13. We

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Philippe

Instintivamente, meus braços empurraram Rafael pelos ombros, fazendo com que o mesmo se afastasse, antes que a palma da minha mão atingisse levemente um lado do seu rosto. O rapaz me olhava confuso, como se não houvesse nada de errado, como fosse a coisa mais natural do mundo o mesmo vir até mim, agarrar minha cintura e me beijar sem o meu consentimento.

"Já pedi para... parar de fazer isso. Demonstre um pouco de respeito..."

Esbravejei em direção ao mesmo, que se afastara de mim lentamente, enquanto eu sentia vários empurrões seguidos atingindo o meu corpo em meio a pista de dança. Em uma olhada ligeira pelo local, meus olhos acabaram por encontrar os dele em meio a multidão.

Neymar me olhava sem expressão alguma em seu rosto, como se não houvesse ninguém em seu interior, sentimentos... nada. Como se não lhe restasse alma.

Naquele momento eu desejei com todas as minhas forças que o garoto não tivesse visto nada do que acontecera com Rafael há poucos minutos, mas aquela prece abandonou meus pensamentos assim que eu avistei o maior caminhando rapidamente para fora do local, desviando nossos olhares ao fazê-lo.

Eu neguei com a cabeça para mim mesmo antes de sair em disparada por onde o maior passara, dando uma leve corrida para conseguir alcançar o rapaz que se encontrava parado próximo a rua, sentado no meio fio, encolhido.

Eu parei de correr assim que o avistei ali, jogado ao chão com a cabeça inclinada para baixo, supostamente em prantos. Meu coração se cortara instantaneamente ao presenciar aquela cena.

Ele estava daquela forma por minha causa, pensei.

Passei a mão pela testa, livrando-a de alguns fios de cabelo que foram parar ali de certo enquanto eu dançava na pista. Suspirando profundamente, direcionando meus passos em direção a Neymar, passando por três rapazes que dividiam um baseado.

Eu me sentei ao seu lado, reclamando alto, após machucar a palma da minha mão ao apoiá-la no chão para me sentar. Recebendo o seu olhar no mesmo instante.

"Por que saiu daquela forma lá de dentro? Parecia que alguém tinha te jogado uma chuteira na cabeça"

Eu perguntei, retoricamente, pois eu sabia muito bem qual fora o motivo que fizera o menino sair ás pressas de dentro da boate.

"Foi pior do que isso..." Ele murmurou baixinho, fazendo uma careta chorosa, reprimindo as lágrimas que se juntavam em seus olhos.

"Por favor, não chora, eu não sei nem o que dizer... Me desculpa, okay?"

Eu disse nervosamente, enquanto gesticulava com as mãos, esperando que o mesmo fitasse meus olhos, o que não aconteceu.

"Não deve se desculpar por arranjar um namorado..." Concluiu ele, fechando seus olhos ao falar.

Era como se eu sentisse toda a sua dor ao pronunciar para mim 'um namorado', que não estivesse referindo a si mesmo.

"O que? Rafael não é meu namorado, definitivamente não. De onde tirou isso, Neymar?"

Eu perguntei, em negação. Enquanto eu assentira negativamente com um gesto com a cabeça, vendo-o sorrir incrédula e sarcasticamente.

"Não foi o que pareceu quando ele enfiou a língua na sua boca"

Ele retrucou e eu engoli em seco, sentindo todo o peso daquela sua afirmação.

"Você não entende! Ele acha que tem algum direito de ficar me beijando assim... Mas eu e ele não somos nada. Nunca fomos."

Exemplifiquei e Neymar rapidamente franziu o seu cenho, deixando toda a sua raiva em evidência.

"Ou, ou, como assim ficar te beijando? Ele já fez isso outras vezes?"

Eu fiquei calado. Fazendo do meu silêncio a minha resposta, vendo o maior bufar em ódio.

"Mas que filho da puta, eu poderia quebrar a cara dele agora. Mas sabe por que não faço isso?" Eu fiz que não com a cabeça. "Porque respeito você, Philippe. E o respeito e a admiração que eu sinto por você supera todo ódio e ciúme que eu possa sentir."

Ele concluiu, virando-se para fitar meu rosto, finalmente. Enquanto seus olhos brilhavam com uma intensidade tão forte que parecia ter roubado a luz de cada estrela existente. Tais que naquele momento não eram consideradas nada perto das duas que haviam no rosto de Neymar.

"Eu não quis beijar ele, Neymar." Falei sincero, enquanto o maior assentira com a cabeça freneticamente.

"Você não me deve explicações. Como você disse, eu e você não temos nada até que eu recupere a sua confiança..."

Ele completou e eu fiz um biquinho, disfarçadamente. Sentindo-me fodidamente triste por Neymar ter usado algo que eu mesmo falei para justificar que eu não devia mais satisfações ao mesmo.

"Como foi que chegamos a esse ponto?" Eu questionei encostando minha cabeça em seu ombro, sentindo o mesmo travar a respiração.

"É tudo culpa minha, se eu não tivesse sido ingênuo e enfrentado o Tite..." Ele falou com a voz falha, antes de eu o cortar.

"Shh, não fala nada. Por favor." Pedi baixinho, e o mesmo rapidamente me obedeceu.

Eu inclinei a cabeça lentamente para o lado em que Neymar se encontrava, enquanto o mesmo abaixava seu olhar, o que de repente deixara nossos rostos simplesmente muito próximos um do outro. Eu sentia seus olhos vagando por toda a extensão do meu rosto, revezando entre meus olhos e boca. Neymar passara a língua pelos lábios, o que fizera com que os seus mesmo tocassem os meus de leve.

Eu queria o beijar naquele momento, queria muito, com toda a minha força, pensei.

(n/a): boa noite ladys and boys. será que agora vai???

can we fall one more time || neytinho [neymar+coutinho]Onde histórias criam vida. Descubra agora