can we fall one more time || neytinho [neymar+coutinho]

5. Miss You

Philippe

Assim que acabei de vestir minhas chuteiras para iniciar o treino, em meio aquele frio matinal de Barcelona, escutei um barulho de passos rápidos vindos do corredor.

Rafael adentrara o vestiário segundos após, com uma careta emburrada em seu rosto. Eu franzi o cenho para o mesmo, como se o questionasse o que lhe havia acontecido.

"Ou, o que aconteceu, Espanheiro?" Perguntei quando terminei de dar o nó nos cadarços de minhas chuteiras.

Ele bufou se mexendo desconfortável no banco em minha frente, onde acabara de se sentar.

"Eu não estou conseguindo focar no treino, não sei o que me deu, só estou um pouco distraído hoje..." Explicou ele, suspirando altamente em minha frente.

Eu logo ajeitei a minha postura, abaixando minhas pernas e cruzando as mãos sobre meu colo.

"Ah, eu estou assim sempre... Já não estranho mais quando me sinto assim." Eu confessei e o assisti sorrir carinhosamente para mim.

"Mas eu não era assim, Coutinho. Sempre fui muito focado em meus objetivos. Não sei o que deu em mim dessa temporada para cá..." Eu suspirei em resposta, apenas fitando seu rosto, permitindo-me analisar o homem a minha frente.

Ele usava a camiseta de treinos do Barcelona, juntamente a um shorts da mesma cor que a mesma. Cabelos bem penteados e cobertos com gel, o que fazia uma boa referência aos meus. Uma chuteira laranja destacava em seus pés, então eu me lembrei de que aquela fora a mesma chuteira que o rapaz usara na noite do jogo contra o PSG.

Ah, aquele jogo que eu simplesmente não conseguia tirar da cabeça, pensei.

Mais especificamente, um atleta que pertencia á aquele clube.

Neymar Júnior. Como esquecer a tonalidade que seus olhos adotaram na noite daquele jogo? Aqueles olhos que mexeram tanto comigo, assim que eu os tive pousados sobre mim...

Eu comecei então a recordar de cada coisa que havíamos vivido juntos durante a Copa do Mundo. Cada olhar, cada beijo ofegante trocado, cada pensamento que tive com o outro rapaz, cada toque do mesmo em meu corpo, tal que se tornara tão impuro após o maior e eu nos envolvermos...

Envolvido. Aquela era a palavra perfeita para descrever exatamente como eu me sentia há quatro meses, a respeito do garoto.

Droga, eu sentia falta dele e de tudo o que vivemos juntos, pensei.

"Coutinho?" Saí do meu transe rapidamente, assim que me dei conta de que Rafael estalava seus dedos freneticamente em frente ao meu rosto.

"O que?" Eu perguntei assustado, como se estivesse com medo de que o homem a minha frente pudesse ler meus pensamentos.

Aqueles pensamentos que eram tão meus... Mas ao mesmo tempo eram tão dele. Parecia que tudo que eu possuía pertencia igualmente a Neymar, e não havia nada que eu pudesse fazer sobre aquilo.

"Você estava em uma espécie de transe, eu te perguntei algo e você parecia não escutar..." Ele comentou surpreso, falando baixinho e olhando para seus pés que batiam contra o chão incessantemente.

E era exatamente assim que eu ficava quando pensava no garoto, falava do garoto, ou estava com o garoto.

Neymar não abandonava meus pensamentos nem por um segundo se quer. Ele invadia os meus sonhos e quando eu menos esperava, lá estava ele em meus pesadelos para salvar-me do perigo.

Ele me acompanhava em tudo que eu fosse fazer, para cima e para baixo, onde quer que eu fosse. Por mais que não estivesse fisicamente presente, a sua alma andava comigo. Me fazendo desejá-lo de uma maneira irreparável, incorrigível... E automaticamente, ao sentir a dor de a sua ausência, me fazia sofrer.

"Desculpa Rafael, eu preciso ir... A gente se fala mais tarde, certo?" Eu comentei já me levantando, dando um leve tapa nas costas do mesmo, vendo-o abrir a boca e fechar, como se fazendo menção de dizer algo.

Meio hesitante eu passei por alguns jogadores, uns se alongavam no centro do gramado e outros corriam, torneando o mesmo, caminhando devagar em direção a Lionel que treinava alguns chutes meio isolado.

"E aí, cara" Eu cumprimentei, parando próximo a ele, assistindo o mesmo acenar com a cabeça antes de chutar com força a bola em direção ao gol, murmurando alguns xingamentos ao ver a mesma tocar o travessão e sair.

Ele se sentou ao meu lado, exausto, com gotas de suor escorrendo pela lateral de sua testa. O mesmo se esticou para alcançar uma garrafinha de água ao seu lado.

"Francamente, juro que eu não sabia que o Neymar era gay." Ele soltou de repente, olhando para os lados, checando se havia alguém além de nós dois presente.

"O-o que?" Perguntei me fazendo de desentendido, recebendo um olhar óbvio vindo do outro.

"Não finja que não sabe do que estou falando, Coutinho. Eu vi a forma como o Neymar olhou para você antes do jogo, durante, depois... Não precisa mentir, okay?" Confessou ele e eu quase que engasguei com a minha própria saliva.

O mesmo esticou o braço com a garrafinha para mim, oferecendo a mesma que eu instantaneamente tomei em minhas mãos, virando o líquido garganta abaixo.

"Eu não entendi como..." Eu comecei passando as mãos pelo rosto, apertando minhas próprias bochechas, sendo interrompido por Messi.

"Como eu soube disso? Fácil. Estava na cara, dava para ver como o Neymar hesitava em ir para cima de você quando você tocava na bola, poderíamos ter ganhado o jogo só com você jogando!" Ele afirmou e eu abri um sorriso fraco, me contendo logo em seguida, tentando passar para mim mesmo que eu não estava feliz ao saber daquilo.

Mas aquilo era uma grande mentira, porque eu estava muito feliz em saber que eu ainda causava algum efeito sobre ele, e que ele estava cumprindo com o prometido.

Neymar estava me esperando..., pensei.

"Lio, alguém mais sabe disso?" Eu perguntei o encarando sério, enquanto ele dera de ombros e pendeu a cabeça para o lado, tentando se lembrar.

"Acho que o Rafinha percebeu isso também, mas vocês dois já tiveram algo antes? Por que ele foi tão delicado com você?" Questionou ele confuso e eu bufei, antes de repirar fundo.

Então era isso que o Rafael me perguntara no vestiário, pensei.

"Tudo bem, eu vou te contar, mas ninguém pode ficar sabendo disso, nem mesmo o Rafael!" Eu alertei e o assisti acenar positivamente com a cabeça.

E então eu contei a ele sobre o que ocorreu entre o meu melhor amigo e eu há quatro meses atrás. Obviamente, pulando algumas partes que eu desejava preservar apenas para mim.

E tudo me levara de volta a Neymar.

(n/a): gente já chegamos a 1K em menos de uma semana, eu já falei o quão incrível são vocês? se não, irei dizer mais uma vez, VOCÊS SÃO DEMAIS E EU AMO VOCÊS PARA CARALHO. sz