Jasper e a Testemunha

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 Capítulo VIII

Jasper e a testemunha

Apesar de estar estagnada e nervosa, Elois ficou, acima de tudo, confusa. Jamais esteve tão perto de assassinar alguém, a sua mão com a magnum tremia. Aquele homem ajoelhado com as mãos para o alto tinha um semblante muito estranho. Lógico, ele tinha medo da arma apontada, mas parecia estar mais preocupado com outra coisa.

Aquela frase era o que deixava Elois confusa. Talvez quisesse apenas enrolar para sair dali vivo, mas... Aquelas roupas não sugeriam um ladrão. Ou talvez um ladrão bem moderno. Ainda era impossível ver seu rosto com detalhes, pois o candeeiro não estava bem posicionado. A menina armada começou a se preocupar caso houvesse mais pessoas ali que poderiam lhe render, ou até mesmo, matar-lhe. Porém já haviam se passado vários segundos e ainda só via ele ali, então se acalmou quanto a isso. Então porque um indivíduo armado, com um casaco imenso e um chapéu estaria fazendo dentro daquela casa tão simples? Logo no dia da mudança! Apesar de tudo, sua voz parecia ser bem sincera, então Elois quis dar um voto de misericórdia, mas sem tirá-lo da sua mira.

-"Isso foi uma ameaça?"-

Ele abaixou a cabeça, como se não quisesse ser visto.

-"Foi um aviso! Eu... Eu estou aqui para... Bom, resumindo, para salvar suas vidas."-

Aquele papo estava muito estranho, e o tom de voz do homem estava agora bem mais sugestivo.

-"Você veio roubar nossos bens, bandido miserável!"- Disse Elois tentando intimidar o homem, mesmo com medo.

Ele ficou em silêncio, ainda com as mãos para o alto e a cabeça inclinada.

-"Jogue sua CharpaTaurus no chão ou eu atiro."-

-"Não vou..."-

-"Jogue!"-

O rapaz levou a mão esquerda até o sobretudo e desatou a cinta que segurava o cano e o corpo da comprida arma em seu tronco. A CharpaTaurus caiu no chão fazendo um barulho de metal. Era um pouco diferente das outras armas que já havia visto nos livros da biblioteca. Tinha um pequeno cilindro verde preso na sua base traseira.

-"Não sou um ladrão."- Tentou explicar calmamente. –"Invadi sua casa, mas não sou um ladrão."-

-"Ah, não é? Não me diga... O que estava fazendo no meu porão, com tão boas intenções?"-

-"Não posso dizer."-

-"Então você já era."-

-"Não é minha culpa sua imbecil! Meus superiores não me permitem dizer nada!"-

-"Mas a minha arma não liga para os seus superiores..."- Respondeu Elois orgulhosa de si mesma.

Após um certo silêncio o homem suspirou e começou a se explicar:

-"Tem algo muito perigoso aqui, e eu preciso destruir. Caso contrário você e sua família morrerão."-

-"O que é?"-

-"Um ovo!"-

Elois ficou mais confusa ainda, até que finalmente entendeu sobre o que o homem estava falando.

-"Um ovo de ceifador."- Ele confirmou. –"Sabe o que é um ceifador, né?"-

-"Eu sei sim..."- Respondeu ela suspeitando do sujeito. –"Então você é da polícia?"-

Os olhos do rapaz se arregalaram.

-"Ehr... Sim. Sou da polícia."- Respondeu ele com uma certa rapidez.

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