Capítulo 1

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  Foram necessários 4 meses até que, eu e minha mãe, fomos finalmente deixadas em paz.

  Durante esses meses vivemos em um pequeno apartamento cedido pelo governo e durante esse mesmo tempo minha mãe permaneceu calada como se estivesse pensativa.

  Sinceramente não saberia como explicar o que exatamente ela teve que fazer para que nenhuma de nós não fôssemos considerada suspeitas, afinal nós éramos as únicas testemunhas daquele crime, somente nós duas sabíamos o que realmente havia acontecido aquela noite.

  Talvez seja por esse motivo ela anda tão pensativa.

  Foi um acidente é claro, mais mesmo assim...

  Passei por diversos acompanhamentos psicológicos mas acredito que não tenha funcionado em nada, eu ainda me sinto mal.

  Desde aquela noite minha mãe passa seus dias deitada em seu quarto enquanto eu procuro me distrair andando o máximo possível.

  Hoje, manhã do dia 23 de setembro acabo de voltar de uma das minhas caminhadas noturnas, em busca de comida, claro.

  Assim que abro a porta percebo que algo está errado minha mãe, sentada mesa da cozinha, parece perturbada.

   - Finalmente resolveu voltar do coma?- digo meio magoada.

  - Isso não é engraçado Ayne, você me deu muito pra pensar.

  Aí, essa voltou no fundo do meu estômago.

  - Mãe eu...

  - Sei que foi um acidente, não se preocupe eu já estava esperando por isso...

  - Como assim? você sabe o que aconteceu lá? o que houve comigo?

  - Não completamente, mais eu esperava algo parecido.

  - O que quer dizer com isso? Me diz, qual é o problema comigo? O que eu sou de verdade?

  - Não tem nada de errado com você, não se culpe querida.

  Neste momento ela tentou com toda sua força de vontade me convencer que realmente estava todo bem, de quebra me concedeu um dos seus melhores sorrisos, mas essa vez não ia funcionar, eu sabia a verdade.

  - E o que a gente faz agora? Finge que não aconteceu? Olha só, eu não vou conseguir fazer isso ok?

  - Eu tive uma idéia, mas vai ter que confiar em mim filha, você vai ter que confiar que eu sei o que é melhor pra você - ela estava ansiosa com minha resposta, dava pra notar no seus olhos - Você precisa de ajuda e a não posso ajudar, precisa me entender, não posso te contar tudo agora mas é extremamente necessário que nós fiquemos afastadas por um tempo.

  - O que quer dizer com isso? Eu já disse foi um acidente a culpa não foi minha, por favor não me odeie, não quero ir pra longe de você, eu só tenho você, não me abandona.

  Começo a chorar desesperada.

  - Eu sei querida, sei que não foi sua culpa, você salvou nos duas não se arrependa agora, não esqueça do que ele fez com a gente, eu não vou te abandonar é só que, é o melhor pra você, eu não te odeio filha.

  Ela parecia arrasada, em cima da mesa consegui notar algumas cartas, peguei uma nervosa, li o nome do remetente.

  - Quem diabos é Mirela?

  - Uma amiga querida, receio que vocês duas terão muito tempo para se conhecer. Olha, presta atenção, preciso que você fique segura, vou te mandar para um lugar onde você possa permanecer e aprender a se proteger sozinha.

  Eu não estava entendendo nada daquilo, afinal o que estava acontecendo? que tipo de perigo eu corria? Bom se parar pra pensar...

  "Eu meio que sou uma bomba relógio, mais isso é o de menos" penso com sarcasmo.

  Eu sabia que o que quer que tivesse acontecido aquela noite minha mãe tinha medo que acontecesse de novo.

  - Você quer dizer bom evitar que aquilo...?

  - Sim querida, isso mesmo, só quero ajudá-la, preciso que confie nessa pessoa é uma amiga antiga da minha infância, ela pode te ajudar de uma maneira que não posso.

  Sabia que não poderia pressiona-la muito ela estava ponto de chorar e eu não queria magoa-la.

  Eu e minha mãe nos entendiamos de uma forma diferente do que as outras famílias, sempre atribui isso as coisas que, bom as coisas que passamos, eu sabia sem que assunto tivesse sido tocado do que se tratava,  sabia que isso era uma espécie de prevenção, eu confiava completamente na minha mãe e sabia que ela não queria o meu mal.

  - O que você precisa que eu faça?

Ayne, e a Luz VerdadeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora