Capítulo X: Um homem caído

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Sabe quando você está vivendo uma ilusão, uma loucura com alguém? Aquela que todos sabem que é errado, que vai te prejudicar, mas só você não enxerga? Pois é. Assim eu me encontrava.

E quando você vive essa situação, não adianta a pessoa chegar com uma Bíblia decorada em sua cabeça, pois nada fará você mudar de opinião.

Lembro bem que, naquela manhã ensolarada, tive que voltar imediatamente para o hotel. Acordei sozinho, sem a presença de Naomi no quarto. Telefonei para a recepção, mas a atendente disse que a mulher que estava comigo havia pago o motel, um café da manhã que estava disponível na mesa da sala de jantar. Pediu para que eu vestisse um terno que a mesma havia deixado no closet, e assim seguisse para nossa reunião que começaria às 9:30 no Hotel Ramazotti.

Foi estranho, pois minha cabeça pesava, mas ao mesmo tempo conseguia lembrar de cada detalhe daquela noite excitante que vivi com aquela mulher dos olhos de cor âmbar.

Milão podia estar ensolarada naquela manhã, mas eu parecia estar em trevas comigo mesmo. A consciência estava nebulosa, tão densa que estava insensível até mesmo ao toque do meu telefone enquanto dirigia o carro.

– Alô?

Beni? Amor? Como você tá?

Meu coração apertou naquele momento. Era Alícia.

– Oi amor! São cinco da manhã aí no Brasil. O que faz acordada? – falei com um pouco de nervosismo no tom da minha voz.

Eu não vou ficar como uma dondoca, meu amor. Estou despertando cedo pois às 5:30 farei ioga no jardim e depois vou cuidar dos negócios aqui em Casablanca.

– Ioga? Você nem gosta dessas coisas.

Ah! Dizem que é bom pro bebê. Quero que ele nasça saudável. Até contratei uma professora para me orientar nessas aulas de ioga.

Fiquei um tempinho, apenas ouvindo a voz de Alícia. Quando ela citou o nome "bebê", entrei em um conflito comigo mesmo. A minha reação desprovida de paz foi sentida por minha esposa, que logo que percebeu minha falsa calmaria, questionou:

Beni? Você tá aí?

– Sim, sim. Estou. – respondi rapidamente.

Depois de minhas palavras, foi a vez de Alícia ficar em silêncio. Confesso que não entendo como dirigi o carro naquele dia. O GPS informava que faltava apenas alguns metros para o Hotel Ramazotti. Foi esse o momento em que deixei escapar para minha esposa que eu não estava bem quanto parecia.

– Alícia? Escuta... Aconteça o que acontecer. Eu te amo tá? Nunca duvide do meu amor por você.

Beni, você está estranho hoje. Eu sei que você me ama meu querido. Aconteceu alguma coisa?

– Não. Não aconteceu nada. Olha..., vou desligar. Estou no trânsito. Mais tarde voltamos para o Brasil.

Desliguei o telefone e, logo depois de alguns minutos cheguei até o hotel. Naomi havia marcado a reunião às 9:30. Era um encontro para assinar toda a papelada e convencer mais alguns parceiros. No fim daquele dia já voltaríamos para o Brasil. Eram 9:26, quando abri a porta da sala de reuniões do Hotel Ramazotti e me deparei com todos os sócios já sentados. David segurava uma prancheta com documentos para assinar e Naomi, sentada no outro lado, na cabeceira da mesa, com outros documentos.

– Buongiorno!

Os sócios responderam à minha saudação e sentei, meio que agoniado. Acho que naquele dia o paletó apertou demais, a gravata enroscava meu pescoço e eu a afrouxava enquanto um dos representantes da Vestitto Rosso apresentava alguns dados da empresa. Eu estava tão aflito que não conseguia manter a concentração. De repente, Naomi se levantou e, quando esta começou a falar em italiano com os chefões da moda de Milão, eu só conseguia imaginar os seios daquela mulher em cima de mim naquela noite anterior.

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⏰ Última atualização: Jan 31, 2019 ⏰

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