Uma jornada tão comum para uns
E tão distante para outros
Um caminho escuro, Passos apressados
Chaves entre os dedos e dureza nos olhosEntre as luzes está o perigo
Mesmo que o temido possa ter luz ou escuridão
Cada barulho parece um rugido
A cada sombra salta o coraçãoA cada esquina teme o que pode encontrar
A cada movimento teme o que possa acontecer
A pele soa frio, e só espera que possa acabar
Espera que o céu nunca viesse a escurecerÉ quando então, vê uma silhueta
É aí que o estômago realmente gela
O medo se mostra na espinha
E o rosto por completo se amarelaOlha para sí, confere a roupa
Olha para trás procurando mais alguém
Abaixa a saia, fecha a blusa
Quer até gritar mas não lhe convémFica firme, mantém a postura
As sobrancelhas enrugadas
A feição fechada
E mesmo querendo correr, mantém o passo e continua a estradaQuanto mais perto mais sente
O medo, o frio, o olhar
Implorando que passe reto, que não comente
Ou que, no pior, lhe tire apenas o celularO alívio finalmente vem
Quando enfim ele passou
O coração finalmente se acalma
Quando em seu destino ela vê que chegouAinda receosa, abre o portão
Olha para os lados e corre para dentro
Finalmente segura, fora de perigo
Até que ela o repita em outro momentoPara alguns, um caminho normal
Um apenas sai e vai para onde quiser
Outra, teme que seja ela no próximo jornal
Teme pelo simples fato de ser mulher
VOCÊ ESTÁ LENDO
Escrito Para Não Gritar
PoetryQuando foi insuportável viver, peguei uma caneta e comecei a escrever.