Capítulo V: Alícia

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Alícia era minha coluna, meu braço forte. Uma mulher frágil, mas que se mostrava demasiadamente guerreira quando tinha que assumir as responsabilidades da família. Há seis anos estávamos casados e nos três primeiros anos nós vivemos um período conturbado. A minha família vivia um sistema monárquico, ou seja, era uma família contemporânea, mas parecia que ainda vivia nos primórdios do século XVIII. Éramos bastante cobrados pela falta de um herdeiro que pudesse controlar os negócios do futuro.

Entretanto, parecia que ter filhos não era algo para Beni Lawrence. Eu imaginava todos os dias como era ser pai e no início não conseguíamos entender o motivo pelo qual não gerávamos a continuidade do sangue Lawrence. Confesso que nos três primeiros anos, teimávamos em ir ao médico. Eu não conseguia admitir que algum de nós era estéril, mas não havia outra explicação para que aquilo acontecesse.

Certa vez, tomamos coragem e, através de um diagnóstico foi possível constatar que Alícia era infrutífera. Ela não podia me dar nenhum herdeiro. Lembro bem que naquela época eu sofria demasiadamente, pois não via mais esperanças em ter um filho com o grande amor da minha vida. Por vezes eu a via mergulhada na dor de não saber se um dia poderia ser mãe e isso me machucava bastante.

Por mais que Alícia quisesse, ela não conseguia controlar aquele sentimento e as vezes ficava deprimida. A nossa casa era uma mansão, com uma arquitetura digna de um palácio imperial, mas aquela beleza contribuía para um imenso vazio. Já encontrei Alícia várias vezes sentada na escadaria, chorando e se sentindo sozinha. A falta de um filho consumia-nos severamente.

Com o passar do tempo, passamos a nos acostumar com a ideia de que não teríamos um filho, mas a ausência, vez ou outra surgia. Naquela noite, após o baile de máscaras, Alícia parecia ter esquecido toda dor que passamos ao longo daqueles seis anos. Diante da estressante discussão que tive com meus pais, Alícia convidou-me para dormir no último andar, um quarto que parecia um mirante. De lá podíamos ver melhor as estrelas, a lua e principalmente as mansões de Casablanca.

Quando ela me convidou, sorri e indaguei:

— Aquela espelunca deve estar uma bagunça. Há dias alguém não dorme lá.

Alícia, acariciando meus lábios, respondeu um "pouco animada".

— Que bagunça pode ser maior que a nossa? Vamos tran...

— Shiu! Amor, acho que você exagerou no vinho.

— Vinho? É, eu bebi! Mas eu não tô bêbada. – disse isso tropeçando e caindo em cima de mim.

— Meu amor! Calma! – Respondi, rindo intensamente.

Levantando um pouco o seu vestido, Alícia apoiou suas mãos em meus ombros, tirou o salto e o jogou. Em seguida, pôs minhas mãos em sua bunda e me fez olhar nos seus lindos olhos. Naquele dia, fez o convite de sexo mais lindo e engraçado que alguém poderia fazer.

— Beni Lawrence! Eu quero te amar hoje como nunca o amei antes. Quero ser tua mulher. Eu estou ardendo de desejo, e só você pode me saciar. Vamos agora mesmo pro quarto de cima. – Alícia fez uma breve pausa e com um sussurro, falou em meu ouvido:

— Não é um pedido, é uma ordem.

Nada mais podia fazer. Segurei Alícia no colo e a levei em meus braços até o quarto de cima. O quarto estava só um pouquinho empoeirado, mas nada poderia ser mais intenso do que nosso desejo de estarmos juntos. Alícia me abraçou e encostou o rosto sobre o meu paletó. Quando tudo parecia estar caminhando ao meu favor, o faro aguçado de mulher havia funcionado.

Alícia sentiu aquele perfume feminino italiano e não pôde esconder o ciúme que penetrava seu coração. Quando Alícia tomava alguns goles de vinho, parecia ter os sentidos multiplicados.

Apenas mais um DiamanteOnde histórias criam vida. Descubra agora