Perigeu

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Capítulo X

Perigeu

-"Não tem outra entrada senão esta?"-

Agora, em frente à grande construção de pedra, Elois conseguia ouvir uma música sendo tocada bem ao fundo. Não conseguia ver, mas notou que parecia ser um hábito bem normal para aqueles que viviam suas vidas inteiras ali.

-"Tem sim uma por trás, mas temo que esteja trancada"-

-"Porque a da frente é destrancada?"- Questionou Elois.

-"Não é destrancada, há um vigia do lado de dentro, se quisermos entrar precisamos passar por autorização dele."-

-"Pra onde você quer me levar afinal?"-

-"Até a sala do Nypies."-

-"Quem?"-

-"O Nypies é o nosso líder. Preciso levá-la até ele para poder explicar o problema, mas sem passar por todo mundo. Assim eu evito um grande escarcéu."-

Elois entendera e agora pensava em alguma solução.

O imenso galpão ficava localizado numa também imensa região campestre, um tanto afastada dos pinheiros que chacoalhavam com o vento e os pequenos morros que se sobressaíam. Estavam na orla leste. Pelo visto, a vila mais próxima ficava a quilômetros dali. O símbolo de civilização que mais se sobressaía era o canal de escoamento por onde vieram e uma estação de manutenção completamente abandonada.

O galpão que queriam entrar também era uma propriedade abandonada, pelo lado de fora aparentava isso, já que os membros da Perigeu não se dispunham a limpá-lo ou tratá-lo.

Agora havia um brilho surgindo de trás dos pinheiros paralelos e pontudos do leste. Estava prestes a amanhecer, e o céu formava nuvens. O vento e seu cheiro davam a entender que se formaria uma chuva em pouco tempo. Por sorte já estavam fora do perigo da enxurrada dentro do canal de escoamento.

Elois por vezes se sentia abatida pelo ocorrido no dia anterior. Giotta, a pessoa que mais admirava, havia sido desintegrada pelos meios digestivos de um ceifador atalaia. Isso era extremamente difícil de engolir, e lhe arrancava algumas lágrimas de vez em quando. Mas mesmo assim queria se manter firme diante de Jasper, o agente secreto que conhecera em sua casa. Ela, em sua mente, também jogava o peso da culpa sobre o pai. Se Johan não preferisse se mudar de uma hora para outra, nada daquilo teria acontecido, estavam mais seguros desde o início.

Se bem que... Ela não sabia mais. Pelo que ouviu de Jasper, os ovos de ceifadores estavam completamente espalhados por toda a cidade, no subsolo, só esperando o momento certo de eclodir e atacar os arredores. Talvez sua primeira casa também estivesse aguardando a vinda de um bebê ceifador no quintal, que em poucos segundos se transformaria num monstro impiedoso.

Tentando esquecer rapidamente deste assunto, Elois começou a rodear o casarão para ver se pensava em algum jeito de entrar sem ser vista. Jasper a seguiu. Haviam muitas janelas no lado direito, janelas compridas, calculava pelo menos dois andares. Haviam uns trinta metros de comprimento para ela analisar, os prolongamentos das paredes revelavam mais janelas menores e alguns objetos velhos jogados, como barris e rodas de carroça.

-"Não podemos entrar por uma janela subindo naqueles barris?"-

-"A cabeça de um adolescente é algo inacreditável."- Disse Jasper menosprezando.

Continuaram contornando a grande parede de pedras. Em um determinado momento, chegaram diante a uma porta menor, meio escondida atrás de algumas árvores. Jasper testou abri-la, mas estava bloqueada por uma tábua do lado de dentro.

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