Capitulo dois - Vadia

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'...o que ela tinha de bonita,
Ela tinha intensa e acima de tudo,
Ela tinha de vadia.'
- James

Loraine se encontrava deitada sobre a sua cama, com as pernas preguiçosamente para cima, enquanto falava empolgada sobre algum cliente que Serena não prestou a mínima atenção.

Ela estava com os olhos fixos no seu pescoço um pouco inclinado para o lado, dando a ela e perfeita visualização do quanto ela havia passado dos limites há uma semana. A marca, um pouco vermelha, estava apagando, assim como todos os vestígios daquele homem em seu corpo, o que a fizeram suspirar cansada, voltando o seu olhar para a sua amiga por entre o espelho. Loraine era do tipo vulgar. Seus longos cabelos vermelhos, em contraste com a pele alva demais, a tornava diferente do que os homens londrinos estavam acostumados; as vestes coladas ao corpo, que mostrava mais do que escondia, o decote bem acentuado, os vícios de linguagens e tudo o mais sempre as diferenciava de maneira na qual Serena nunca saberia explicar. Ambas tinham ido na mesma época para a Europa e diferentemente de Serena Brasileira, Loraine era Argentina. Logo se tornaram amigas, num mundo onde a falsidade e a sede pelo poder era algo na qual elas jamais estavam preparadas.

Loraine era experiente, já havia trabalhado como dançarina em algumas boates na Argentina e por isso tinha tudo para ser a top do James coisa na qual nunca aconteceria. Ela gostava do que fazia, transava com caras por dinheiro e se sentia muito bem por isso. Na Argentina havia deixado um filho pequeno e sequer se importava com ele, o mesmo se aplicando a tudo o que se dizia relacionado a qualquer outra coisa que não fosse ela ou o James, por quem Loraine nutria uma paíxão doentia.

Por muitas vezes, elas haviam brigado, Serena nunca havia entendido o porquê da maioria das garotas se mostrarem apaixonadas por ele e, na verdade, ela achava fácil de entender o porquê de nenhuma delas serem a escolhida por ele. Tudo que vinha fácil, também ia embora fácil. Apesar de ser uma prostituta com todas as letras que essa palavra baixa significava, ela era diferente. As meninas sempre gostaram de curtir a vida loucamente, saiam para a balada, curtiam os homens sem cobrar nada e enchiam a cara a noite toda, mas ela não.

Sorriu ao lembrar-se da primeira vez em que, relutante, aceitou sair com o James - como bons amigos, claro. Ele era um cara e tanto. Lindo por fora e com um coração imenso por dentro, apesar de ser um inglês debochado e esnobe. Já havia visto meninas sairem no tapa porque foi na cama da outra que ele apareceu; mesmo jurando fidelidade para algumas, ele não conseguia ser diferente com nenhuma delas apenas por saber que nenhuma delas tinham o que ele mais queria e o que ele mais queria era o que ela tinha.

A primeira regra para quem realmente gostaria de ser prostituta, para Serena, era: Nunca se deixe envolver por qualquer coisa que fosse. Nenhum amigo, nenhuma conversinha ao pé do ouvido com promessas tolas que não passariam de mentiras ao final da noite; nunca se deixar abalar pela morte de alguma colega de profissão, nem que a colega em questão seja a única que ela gostaria de chamar de amiga. Frieza era o que o movia Serena durante todos aqueles anos em que ela havia passado em Londres e era o que a fazia ter forças para acordar dia a pós dia num lugar tão diferente do qual ela foi criada.

- Sereninha você acha que se eu fosse como você, o James olharia para mim? – Escutou Loraine exclamar, fazendo a garota erguer uma sobrancelha para ela, ao balançar a cabeça negativamente, sem realmente acreditar no que ela estava dizendo. – Quer dizer, você é toda posuda, chique, importante... Se eu fosse assim, ele ficaria comigo? – Voltou a perguntar chorosa, fazendo Serena levantar do pequeno puff em frente a penteadeira e sentar ao lado da amiga na cama.

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