No Grajaú, Mitinha ria adoidada das fotos suas que haviam ido parar na Internet, como havia previsto, e geravam uma grande repercussão.
Até mesmo sua neta havia compartilhado um dos registros, por isso ela ria sutilmente emocionada da legenda de orgulho postada por Tsunade.
Mostrou o celular à Vô, que estreitou os olhos, ajeitando os óculos que estavam na ponta do nariz, tentando ler as miúdas letras na tela, demonstrando que suas vistas já não estavam tão boas quanto sua cabeça.
Desistiu, negando, fazendo a esposa rir, fingindo mágoa com seu deboche, o que Mito ignorou, lendo para ele.
— Ela tá falando que tem orgulho do bom exemplo de casal fofinho de velhos que somos! - explicou e ele morreu de amores, encantado.
— Até parece que somos fofos! - disse antes de estender a ela a garrafa de cerveja preta, da qual ela provou direto do gargalo, arrotando logo em seguida. - É guerra que você quer? - perguntou Hashirama abanando o rosto e ela, provocadora, assentiu.
Sem pensar duas vezes, ele emendou um outro arroto, mais alto que o dela, que bateu palmas, lhe dando os parabéns pela vitória daquele dia. Para um casal de idosos com ar de requinte, eles eram bem saidinhos.
Vô riu, como sempre, sentando ao lado da esposa, entre os livros de biologia onde estava separando o conteúdo que poderia ser usado em alguma brincadeira que tivesse a ver com a matéria, para não ser o professor chato que passava conteúdo no primeiro dia de aula, mas sem fazê-los perder tempo e Mito suspirou encantada, beijando a mão do esposo.
Olhando pelo lado de que ele não ganhava nada mais por aquele esforço em prol de seus netos postiços, talvez fosse aquela atitude que merecesse repercussão nacional, não um simples passeio de casal na praia.
Como pensar nesse tipo de coisa torturava sua mente pensante, não pensou duas vezes antes de tomar o restante da cerveja. Hashirama que pegasse mais se sentisse mais sede.
…
Naquela noite de domingo não havia ensaio, não havia samba, não havia glamour, só havia dor e aflição.
A bandeira da Unidos de Konoha era trocada mais uma vez pelo corpete sensual, assim como as plumas e paetes davam lugar à meia calça que deixava suas pernas mais desejáveis.
O único batuque pavilhão que Ino levaria naquela noite era o do Prazer e, diferente do da escola de samba, esse ela não tinha nenhum orgulho de defender.
Disfarçando todo e qualquer tipo de marcas de olheira ou inchaço, Ino passava maquiagem da forma mais profissional que conseguia, fazendo-a lembrar da época em que deixou de fazer o curso de maquiadora no Senai da região julgando ter tempo – e dinheiro –, pra isso depois.
Ah, se arrependimento matasse! Por suas contas, teria pego o certificado antes do AVC de seu pai e provavelmente teria uma profissão melhor, que não lhe desgastasse tanto e que nem lhe fizesse sentir tão suja.
Infelizmente não podia voltar no tempo, assim como não podia mais perdê-lo naquela verdadeira corrida para salvar seu pai. Respirou fundo, e voltou a se enfeitar, visando ficar o mais atraente possível.
Passou a última camada de rímel, retocou o delineado “olhos de gato” e então o passou sobre a boca coberta por base e pó o batom vermelho, mais forte que de costume, já que o cliente gostava. Cliente…
Tremeu dos pés à cabeça ao lembrar de onde ia naquela noite. A ligação recebida era para avisar Mister Dei, como, nos tempos em que se tratava e vestia como homem, Deidara gostava de ser chamado, havia lhe arrumado um programa de luxo com Danzou e seus amigos.
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Guetto
FanfictionMorro do japonês, Rio de Janeiro, no verdade e amarelo Brasil. A cidade maravilhosa manchada de sangue e seus guetos inchados de dor clamam por liberdade, enquanto lidam com a violência em seu estado puro e a esperança de voltar para casa são e salv...