Ao todo, os confrontos duraram dois dias e feriram 40 traficantes só da FJK, entre eles Ebisu, Aoba e Izumo. Mestre e Kure apenas ganharam arranhões, nada que os fosse matar ou os impedisse de desfilar no fim do mês.
Tartaruga saiu mais uma vez intacto e glorioso de mais um confronto e isso era motivo de comemoração para ele e ela veio na forma de uma salva de tiros dados para o alto.
— FJK, PORRA! - gritou pela Facção e os demais traficantes que atiravam responderam.
— SALVE TARTARUGA! - disseram como se nada mais importante e só as comemorações valessem e assim era naquele momento. A desgraça veio depois.
Saldo de mortos no japonês: 30 traficantes da FJK, 60 rivais, 5 inocentes.
Por mais que o último número fosse o menor, foi ele o mais chorado conforme os corpos iam sendo carregados.
Mais mães choravam a morte de seus filhos levados antes do tempo, mais mulheres choravam a morte de seus companheiros, mais crianças pequenas perguntavam às mães onde estavam os pais.
Mais policiais reviravam os olhos e pediam a Deus para saírem vivos da operação policial que seria realizada no dia seguinte, por conta do clamor popular por mais segurança ali.
Mais políticos estouravam champanhe por terem mais um confronto para jogar na cara do governador recém empossado do estado e também do prefeito para dificultar que o nome indicado por ele vencesse as próximas eleições municipais.
Mais empreiteiras comemoravam as futuras licitações que viriam para blindar as escolas da região, uma vez que o ano letivo já estava prestes a começar.
Mais médicos e enfermeiros dos hospitais da região, lamentavam os poucos recursos para tratar os feridos, principalmente os inocentes.
Pra cada sorriso, um lamento, essa era a vida no japonês, ao seu redor e de quem dependia dele.
Como se não bastasse, um novo problema surgia nas ruas afetadas pelo sangue, pela perda e pelos cortejos que vinham dos enterros.
Era possível ver alguns fios de cabelo loiro sendo arrancados pela desesperada Ino que aparecia chorando pelas ruas do morro, chamando a atenção de todos os vizinhos.
O rosto ainda mais sofrido que todos os dias era alarmante, estando vermelho de tanto choro, que formava pequenos fios contínuos de lágrimas que secavam antes de tocar o chão.
— ME AJUDA, O MEU PAI TÁ MORRENDO, ME AJUDA! - ela clamava pela vida de Inoichi que tinha uma crise nervosa (?) após aquela última madrugada de tiroteios, onde por pouco a bala perdida que adentrou o casebre onde viviam não atingira sua filha.
E ela sabia que isso vinha da preocupação que ele tinha consigo e se sentia culpada e a culpa não era maior que o desespero que a levava a fazer um verdadeiro escândalo.
A correria foi total, Folha e Nabi seguiram para procurar Vô. Tartaruga mandou chamar Preguiça e ordenar que ele trouxesse algum remédio que pudesse conter a crise por enquanto.
Karui, que chegava de seu plantão no hospital, prestava os primeiros socorros.
— Ele tá com a pressão nas alturas, Ino! - indicou e o desespero de Ino aumentou quando lembrou que o pai já havia tomado todos os remédios do dia.
Karui sabia que não era bom que ele tomasse aquele que Preguiça trouxe, mas ou era isso ou deixá-lo morrer sem fazer nada e o desespero de ajudar falou mais alto.
Aos poucos uma multidão se formava na porta do pequeno barraco de alvenaria. Tartaruga adentrou o local rapidamente, já pegando Inoichi nos braços e correndo em direção ao CIEP.
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Guetto
FanfictionMorro do japonês, Rio de Janeiro, no verdade e amarelo Brasil. A cidade maravilhosa manchada de sangue e seus guetos inchados de dor clamam por liberdade, enquanto lidam com a violência em seu estado puro e a esperança de voltar para casa são e salv...