3.
Para com o carro no estacionamento do prédio, mas continua ali. Pensando.
— Não pode ser ele — ela sussurra, exausta.
Sai do carro e vai até a entrada do prédio. Passa pela portaria, procurando as chaves da porta na bolsa. Assim que escuta o chamado, ela para:
— Emile — a voz de Emerson.
— Ah, já ia me esquecendo — ela finge um sorriso mais uma vez.
Já eram dois sorrisos forçados em um dia. Quase um recorde.
Ele se aproxima e lhe entrega o envelope lacrado. Depois olha para ela e tenta:
— Você...
— Eu...?
— Você está linda.
— Obrigada, Emerson! Agora tenho que ir...
Quando vira-se para ir embora, ele a puxa sutilmente pelo braço.
— Não, não é isso! —sorri, constrangido. — Quero dizer... é isso também, claro. Você está linda... Mas... Oh, meu Deus, estou me atrapalhando todo! Perdoe o nervosismo...
— Diga de uma vez!
— Emile... — Emerson coça a cabeça. — Quer sair comigo hoje à noite?
Ela olha bem no fundo dos olhos azuis. Observa aquela beleza magnética. A pele branca, os cabelos claros, a boca pequena, o rosto sereno de sempre...
Seria bom sair com ele? Seria realmente bom sair, tomar alguma coisa, e depois de um beijo, talvez dois, voltar para casa? Mesmo com aquela confusão sobre Will em sua mente?
— Me desculpe, mas eu não estou animada para sair hoje. Iria estragar sua noite... e não quero isso.
— Ah, está bem — finge não se importar. — Fica pra outro dia, não é? — pisca o olho e sai cabisbaixo.
**
Ela senta na poltrona e rasga com cuidado o envelope. Encontra um bilhete ao invés de uma carta. Quando lê o que está escrito, não consegue impedir as lágrimas.Será que ele está morto mesmo?

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Passado
Misterio / SuspensoHá quatro anos, Emile Dune passou pelo pior momento de sua vida. Um desastre que deixou marcas que nunca serão apagadas. De lá para cá, a jovem reconstruiu sua vida. Permitiu-se deixar o passado um pouco de lado, tentando voltar a viver. Contudo, as...