Apenas diga que não vai embora

Recomeço

Estava pensando em tudo o que passou, em tudo o que foi dito, o que foi feito.

-Já desfez as malas querida?  - a corretora me perguntou.

-Já sim.

-Seu colega de quarto chega amanhã ok? Ele se chama Gustavo.

-Tudo bem, eu vou ficar bem -ela assentiu se despediu e saiu.

"Eu vou ficar bem" eu já venho dizendo isso a muito tempo pra tenta gente, pena que não é tempo o suficiente pra me fazer acreditar, mas ano novo, pais novo, vida nova.

Eu me mudei pra cá ontem, graças a uma grande amiga minha chamanda Bárbara, quando eu disse a ela que queria recomeçar ela me apoiou e entendeu totalmente, afinal ela só chegou na minha vida graças ao recomeço dela.

Depois de tudo o que eu passei, eu tentei seguir, tentei ir em frente. Eu juro que eu tentei, mas não foi possível. A dor era demais pra mim, ver a dor nos olhos do Guilherme sempre que ele me olhava era dilacerante, tudo lá me lembrava ele, tudo tinha a ver com ele.
Eu só precisei admitir pra mim que não ia dar,  em seguida admitir pra minha amiga que não estava dando, pra ter uma chance de recomeçar. 

Ela ligou pra mãe dela, que é dona de uma empresa aqui em Amsterdã e ela me conseguiu uma vaga em uma grande faculdade, e me ajudou a alugar essa casa.

Sobre a minha fonte de renda? Meu primo me obrigou a aceitar uma mesada pelo menos até eu terminar, já que como eu me formei no Rio, aqui é só uma especialização, e ele também está pagando meu curso.

Fui tirada de meus pensamentos quando, ouvi a porta do meu quarto ser aberta, levei uma baita susto.

-Jesus Cristo -falei com a mão no peito.

-Assustada baby? -falou uma voz rouca e linda, mas não tão linda quanto o dono dela, era um garoto dos cabelo escuros em um topete baixo, com o corpo levemente malhado, e um sorriso canalha -Esta babando um pouco.

-Quem é você?

-Espera você invadiu o meu apartamento, então eu pergunto: quem é você?

-Sou Pollyana. A nova vizinha de quarto. Você é o...

-Gustavo, o vizinho gostoso. Tá afim de uma festa?  -ele me interrompeu e logo perguntou.

-Eu passo a festa, mas obrigada pelo convite. -ele se jogou na minha cama deitando em cima dos braços.

-Qual é Pollyana, seria um pecado a mais nova gata da faculdade não aparecer.

-Estou indisposta.

-Então eu vou ficar aqui com você, da onde você é?  Pra eu poder pedir comida, eu reparei no seu sotaque.

-Sou brasileira, e eu como qualquer coisa, mas você não precisa ficar aqui por mim pode ir curtir a sua festa -falei voltando a guardar as minhas coisas, fazendo o possível pra não secar ainda mais o garoto.

-Minha mãe também era brasileira, vou pedir pizza.

-Sério você pode ir curtir a sua festa.

-Eu prefiro te conhecer, vai que você é uma serial killer. -eu sorri da idéia dele

-Eu uma serial killer ? Eu sou de boa.

-A gente podia conversar só em português aqui em casa o que acha? Assim eu treino o meu português.

-Por mim pode ser.

-Agora seja uma bela garota e vem deitar comigo.

-Já se perguntou se eu sou comprometida.