C A P Í T U L O 1

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Welch, West-Virgínia

(Dias atuais)



  A brisa tipicamente fria de Wes Virginia me acordou naquela manhã. Não inesperadamente, o tempo nublado fazia presença em mais um dia da pequena cidade Welch. Levantei-me rapidamente e vesti a roupa que havia separado na noite anterior, logo eu desço para o café da manhã.

Minha mãe está na cozinha, o que não era uma situação muito comum. Pois ela é pediatra no hospital que se localiza em Princeton-Nova Jersey, que tem uma aproximada distância de 864,5 km e de carro é mais ou menos 8 h e 50 min de viagem daqui até lá. Mas para mim é muito estranho a minha mãe trabalhar fora da cidade, porque em Welch havia um hospital onde ela poderia trabalhar perfeitamente. Assim, não tomaria todo o seu tempo, e eu poderia ver a minha mãe todos os dias, não apenas dois dias por semana. Mas, o motivo pelo qual a minha amada mãe escolheu trabalhar fora da cidade, está bem fora dos limites pra mim e junto com o motivo de não querer me ver todos os dias.

— Bom dia, minha querida. — disse ela ao me ver sentar a pequena mesa. — Dormiu bem?

— Bom dia mãe, dormi bem sim.

Eu minto pra ela, porque tem vários dias que eu estou tendo pesadelos e acordando no meio da madrugada pingando de suor. É sempre o mesmo sonho: eu estou no século passado, década setenta e eu vejo uma mulher bem bonita brincando comigo. Um homem chega e beija a mulher, ele me pega no colo e fala que me ama. Depois, apenas fragmentos como lutas, facas e asas, enormes asas de aço. Surgem em meus sonhos e eu acordo assustada. Mas, isso tudo não atrapalha a surpresa que é ver a minha mãe aqui em casa.

— Que bom ver a senhora aqui em casa! — Digo a ela com um tom de surpresa.

Minha mãe não me responde imediatamente. Ela enche sua xícara de café e a leva até a sua boca. Como sempre ela fecha os olhos, procurando as palavras certas para me responder. Respirando fundo, ela finalmente me responde:

— Meu bem escuta, eu sei que não tenho passado muito tempo com você, mas tenta entender Laia, o hospital precisa de mim.

Mordo o meu lábio inferior para conter o grito com a seguinte frase: "E a sua filha está precisando de você"! Mas eu me contive, engulo o bolo de lágrimas que se formava em minha garganta e eu olho para minha mãe refletindo mais uma vez em nossas diferenças físicas.

Minha mãe quando jovem era bastante bonita. Com seus grandes olhos verdes vivos e o cabelo perfeitamente loiro, chamava a atenção de todos os homens e mulheres a sua volta e claro chamou bastante atenção do meu falecido pai. Mas, hoje em dia, ela anda bastante apagada e toda a sua beleza está escondida atrás das suas profundas olheiras... E todos os meus traços físicos segundo a minha mãe eu puxei do meu pai. Com o cabelo castanho escuro e os olhos castanhos claros esverdeados, a pele branca em tom meio amarelado e os lábios pequenos. São essas as características que descrevem como o meu pai era. Eu tenho apenas uma coisinha que eu puxei da minha querida mãe, que é a minha altura. Eu tenho 1.60 e adivinha qual é a altura da minha mãe? 1.60.

Eu me lembro dos meus sete anos, quando minha mãe me colocava para dormir e contava lendas urbanas sobre alcateias de lobos que viviam nas montanhas com duas personalidades, uma hora eles trabalhavam em grupos, e outra eles se revoltavam é seguiam seus próprios caminhos. Ela dizia pra mim, que os meus olhos irão responder a cada sentimento meu e me guiarão para o meu verdadeiro destino... Minha mãe me contava a mesma lenda todas as noites e só parou de contar essa lenda depois que eu completei 11 anos. Isso para mim é uma completa bobagem. Agora se ela acredita nisso, eu não posso fazer nada. Mas nesse exato momento, os meus olhos estão respondendo ao meu sentimento, que é Raiva! Respiro fundo para me acalmar é respondo ela calmamente:

A Garota Das Sombras.Onde histórias criam vida. Descubra agora