-Porque essa chuva não para de cair? - pergunto mal humorada- Achei que eu ia ver um pouco de luz solar antes de ir para Irlanda.
-Não chove tanto assim lá querida- minha mãe estava se esforçando para aparecer feliz hoje já que era nosso último dia juntas- Você se acostuma.
-Quanto tempo vou ter que ficar lá?
-Até você terminar o terceiro ano do Colégio querida, só um ano, eu acho.
-Como assim acha?- digo enquanto coloco as últimas roupas na mala.
-Às vezes você pode querer fazer faculdade por lá quem sabe?Algo me diz que ela está mentindo.
-Ahh, ok...Aliás quando começar a confiar em mim pode dizer a verdade em vez de contar essas mentiras bobas.
Ela sorri e diz:
-Eu confio, está tudo certo aí?
Eu acabei me atrapalhando com as malas, não fazia ideia do que eu iria precisar levar. Afinal eu não fazia ideia de como era lá.
Fiz várias pesquisas na internet sobre a Irlanda, Cork (a cidade onde a tal Mirela mora) e a escola onde vou cursar o meu último ano a Ashton School, mas não consegui obter informações o bastante então...
-O que afinal você está levando aí?- ela perguntou enquanto dava longas gargalhadas- Seu quarto inteiro?
-Me esquece ok?- digo envergonhada- Não sei o que preciso levar mãe.
-Vem cá, eu te ajudo.
Eu adorava ver a minha mãe feliz mas dessa vez suas risadas pareciam falsas, forçadas, mas eu entendia, ela também ia sentir minha falta.
Assim que finalmente terminamos de arrumar as malas chamamos um táxi meu vôo sairia às 5 horas e já era 4 horas da tarde quando táxi chegou.
No caminho até o aeroporto me agarrei a minha mãe enquanto prendi a minha atenção na vista, na cidade que eu estava deixando, até sei lá quando.
Eu passei por muitas coisas em Chicago a maioria ruins, coisas aterrorizantes e traumáticas, mas eu não odiava aquele lugar ainda era lugar feliz para mim.
Um aperto se formou em meu peito, eu sentiria falta de tudo isso, mais me convenço que me afastar um pouco vai me ajudar, ajudar a esquecer principalmente.
Me viro para minha mãe e digo:
-Te amo mãe.
Ela sorri e responde com abraço e um:
-Também te amo querida.
Ela foi comigo até o aeroporto, na porta deste porém a gente ia ter que se separar, ela tinha que trabalhar já que tinha pegado o dia de folga do primeiro emprego, o emprego da manhã, ela não poderia perder o emprego noturno também.
Esqueci de mencionar que minha mãe é uma guerreira, trabalhava em dois empregos para me sustentar na Irlanda, sou muito grata ela.
Mirella disse que isso não era necessário mas minha mãe não permitiu que ela arcasse com as minhas despesas.
Depois de tirar as malas do carro e pagar o taxi ela se voltou para mim:
-Querida me escuta ok? Seja educada com a Mirela, estude bastante e toma cuidado lá, não se esqueça de se proteger...
-Ok mãe, pode deixar.
Ela correu e me abraçou.
-Eu te amo filha, não deixa de me ligar e passar as notícias.
-Também te amo mãe, não se preocupe.
Nos abraçamos mais uma vez e uma única lágrima deslizou no meu rosto quando peguei minhas malas e comecei a subir as escadas.
No último degrau porém me virei e sussurrei um último adeus para ela que levantou a mão e sorriu entre as lágrimas.
Não pude deixar de guardar essa última despedida na memória enquanto entrava no aeroporto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ayne, e a Luz Verdadeira
FantasyEsta será a última vez que contarei está história, será meu último relato, minha última lembrança. Contarei como minhas escolhas abriram uma fenda nos meus conceitos de sociedade, fantasia e magia. Vou lhes contar como me tornei Luz por meio das...