O dia continuava o mesmo, pessoas para lá e para cá, carros buzinando a todo momento, propaganda de alguma loja ou de algum restaurante, jornaleiro gritando na intenção de vender seu jornal ou revista. Sim, tudo isso martelava no minha cabeça. Eu que havia acabado de acordar e nem se quer sabia que horas era. Abri meus olhos lentamente e aquela luz começou a me incomodar, minha cabeça passou a doer mais do que devia, olhei lentamente para os lados e por fim me dei conta de que estava no meu quarto, graças a Deus. Me olhei e certifiquei de que estava enrolada em lençóis e cobertas, nua. Isso mesmo, nua. Parei por um instante e arquei a sobrancelha, me lembrei da noite anterior, da boate, da bebedeira, do sexo... Me-u De-us. Tudo estava no maior silêncio possível aqui dentro de casa, apoiei os cotovelos na cama e vi tudo rodar, forcei as vistas e logo meu estômago começou a revirar. Feito, depois de uma boa bebida vem a conseqüência.
Bufei com a insistência da campainha, já havia meia hora que eu estava ali deitada, curtindo minha dor de cabeça e com a esperança que meu estômago ajudasse, estava claro que assim que eu levantasse iria colocar tudo que comi e bebi para fora. Revirei os olhos e enrolada no lençol, caminhei até a porta em passos lentos. A campainha insistiu.
Abri um pouco da porta e coloquei o rosto nesse vão, tinha certeza de que eu estava com a minha pior cara e o cabelo todo desgrenhado. Não tinha nada contra cigarros, até porque eu fumava mas aquela fumaça na minha cara não tava me fazendo nada bem. Segurei a porta com a mão direita, enquanto com a esquerda eu segurava o lençol, na realidade a porta estava me segurando.
Essa cara debochada, emburrada bem ali na minha frente e eu já sabia do que se tratava, lembrem-se disso "Nada que esteja ruim que não possa piorar".
- Você está atrasada novamente garota.
- Eu sei - respondi calma - me dê mais uma semana e eu terei o dinheiro.
- Uma semana Dulce - apontou o dedo - nada a mais que isso, ou suas coisas estarão na rua. - mais uma vez soprou a fumaça na minha cara. Fechei a porta assim que ela se foi e encostei na mesma, estava arrepiada, o frio também continuava o mesmo. Engoli seco, ótimo! Teria que trabalhar dobrado ou então estarei no olho da rua.
Desencostei da porta e mirei o sofá, ali estava, minha roupa dobrada e minha bolsa sobre ela. Me lembrei dele novamente, do seu rosto, do seu corpo, do seu cheiro, de como era bom na cama. Aff, revirei os olhos, ele era excelente na cama e graças a Deus que me lembro perfeitamente disso. Adentrei a cozinha e rapidamente parei, apertei o lençol e fiquei boquiaberta. Caminhei até a mesinha e olhei tudo que tinha ali, era um café da manhã completo em uma bandeja que cabia uma garrafinha térmica de café, um copo grande com um suco de laranja, torradas com geléia de morango, salada de frutas, pão de queijo, uma xícara tamanho médio e bem ao centro de tudo isso havia um suporte de vidro, bem fininho cheio de água com uma rosa vermelha dentro. Mordi o lábio inferior e sorri, olhei tudo novamente e bem no canto próximo a garrafinha de café havia uns saches e alguns comprimidos. Os peguei e certifiquei que se tratava de um remédios para enjôos e dores de cabeça e bem embaixo da embalagem havia um pequeno bilhetinho escrito: "Irá precisar".
Bom, talvez tudo isso seja assustador, mas, tenho que admitir que foi a coisa mais fofa e mais linda que já recebi em toda minha vida, sendo a única também.
Descansei o rosto nas mãos assim que apoiei o cotovelo da mesinha que ficava em meu quarto, havia um livro aberto em minha frente e um caderninho onde eu anotava o que achava importante no que eu estudava! Meu sonho era ser advogada, mas antes de tudo isso vinha o sonho de Paloma, acho que já comentei sobre. Olhei para o lado e fiquei olhando aquela rosa vermelha sobre meu criado mudo, estava difícil me concentrar dessa forma. Que tipo de cara faz isso?
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ATÉ O LIMITE (Vondy)
Fanfiction"Diga-me o que você pensa sobre sua situação. Está se complicando, se agravando para você." Isso é realmente algo a se pensar quando você entrega os pontos. O fim está próximo, e você? Você não pode fazer nada, ou melhor, você não quer fazer nada...