Capítulo 13. Nada de bolos

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Guilherminho não me deu um bolo dessa vez e ainda passou exatamente dez minutos depois que paramos de nos falar, lindissimo! Nunca critiquei.

Eu estava esperando ele na portaria, quando ele parou o carro na rua e abriu os vidros. Ele estava de camisa branca e óculos escuros, um verdadeiro homão da porra. Benza Deus.

"Entra aí Fernandão!"

"Eu já falei que esse apelido ficou estranho... Aliás, boa tarde querido, adorei o look militar" falei enquanto entrava no carro e vi ele com a calça ainda da farda.

"Acabei de sair do serviço, preferi vir logo antes que acontecesse mais um imprevisto e eu te desse um bolo de novo"

"Me sinto lisonjeada"

"Porque você e sempre tão debochada? Minha nossa senhora!" Ele riu.

"Ossos do ofício lindinho"

Ele deu a volta no quarteirão para poder estacionar na praia, que estava vazia por um milagre de Deus. Descemos do carro e ele pegou o violão no banco de trás.

"Tá faltando as esfihas que você me prometeu?"

"Foi mal, não queria atrasar aí deixei pra depois, se tu quiser a gente pode comer outra coisa... Cê que sabe." Achei chique, amo quando me deixam escolher comida.

"Aí Guilherminho você é sempre muito sábio, amei"

Estendi uma canga na areia e nos sentamos perto das pedras. Ele tirou o violão da capa e ficou dedilhando algumas notas.

" E aí qual música você quer cantar?" Difícil né gato com essa minha voz de Maria arrependida.

"Sei lá, algum sertanejo bem corno? São as músicas que eu conheço"

"Tu sabe Que sorte a nossa?"

"Sei!!!! Amo!"

E ele começou a tocar e cantar, tão lindo e ainda canta bem, benza Deus.

Tantos olhares por aí, você querendo o meu...
Tantos sorrisos por aí e eu querendo o teu..
Eu não duvido não que não foi por acaso
Se o amor bateu na nossa porta
Que sorte a nossa...

"CARALHO tu canta muito Fernandão! Sou teu fã!"

"Canto nada menino, se eu cantasse bem já tava rica, mas continuo dura igual um coco"

"Cara vamos gravar um cover agora! Sério vou ganhar muita view com você, gata e canta bem!"

"Só se você me pagar, não vou deixar você ganhar as minhas custas e eu continuar dura."

"Te levo pra jantar! Onde você quiser! E aí?" Falou em comida, falou a minha língua. Ainda mais se for de graça!!!

"Opa! Eu gravo quantos você quiser então!"

"Cara de pau, você se vende por muito pouco!" Ele riu.

"Eu me vendo pelo o que me interessa"

"Bom saber..."

Ele apoiou o celular nas pedras e começamos a gravar o cover da música que havíamos cantado antes e ficou ótimo o vídeo. Assim que terminamos nós começamos a juntar as coisas pois já estava escurecendo e fomos em direção ao carro.

"E aí o que a madame vai querer comer?"

"A gente podia ir em uma hamburgueria que tem aqui perto, o que você acha?"

"Artesanal?"

"Uhum, tem os melhores hambúrgueres artesanais que eu já comi!!!!"

"Pô, me amarro em um artesanal! Coloca aí no GPS o endereço." Ele me deu o celular e eu logo coloquei o endereço e ele partiu com o carro.

"Mas e aí como que você virou militar? Porque seu bonde só tem mimado e sustentado pelos pais..."

"Meu pai era militar, eu só segui seu caminho."

"Entendi, achei que seu trabalho é ser famoso"

"Ser famoso é só um charme gata" cara de pau, tinha que ser amigo do Alan.

"Mas e você, porque que tu decidiu fazer direito?" Ele perguntou.

"Sempre gostei da área, mas fui influenciada pela minha tia que fez a faculdade mas não exerce a profissão."

"Pela minha mãe eu teria feito faculdade de veterinária"

"Mas tu não tem vontade de fazer nenhuma faculdade não?"

"Eu já faço boneca, faço de ADM"

Nós logo chegamos na hamburgueria e pegamos uma mesa e continuamos a conversa. O Guilherme é o famoso filho perfeito, só escorrega na galinhagem, mas quem nunca né?!

Já era quase meia noite quando ele me deixou na portaria, isso que eu chamo de sábado produtivo.
Ele seria um ótimo amigo, e é claro que eu iria me aproveitar para tirar umas casquinhas. Mas ainda era muito cedo.

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