Eu o amo, e por isso dói tanto deixar ele

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Estou no aeroporto, esperando a chamada do meu vôo , eu falei com a minha amiga a caminho daqui, o Brian até tentou me parar, disse pra eu pensar, mas eu não quero pensar, porque se eu pensar eu vou chorar.

Recebi uma chamada do Guilherme.

-Fala aí rata.

-Fala aí trouxa -brinquei de volta.

-Já sabe de alguma coisa da viagem?

-Foi difícil arranjar uma vaga, mas consegui, ainda é madrugada por aqui, são doze horas de Amsterdã pra São Paulo, mais 50 minutos de São Paulo para o Rio. Aqui são 3 da madrugada, e embarco as 4hrs. Vou chegar em casa cerca de 17hrs.

-Beleza, vou te buscar no aeroporto.

-Okay.

-Pollyana- ele usou a voz séria - Tá tudo bem?

-Vai ficar quando eu chegar aí.

-Sabe que só precisa me dar o nome de quem eu tenho matar.

-Nada de matanças esse mês.

-. Tenho uma surpresa pra quando chegar.

-Espero que seja de comer- ouvi ele rir na ligação -Tchau Gui

-Tchau Polli.

Desliguei e sorri, esse Guilherme está tão diferente depois dos meninos .

Quando olhei pra frente eu vi o Gustavo, ele não estava em casa quando eu sai . O meu coração palpitou dentro do peito ao ver ele, acho que parte de mim esperou muito que ele viesse até mim como nos filmes.

-Hey! - ele disse com mãos nos bolsos, ombros caídos e expressão cansada.

-Hey!

-Er... Me desculpe.

-Sim

-Eu fui um idiota!

-Sim.

-Você só vai dizer isso?

-Sim, o que quer que eu diga ?

-Me xingue. Me bata. Só não me olha com esse olhar.

-Que olhar?

-Esse olhar desapontado, e decepcionado. Esse olhar de quem foi ferida.

-É apenas como eu posso te olhar agora.

-Pollyana.

-Não...

-Não? -me olhou confuso .

-Não! Não me venha com essas desculpas, não me venha com esse olhar de cachorro que caiu da mudança. Porque eu vou te desculpar, mas agora eu só quero ver minha família .

-Não vai... Quer dizer, não vai embora. Só me diz que não é um adeus, me diz que você volta. Só me diga que não vai embora de vez.

Anunciaram o meu vôo.

-Tchau Gustavo.

Eu fui saindo, ele pegou o meu braço, me puxou de volta, ficamos frente a frente. Olho a olho, sentia o seu cheiro, sentia as suas Desculpas, mas ainda sentia a dor das palavras. Me soltei dele, peguei minha mala e fui, ouvia ele gritar meu nome mas não me virei. E embarquei.

Dentro do avião, enquanto subia eu via as casa ficando menores, tão pequenas quanto o meu coração, e foi aí que eu percebi, eu o amo, e por isso dói tanto deixar ele. E eu não admiti que o amava e o beijei por medo, medo de deixar o P7 de lado, medo de me machucar de novo.

Acabei adormecendo no meio do caminho enquanto assistia "Como eu era antes de você" eu sempre me perco em lágrimas nesse filme. Acordei com a aeromoça me chamando.

Desci e entrei em outro vôo para o Rio, quando desembarquei pela segunda vez, estava a caminho da saída quando eu vi a pequena garota loura com uma placa de " Bem - vinda tia Polli" me esperando junto com o GL.

Corri até ela e ela veio e nos encontramos, o perfume doce e infantil dela, aquele cheiro de lar, de segurança. Abracei a Dandara forte.

-Que saudade!

-Eu também estava princesa -respondo Feliz por falar o meu idioma -Você cortou os cabelos, esta linda!

Passei a mão nos fios bem dourados abaixo dos ombros, que antes beiravam a bunda.

-Fala minha pirralha -o meu primo me girou no ar com um abraço - Tá ainda mais feia que antes só por Deus.

-Cala a boca -bati no braço dele.

-Oi meu eu mulher -ouvi uma voz tão familiar, e ao mesmo tempo tão distante, voz essa que eu não ouço a 5 anos. Ainda em choque eu me virei.

Eu vi ele de jeans, camisa gola V um sorriso sacana no rosto, de barba e mais velho do que eu me lembrava. Mais ainda era ele, ainda era o meu gêmeo, ainda tinha os meus traços.

-Não vai me dar um abraço?

Corri e o abracei, e eu chorei, por alívio, por saudade, por felicidade.

-Ah Deus, Pedro! Nossa. Ah Deus. -falei em transe abraçando ele -Por onde andou?

-É uma longa história, me perdoe? Eu devia estar aqui pra você.

-Isso é assunto pra falar em casa, vamos cambada.

Fomos todos pra casa onde eu cresci.

Cheguei e encontramos a casa vazia. Já estranhei, lá nunca está vazio .

-Os meninos tem pediatra hoje, mais tarde vai estar todo aqui, eles tinham que te dar privacidade. -explicou GL

-Tia você quer sorvete ? -eu respondi com a cabeça pra Dandara -Eu vou comprar com o papai.

-Bárbara ensinou ela a ser sutil. -disse o GL bem humorado.

-E ela aprende rápido.- concordou Pedro

-É uma ótima desculpa pra conseguir sorvete -falei porque conheço a peça.

Eles saíram me deixando com o Pedro.

-Você está linda, e com cara de curiosa. Eu vou explicar tudo.

-Estou ouvindo - me sentei pra ouvir .

-Eu me fui quando percebi que não me controlava mais com as drogas, eu não queria que meu vício te fizesse mal. Depois de um ano perdido nessa vida, eu encontrei alguém, uma amiga, ela me ajudou a me reerguer e a gente se aproximou. E estamos juntos até hoje.

-Você nunca voltou -comentei triste.

-Eu senti vergonha, não sabia como olhar pra todos vocês. No segundo ano eu me juntei com essa amiga, Eliza, no terceiro ano tivemos um filho, Richard, ele tem dois anos hoje. Voce vai adorar ele.

-Aposto que sim.

-Eu não soube do P7, o GL me achou tem alguns dias, se eu soubesse teria vindo correndo, me perdoe, me perdoe eu quis estar aqui com você.

-Mas você está aqui agora, é o que importa.

-E eu não vou mais a lugar nenhum, eu não voltei antes em partes porque sabia que você seria bem cuidada por ele.

- E eu fui.

-Mas me diz como você está agora ?

-Eu me formei...

Continuamos a por 5 anos em dia e rindo, era ótimo ter meu irmão mais velho ao meu lado, é seguro, é tudo o que eu sempre quis.

-...E então eu não sei se posso amar ele, isso sem trair o P7 -continuei.

-Você tem que ser feliz Pollyana, você jamais vai esquecer ou trair ele, mas a vida tem que seguir, não é errado amar de novo.

-Acho que você tem razão.

-Eu sempre tenho pirralha!

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Olá humano, tudo bom?💙
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