CAPÍTULO 10

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Você pode até pensar que um cara como eu não passa por qualquer tipo de situação chata, entediante ou até mesmo ruim, pois bem, tenho certeza de que ninguém imagina isso, mas a vida não funciona dessa forma. Sou um cara rico e acredite você ou não minha vida está um caos. Bem a minha frente vejo pessoas... discutindo, rindo, conversando e organizando o que deveria para que minha empresa continue a crescer. Tenho bem debaixo de meus pés um império, um império que vem de gerações, desde meus tataravós até chegar a mim. E não, não pensem vocês que ligo com isso ou que até mesmo algo desse tipo esteja me tirando do sério ou mesmo minha paz.

Maite e eu estamos em pé de guerra. Poncho e eu estamos nos estranhando. Dulce... Bom, respiro fundo e giro minha cadeira rumo a grande janela que tem as minhas costas e admiro Nova York, deixando aquelas vozes silenciar cada vez mais em minha mente, me deixando levar para o mundo da lua. Desde o dia em que a deixei em casa, após aquela noite no hotel não nos vimos mais.

Aos poucos aquela gente toda vão saindo de minha sala e voltando a seus postos de costume, eu apenas aceno com a cabeça e um sorriso de canto, com meu pensamento ainda longe dali. Vi minha mesa sendo lotada de pastas e papéis para serem assinados.

Minutos depois eu já estava dentro de meu carro junto ao Bráulio, indo em direção ao banco para uma reunião com o gerente. Ao retornar, meia hora depois, Bráulio abriu a porta para mim e entrei novamente na land rover.

- Você sabe de Alfonso? - perguntei desapertando o nó de minha gravata

- Não o vi na empresa hoje pela manhã - disse tocando o veículo, sem dizer mais nada pego meu celular e ligo para ele, até que a ligação cai e ele não atende, ligo em seu apartamento, novamente sem sucesso... bufei e guardei o aparelho. - ele irá acompanhá-lo para Dubai amanhã? Ou Christian?

- Não - dei um gole em minha água - irá apenas eu e você. - o olhei e o vi assentir.

Duas semanas, duas longas semanas fazendo cara de bom moço e tendo que manter um bom humor entre pessoas chatas e sangue sugas ao meu redor. Reuniões, conferencias, festa lotada de gente falsa. Sim, Dubai seria uma ótima opção para uma maravilhosa férias, não vou negar. Claro que se não houvesse trabalho no meio.

Aquela cidade que nunca dormia ganhava minha atenção pelo vidro fechado ao meu lado, carros e carros passando, pessoas aceleradas na calçada, um vendedor aqui outro ali. Cada um ganhando seu dinheiro como podia.

Encostei meu corpo todo no banco e olhei para frente, Bráulio continuava a dirigir sem ao menos dizer uma só palavra. Voltei minha atenção para os lados e algo me chamou atenção.

- Pare o carro Bráulio. - eu disse de imediato e abaixei o vidro colocando a cabeça para fora, ele parou e eu desci do mesmo. Aquele cabelo preso em um coque, ruivo do qual eu conhecia muito bem era o que me chamou atenção, muita atenção. Ela saiu novamente de outra loja e voltou a caminhar, em minha direção. Mantinha a cabeça baixa e as mãos dentro de seu sobretudo.

- Algum problema? - Bráulio por fim perguntou.

- Problema algum, eu pego um táxi. - o olhei e ele entendeu tudo assim que olhou pelo retrovisor. Bráulio tocou o carro e não demorou muito para que o olhar de Dul encontrasse com o meu, ela jogou sua franja para o lado e me mirou melhor, parou meio aquele tanto de gente que passava pra lá e pra cá na calçada. Me aproximei.

- Que surpresa. - sorri de canto.

- Bom, eu... - negou com a cabeça - também estou surpresa, você - me olhou de cima em baixo - você está de terno. - abaixei a cabeça a sorri. Ela nunca havia me visto assim.

ATÉ O LIMITE (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora