Cap 15

114 14 6
                                    

Thales pov:

Por um longo tempo, eu deixe de escrever. Logo eu todo metido à escritor, fiquei com os dedos calados por não saber o que estava sentindo, ou decidido à fazer do futuro.
Mas agora, nesse espacinho de expressão vou lhes contar um pouco da dor da perda, que me assolou da pior forma possível, durante todos esses anos.

Eu tentei ter raiva de Paulo, tentei xinga-lo, e apagar ele da minha vida. Mas como eu poderia abrir mão do nosso amor sem mais nem menos?, sabendo bem de todo o esforço que fizermos para nos manter firme juntos. Sem contar em todos os nossos planos: Os filhos que a gente tava planejando ter daqui uns anos, a casa na praia que a gente ia comprar depois de casar, as viagens que já estávamos até marcando.

Chorei durante meses depois que ele se foi, eu me culpava e o culpava, e culpava o resto do mundo, como se o universo inteiro pudesse estar conspirando para fazer a gente dar errado. Na minha cabeça tinha de haver alguma razão para as coisas terem saído do eixo, afinal como que pode um amor acabar assim? Do nada.

Eu queria achar uma explicação, qualquer uma que tornasse mais fácil suportar tudo aquilo, mas nada fazia sentido.

O nosso afastamento doeu, doeu muito, mais do que eu pretendia que doesse. Tinha horas que eu queria arrancar meu coração só pra ver se melhorava um pouco, mas ele continuava lá doendo, latejando, e me fazendo lembrar o tempo todo que talvez nunca mais pudéssemos estar juntos novamente.

Por muito tempo eu brinquei de ignorar tudo que houve em meu passado, com o meu trabalho como dermatologista, festas, viagens, estudos, amigos, ficantes. Nesses momentos de curtiçao era como se nunca tivesse havido um buraco em peito, eu não estava curado eu sabia, pois só quem poderia curar já não deveria mais querer saber de mim.

"- Thalim!"

Bia já chega gritando, me fazendo largar a caneta e guardar minha agenda, onde eu antes escrevia. Levanto e vou até a porta, e assim que abro a porta, vejo ela de roupa de academia e com o cabelo preso em um rabo de cavalo.

"- Bora? Vim só te buscar, porque tu nem se tocou de pôr o celular pra carregar hoje!"

Desvio o olhar do seu e dou risada. Vou até o celular e ponho ele no carregador.

- Tudo bem, me espera que eu vou só tomar banho, me trocar e a gente vai, certo?

Ela assente e eu sorrio, vou na direção do banheiro, tomo banho, e faço uma rápida limpeza na pele. Troco de roupa, seco o cabelo com a toalha mesmo e deixo desarrumado, ponho desodorante e pego meu celular.

Desço as escadas, pego minha garrafa e assim saímos, indo caminhando para a academia. Vamos o caminho todo conversando sobre as coisas mais paralelas, até chegar. Nos alongamos e começamos a malhar.

"- Eu tô morrendo..."

Bia faz drama e eu nego com a cabeça, dando um chutinho de leve no seu bumbum, já que a mesma se encontrava deitada no chão, para ajudar na sua dramatização.

"- A gorda precisa descansar..."

- Precisa nada, você sabe que isso é apenas o aquecimento!

Pego minha garrafinha e viro um pouco da água no rosto da mesma, fazendo-a soltar um gritinho de raiva.

- Anda, quinze minutos na esteira não vão te matar.

"- Se eu correr na esteira por quinze minutos vou poder comer alguma coisa depois?"

- Uma maçã? Com certeza!

Sorrio e a mesma resmunga, pelo que ela tinha me dito não havia comido nada gostoso no café da manhã e eu sabia que ela estava louca para comer seus bacons e omeletes de toda manhã.

Ficamos malhando por mais ou menos uma hora, até que decidimos ir embora. Mas antes eu fui ao banheiro, e ao voltar, me deparei com Paulo adentrando na academia.

Senti todo o meu estômago revirar, eram tantas borboletas, um nervosismo, um medo, era uma mistura de sensações tão incríveis.

Mas quando vi que ele estava acompanhado de um homem, que beijou seu lábios e foi na direção do balcão da academia, me escondi ali mesmo e assim que tive a chance, sai sem deixar que ele pudesse me ver.

Como você é bobo Thales, achou mesmo que ele não estaria em outra? Ou ficaria com culpa de estar com alguém, assim como você fica? Quanta ingenuidade.

Saio dali com Bia e vamos até uma lanchobar, o qual vendia lanches e algumas bebidas também. Compramos o que queríamos e fomos andar pela praia.

Sensações Where stories live. Discover now