Cap 7

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Uma visão do passado:.

Cada pessoa é como um semeador e as outras pessoas que entram em sua vida, são como sementes. Ao passo que semeia, algumas delas caiem à beira da estrada e são pisadas, e as aves do céu as comem.
Algumas caiem sobre a rocha e, depois de brotar, secam, porque não tinham umidade.
Outras caiem entre os espinhos, e os espinhos que cresceram com elas as sufocam.
Outras caiem em solo bom e, depois de brotar, produzem fruto cem vezes mais.

Paulo Gustavo é uma dessas sementes que caíram em solo bom. O homem que me encanta cada dia mais. O dono dos olhos verdes hipnotizantes, que me faz sorrir sem nem perceber. O homem que me faz rir quando tô mal, ou não. O seu jeito de caminhar, o jeito de usar a camisa pra fora das calças, o jeito de suspirar no final das frases. O jeito de beijar. O jeito de sorrir.

Sem dúvida, o homem que me faz a pessoa mais feliz no mundo.

Gostar ou amar de alguém é função do coração, mas esquecer, não. É tarefa da nossa cabecinha, que aliás é nossa em termos: tem alguma coisa lá dentro que age por conta própria, sem dar satisfação. Quem dera um esforço de conscientização resolvesse o assunto: não gosto mais dele, não quero mais saber daquele prepotente, desapareça, um, dois e já. Quem dera.

Mas é exatamente disso que a vida é feita, de momentos. Momentos que temos que passar, sendo bons ou ruins, para o nosso próprio aprendizado. Mas sem esquecer que: nada nessa vida é por acaso. Absolutamente nada.
A vida nem sempre segue a nossa vontade, mas ela é perfeita naquilo que tem que ser.

Quando duas pessoas se amam, ambas se ajudam, se curam, se sentem a todo instante, compartilham tudo, não importa o quão longe estejam um do outro. Estarão juntos, sempre e pra sempre... Sem se importar com o que aconteceu, com o que acontece e com o que pode acontecer.

E era isso que eu precisava fazer. Digamos que eu sempre fui muito tranquilo com o que quer que acontecesse, e essa pequena atitude dele em me pedir desculpas, bastou para que eu o perdoasse.

📲 Paulo : Tudo bem, Paulo... Eu te perdoou. Fica tranquilo.

Mordo o lábios suavemente, enquanto olhava para a mensagem mandada. Quando ia justo mandar outra mensagem, escuto uma batida na porta. Desvio meu olhar do celular e bloqueio o mesmo, pondo-o na cama em seguida.

"- Thalim?"

Chamou Bia, com a voz trêmula, prestes a desabar em lágrimas. Me levanto da cama, e a mesma vem até mim e me abraça com toda força. Enquanto fungava e dizia que odiava "aquele garoto". Por breves segundos o ódio me consumiu. Mais um babaca do grupinho idiota de Paulo, certeza.

- Se acalma minha plinxejinha... Vem cá, bebe uma água. Deita aqui comigo. Se acalma e me conta o que houve!

Levo ela até minha cama e pego um pouco de água, em seguida lhe entrego e ela bebe. Se acalmando gradualmente. Fiquei quieto, abraçado a ela, enquanto esperava pelo momento em que ela iria se sentir confortável para desabafar.

"- O Eduardo me pediu em namoro, como você já sabe..."

Ela começa, e eu ergo uma sobrancelha, confuso por não entender a tristeza dela perante isso. Sendo que antes ela estava desesperamente feliz.

"-  Mas hoje, quando te deixei aqui, fui até a casa dele fazer uma surpresa e estava tendo uma festa. E ele estava agarrando várias pessoas (homem e mulher), na maior cara de pau."

Olho pra mesma surpreso, a ouço soluçar e começar a chorar de novo. A abraço mais forte e mexo em seu cabelo. Tentando de algum modo acalmá-la, ou deixar claro que eu estava ao lado dela.

"- E ele disse na minha cara, que só me pediu em namoro para que pudesse me 'comer'... Mas desistiu, porque dei uma de difícil"

Aquilo foi a gota d'agua para mim. Nunca fui de me envolver em brigas, mas magoar minha melhor amiga, ainda mais desse modo, é demais. À vontade que eu tinha era de quebrar a cara dele, amanhã de manhã na escola. O que possivelmente não aconteceria.

- Olha pra mim... nós dois sempre soubermos o quanto aquele grupinho em especial são uns idiotas, e tudo que aconteceu só provou mais ainda. O que nos resta é levantar a cabeça e seguir em frente. Você vai mesmo ficar chorando por macho? Sendo que tem uma fila de homem te querendo?

Sorrio minimamente e ela sorrir também, logo enxugando suas próprias lágrimas.

"- Você tem toda razão. Eu não vou ficar me acabando por ele. Mas sendo sincera, eu vou morrendo sozinha, se eu continuar nessa de só me apaixonar por quem me maltrata. Pronto, tá aí, eu vou ficar sozinha agora, sem ninguém."

Não consigo conter e digo:

- Você ficar sozinha? Meu anjinho... Você joga a água, passa o rodo e ainda o pano. Nem vem com essa!

Gargalhamos e eu seguro na mão dela, levantamos e vamos até a cozinha. Como estava de noite e já tarde, meus pais provavelmente não estariam acordados - assim espero - então não apareceriam para nos encher o saco. Por não quererem "atrapalhar" o suposto namoro, que não é nada real. Minha irmã então, essa que não iria aparecer. Deveria tá na casa do namorado, porque pra variar, era só isso que ela sabia fazer. Meu irmão então, esse que não ia da as caras, principalmente por estar fora do país.

Pegamos doces e outras coisas à mais de comida e vamos para o sofá. Nos sentamos bem juntinhos, e eu ligo a televisão, pondo em um filme de terror, já que naquele momento um romance não seria a melhor opção para Beatriz assistir, e eu também não queria.

[...]

Abro os olhos assustado, com o barulho de algo caindo no chão. E percebo que Beatriz e eu dormimos ali mesmo no sofá. Até que formamos um belo casal (Ironia).

Escutei resmungos que eu julgava ser dos meus pais. Como Bia ainda estava sonolenta, pego a mesma nos braços, para irmos para o meu quarto. Lá deixei que ela fosse tomar banho, e fui buscar a mochila dela com o uniforme. Deixo no quarto pra ela e desço para limpar tudo da sala, mas vejo que já estava limpo.

"- Bom dia filho... Já limpei tudo da sala. Não precisa se preocupar"

Sorrio minimamente e retribuo o bom dia, em um abraço e subo pro andar de cima. Tomo banho no outro banheiro, ambos nos vestimos e tomamos café da manhã. Seguidamente vamos para o colégio, como de costume.

Após alguns minutos, chegamos e Bia diz que vai na diretora, eu aproveito para procurar o grupinho de Paulo. E quando encontro, vejo Dudu com eles, meu sangue ferve nas veias.

Vou até ele e no impulso, lhe seguro pela camisa e lhe dou um murro.

- Isso é pra você aprender a não mexer com a minha amiga! Seu imbecil. Tem vergonha na cara não?!

Grito e ele sorrir cínico. Imaginei que ele fosse devolver aquilo, mas ele apenas diz:

"- Eu só não devolvo isso, porque vou fazer bem pior... Pirralho!"

Ergo uma sobrancelha.

- Veremos!

Digo por fim e saio. Todos os alunos me olhavam, como se eu tivesse ganhado uma maratona. Infelizmente não. Eu apenas tinha dado o estopim para a guerra.

Sensações Where stories live. Discover now