Capítulo 8

23 1 0
                                    

"Se quiserem sair, terão que ser acompanhados pelo seu respectivo policial à paisana."

Era o que a mensagem dizia no celular que a polícia tinha dado á eles. O que foi melhor do que a mensagem que Isaac mandara a ela depois do primeiro dia de aula, pedindo desculpas pela noite passada, dizendo que as coisas iam mudar e que ele iria começar a dormir no sofá. O que realmente aconteceu. Tudo mudou. Isaac e Maia não conversavam mais do que era necessário, ele a ignorava e sempre voltava tarde para casa.
Maia não estava muito afim de ficar sozinha em casa, então foi procurar o "seu policial" para que pelo menos fossem tomar algo com alguém que era permitido.

Outra mensagem informou que o policial Andrews era responsável por Isaac, já o policial Monteiro era por Maia. Junto com a mensagem veio o contato dos dois policiais. Maia mandou mensagem para o policial e pediu para que ele a encontrasse no café aonde Trevor trabalhava pois era o único lugar que conhecia.
Quando entrou no local, viu o policial com uma camiseta preta, calças jeans justas, o porte físico forte e o cabelo um pouco desajeitado, tomando um milkshake. Aquela cena a lembrou de Trevor antes de toda a confusão do incêndio, que a convidou através de um bilhete para tomar um milkshake e comer uns sanduíches. Tinha sido tão simples mas tão maravilhoso. Trevor era o tipo de pessoa que com a maior simplicidade possível, poderia conquistar o mundo. Ele sabia fazer muito com o pouco. Sabia fazer o coração de Maia disparar com um único sorriso, como já tinha feito várias vezes.

Tentando esquecer toda a sensação de agonia, Maia ergueu a cabeça e andou até a mesa. Se sentou, pediu um milkshake também e ficou olhando para um ponto fixo, pensando.
O silêncio, para ela, estava muito desconfortável. Pois só queria esquecer tudo sobre Trevor, Isaac e o incêndio.

- Então, policial Monteiro. Me desculpa, mas não sou boa pra puxar assunto.

- Você não precisa puxar assunto. A minha obrigação é protegê-la. Estou aqui pra isso. - Sua resposta foi rápida enquanto ele a encarava. Logo sua atenção voltou para o milkshake.
Grosso.

- Okay. Então me ajude com a minha cabeça, porque daqui a pouco, juro que vou pirar. - Seu tom de voz havia subido um pouco mais do que o necessário. Mas toda a situação a deixava maluca. Nada estava conforme o planejado, porém, isso mal importava agora. Era como se as suas prioridades estivessem sido substituídas por outras que pareciam loucura para a Maia de três meses atrás.

- Ser o responsável por sua proteção, não significa que somos amigos. Sou seu policial, não seu psicólogo.

Tudo que a ruiva fez foi rir de desgosto.

- Ninguém acreditaria nisso se eu contasse. - Ela murmurou e ficaram em silêncio até o milkshake chegar. Maia bebericou enquanto lembranças das últimas semanas passavam na sua cabeça como um filme interminável.

- Porque você simplesmente não desabafa com suas amigas?

- A única que eu tenho, não posso contar, então, infelizmente, você é a única pessoa que me resta pra poder falar dos meus problemas.

- E aquele cara que divide o quarto com você?

- Não posso falar sobre o problema com o problema, não acha? - Assim que a ruiva terminou, o policial se calou.
Maia olhou para fora, vendo as pessoas apressadas, correndo, andando, mexendo nos celulares.
O céu estava lindo. Tons de amarelo e laranja o cobriam como se um pintor estivesse usando as cores mais belas que ele havia encontrado.
Aquela imagem poderia ser uma fotografia perfeita se a sua câmera não tivesse sido queimada.

- Por acaso ele te forçou á algo? - O policial a olhou de relance mas viu a cara que ela fez e se calou novamente.

- Ah meu Deus. Minha vida é uma loucura. Você, literalmente, era a minha única esperança. - Começou a choramingar.

Sobre SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora