A GALÁXIA DO SILÊNCIO (completo)

C-02

Uma suave melodia tocava ao longe, doces perfumes me saudaram. Acordei e escutei o som das cascatas que corriam até a banheira de hidromassagem de porcelana verde.

"Água morna no ponto ideal."

Abri os olhos, uma bela jovem me sorriu se aproximando num biquíni rosa.

"Sei que é uma máquina, mas ela cumpre o papel."

A bela jovem se aproximou, sentou na beira da banheira, pescou um dos pés e começou a massagear com um eterno sorriso doce a lhe saudar volta e meia.

Thomas suspirou e começou a analisar o que haviam implantado em sua mente. Mergulhou num mar profundo de teorias e axiomas. Eram teses e sistemas complexos. Era muito, muito mesmo. Um conhecimento sem igual, caro e cobiçado, que agora estava ali ancorado em sua mente em meros dez dias. Séculos de estudos e pesquisas eram definitivamente seus. A moça falou ao mudar de posição e massagear seus ombros:

—O senhor teve 100% de aproveitamento, todas as fases estão rígidas nas sinapses. Recebeu um novo modelo de estabilização mental, esse descarta o horror da dor. E o cérebro socorro precisa apenas do código pra ativar.

—Cebolas fritas no azeite.

Thomas escutou um bip como um leve ranger de ventilador:

—Aqui é NATHAN, conexão perfeita. Saudações Engenheiro Cosmólogo Thomas. Junto ao cérebro socorro existem algumas melhorias. Ele é uma biblioteca. Seu nome é Ton. Hoje se quiser uma boa comparação esta igual a um halutense, porém com mais informações. Boa sorte.

***

Thomas acordou.

A mente demorou a compreender que ainda estava na nave prestes a explodir no centro de uma galáxia nunca pisada por humanos. Via tudo nublado, só ao longe escutava os alarmes. Escutou Ton:

—Assumir comandos manuais.

Via as próprias mãos manipular teclas e alavancas. Homens caídos pra todos os lados. Através de uma névoa densa viu-se a puxar a estaca do peito do epsalense, lhe jogar no chão e ocupar seu lugar para pilotar com o capacete SERT.

As máquinas rugiram como monstros morrendo num abatedouro. Falava sozinho:

—Solução única: ligar propulsor dimetrans. 12% de êxito. Ligando agora.

Thomas viu sua própria mão apertar a tecla negra rodeada por um anel vermelho. E tudo retornou a calma. Robôs entraram na sala e cuidaram dos tripulantes. Nesse instante todos os homens no interior da gigantesca espaçonave recebiam os primeiros cuidados. Thomas sabia que haveria fila de espera. Via seus dedos trabalharem velozes e gosto de sangue veio aos lábios, sentiu algo quente escorrer pelas narinas. Luzes se acendiam verdes. Falava sem poder controlar sua boca:

—Desacoplar conversor linear número dois em vias de explodir. Ação: ejetar imediato.

Surgiram no centro de uma galáxia sem nome. Os mapas não conseguiram encontrar sua posição. Entraram num rápido voo linear. O voo terminou num sol azul e a nave estendeu seus rastreadores. Nenhum sinal de vida, nenhum sinal de rádio ou hiper-rádio num raio de cem anos-luz.

Seu corpo dominado pelo cérebro socorro guiava com calma. Pousou numa lua desabitada de um planeta gigante brilhando com vulcões na superfície na maior velocidade possível. Ligou um escudo defensivo comum e preparou as armas.

—Lua com ar respirável, órbita em equilíbrio com seu planeta, bom para humanos, lugar sem vida animal. Boa noite chefe!

Thomas pensou no meia a névoa: