Capítulo VII: Naomi

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Alícia trabalhou aquele dia olhando para mimcomo se eu fosse culpado por algum crime. A presença de uma outra mulher, tão bela quanto Alícia a assustou demasiadamente. Contudo, no início, tudo foi natural, e não parecia que aquilo se tornaria um problema.

Para que se entenda o que Naomi fazia em Casablanca, é necessário entender a dinâmica da empresa. A Lawrence Diamonds tinha como patrono o meu pai, Andrey, e tinha eu como presidente de todas as filiais.

Alícia era diretora-geral da filial em Casablanca e Melanie, juntamente com o esposo Iran, cuidavam dos negócios em São Paulo. Tínhamos outros representantes em outras cidades, como um primo no Rio de Janeiro, meu pai Andrey em Nova York, minha mãe em Los Angeles.

Meu pai queria entregar Paris nas mãos de Melanie e deixar Erick em São Paulo, mas meu irmão ainda não havia tomado gosto para os negócios. Era um completo imprestável.

A ideia que tínhamos era deixar a Lawrence cada vez mais em família. Para isso, seria discutido nos dias seguintes a promoção do meu amigo David para São Paulo e assim Melanie partiria para Paris com o esposo. As demais cidades onde existia a marca Lawrence eram Brasília, Buenos Aires, Barcelona, Moscou, entre outras.

O papel de Naomi seria bastante relevante. Ela seria responsável por facilitar a instauração da Lawrence em Milão, no Quadrilátero da Moda. Estávamos demasiadamente empolgados por tal feito para a marca. Ela seria fundamental para apresentar aos italianos a oportunidade de investir na marca

No início, os meus interesses para com Naomi eram estritamente profissionais. Logo que foi anunciada como nossa nova sócia, ela teve que viajar a São Paulo à negócios da Vestito Rosso. Tivemos então, pouco, aliás, pouquíssimo contato.

Como de costume, Alícia não perdia uma única oportunidade em curtir cada momento com sua família e amigos. Sempre fazíamos festas, almoços, celebrações. Qualquer simples ocasião, era para Alícia um motivo para ser comemorado. Quando soube que Naomi estava voltando para Casablanca, tratou de marcar o jantar prometido.

Mas as festas de Alícia não eram simples. Minha esposa também tinha o seu lado fútil. Ela adorava exibir as joias que possuía, a casa que morava, e o marido que lhe pertencia. Apesar de Alícia estar desconfiando de Naomi, ela tinha uma extrema confiança em mim. Ela até temia a aproximação de uma mulher tão bela e sedutora, mas sentia segurança no esposo que tinha.

No dia do jantar, Alícia designou aos empregados que tratassem Naomi como se Elizabeth II estivesse chegando em nossa mansão. A patrona da Vestito Rosso deveria ter uma ótima recepção e assim foi. Alícia denominou nosso jantar como um encontro de amigos da Lawrence. Assim, convidou algumas personalidades de Casablanca, principalmente porque queria mostrar as joias de diamante negro recém-fabricadas.

Era um jantar íntimo, para os associados da Lawrence e personalidades da cidade. Às 8 em ponto da noite, horário marcado, Naomi chega à nossa casa, deslumbrante. Naomi portava as cores de sua grife. Seu vestido vermelho sinuosamente demarcando as curvas de seu corpo, os cabelos ondulados e escurecidos eram um fascínio. Ela entrou e logo pôs um profundo olhar a cada um dos presentes.

Alícia a recebeu e logo Naomi teve os cumprimentos do alto escalão da Lawrence. Eu fiquei de longe a observar, juro que um lado meu não queria contato com ela, mas a ocasião era inevitável. Foi aí que, depois de algum tempo, Naomi se saiu dos demais e veio ao meu encontro.

─ Boa noite sr. Lawrence.

─ Boa noite madame Vecchiato. Vejo que és uma excelente aluna das aulas de português.

Naomi riu e respondeu:

─ Estou a me adaptar a todo sr. Lawrence.

─ Por favor. Me chame de Beni. Aqui somos Beni e Naomi.

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