NOITE OU DIA

Capítulo 14

O garçom desceu as escadas às presas, repetindo essas palavras várias vezes... , e elas ecoam na minha cabeça como um martelo. Mas quando vou perguntar quem está aqui e por que tanto nervosismo…, o ambiente a nossa volta fica normal e o cheiro, que agora sei ser de algum tipo de magia, some...

- Catrina, o que você fez comigo, o que está acontecendo aqui, por que você voltou? - Pablo desperta do seu transe com várias perguntas, o que me faz perceber que desta vez,- apesar das revelações deste dia -, não sou mais a única cheia delas...

- Você ficou paralisado um pouco, enquanto eu tinha uma conversa amigável com Lara, a qual você não podia ouvir… - Ela não termina sua explicação e o garçom, que agora leio em seu crachá se chamar Jonathan, volta a falar.

- Tia Catrina, vocês têm que sair daqui logo, eles estão vasculhando o piso superior, mas não vão demorar a achar vocês aqui em baixo. - Neste momento, toda a paz que Catrina tinha em sua face se vai. Ela olha de mim para Pablo e então diz antes que ele pergunte:

- São caçadores Pablo, eles estão seguindo Lara a uma distância deste esta manhã, não me pergunte como eu sei, o que importa é que temos que tirá-la daqui sem que seja vista. - Então ela olha para Jonathan, que agora sei ser seu sobrinho. -Para onde vamos? Você disse que tinha uma saída segura daqui.

O garoto sai na frente em direção a praia sem falar nada, tanto Catrina e Pablo a seguem. Eu me forço a ir junto, estou confusa demais para perguntar o que são caçadores e o que querem comigo neste momento.

Nós caminhamos rápido, e assim nos afastamos ligeiramente da região do restaurante. Ao fundo posso escutar o barulho de algumas mesas sendo jogadas com uma certa força contra algo, vidros se quebrando e gritos de ódio... Mas duas vozes em especial me fazem travar no lugar, com meus pés já cheios de areia se afundando cada vez mais.

Uma escutei durante anos, todos os dias dentro de minha casa, a outra escutei pela primeira vez essa tarde, daquele senhor que pareceu poder ver minha alma, - e que me chamou de prometida.

Enquanto alguém me força a voltar a andar e entrar em uma espécie de túnel, fico com o que escutei martelando nos meus ouvidos.

- Você disse que ela estaria aqui e o maldito vampiro também, estás ficando devagar meu filho. - Essa voz distinta que me causou arrepios.

-Eu a vi entrar junto dele neste restaurante, Sebastian. Então pedi reforços, voc... - Sou trazida de volta aos túneis, quando uma mão forte e fria encosta em meu ombro, me fazendo assim avançar mais rápido.

Mas meus pensamentos teimam em viajar para fora de minha cabeça. Agora sei que o nome daquele senhor é Sebastian, e se eles sabem o que Pablo é, e até mesmo eu, o fato de serem caçadores indica que eles nos caçam. Mas minha mente se pergunta, como o Alexandre?.

- Lara, nós realmente temos que ir mais rápido, eles vão achar essa passagem logo por causa do cheiro de todos nós. - Diz Pablo, que continua a me conduzir pelos túneis.

Mas eu paro, em meu já lento processo de caminhar, e olho nos olhos dele, que agora estão vermelhos e selvagens. Sinto através de seu gélido e firme toque em meu ombro a adrenalina que emana de seu corpo para o meu, mas mesmo assim resolvo perguntar.

- O que eles querem com nós? E porque Alexandre está com eles? - Minha voz sai um tanto mais alta do que eu esperava, mas não me importo.

- Eles querem nossas vidas, de cada um aqui Lara, o que seria um prato cheio se parar para pensar. Uma prometida, que por si só já é rara. Um vampiro de 100 anos com grande poder sobre Dallirium. Um feiticeiro e além de mim, uma bruxa de 300 anos com poderes raros e outros jamais vistos. - A resposta a minha pergunta vem de Catrina, que com ela revela muitas coisas. Mas parece que meu medo estava certo, eles querem nos matar, ou algo do tipo.

- E ao que tudo indica, seu ex marido é um deles, provavelmente filho do lendário Sebastian. Um homem de alma ruim, capaz de todas as atrocidades pelo que acredita. -Então Pablo completa aquilo, que pelo visto Catrina não queria dizer, já que ela o olha com um pouco de raiva.

- Estamos quase chegando ao fim da passagem, do outro lado tem um carro nos esperando. -Jonathan fala cada palavra com uma certa tranquilidade e certeza que realmente tem um carro lá, parece que ele e sua tia já tinha tudo planejado, caso algo desse errado...

Assim que saímos da passagem, um carro, que não me parece estranho, está a nossa espera como prometido. Só não esperava ver Mason atrás do volante.

Assim que o vejo, seguro por uma fração de segundos o seu olhar antes de desviar meu olhar para Catrina, e neles posso ver um pedido de desculpas e algo que me pede para guardar o seu segredo...

Algo que não deveria fazer, já que penso que tanto Mason e Pablo deveriam saber a verdade sobre eles, já que a tensão no ar diz claramente que eles se odeiam.

- Vamos, entrem logo, nós não temos a noite toda e aqueles que os perseguem estão próximos, posso sentir. - Mason diz, já ligando o carro para dar partida. Me sento no banco de trás entre Pablo e Jonathan, assim que Catrina se senta ao lado do filho, que vira o carro em direção a Dallirium.