiga comprar um com meu próprio dinheiro.

Então meus dias se resumiam a ficar treinando algumas músicas no violão e arrumar a casa.

Algumas horas depois de arrumar a casa eu peguei o notebook para assistir alguns covers e me inspirar, mas acabei entrando no twitter. Tinham um monte de dms e foi ai que eu lembrei que não tinha respondido o menino do cover, coitado.

"MazzarophG enviou uma Dm"

"Oi linda, heyy? Esqueceu de mim foi?"

A verdade é que eu tinha esquecido mesmo, nem telefone eu tinha quem dirá lembrar dele.

"Esqueci mesmo kakkkkkkk estou sem celular"

"Que pena, mas aí já aprendeu uma música nova??"

"Já sim, Photography do Ed sheeran"

"Essa música é linda demais, quero ouvir você tocar!"

"é linda sim, uma das minhas preferidas!"

"Quando você vai tocar alguma música pra mim? Não acha que eu mereço?"

Gente esse garoto é atirado demais, pelo amor de deus!

"Quem sabe um dia... Você? Merecer? Nem sei seu nome criatura"

"kkkkkkkkkkkkkkkkk eu mereço, fui eu quem te inspirou a aprender, nada mais justo"

"continuo sem saber teu nome, seu cara de pau"

"É Guilherme. Guilherme Mazzaroph"

Que porra de nome é esse, meu deus parece com os nomes dos molhadores de calcinhas dos meus livros.

"Uau, que nome de gente rica"

"De rico eu só tenho o nome mesmo, cada boleto pra pagar que tu nem imagina"

"KKKKKKKKKKKKKKK entendo perfeitamente"

"Mas e aí, quando vou te ver?"

"Como assim me ver? Nem te conheço!"

"Por isso mesmo, pra passar a conhecer"

"Me passa seu número então?"

"você é insistente demais, misericórdia"

"Já disseram isso antes..."

"aí, toma, 9xxxx-xxxx"

"Beleza então princesa, depois eu te chamo lá, beijos"

Eu passei o numero e esqueci que não tinha celular, então, se ele mandasse mensagem mesmo iria receber um vácuo eterno, rindo de nervoso!