Vamos falar de cenários?

10 4 1
                                    

Terminei recentemente o segundo volume do meu novo trabalho, Cyber e enquanto revisava os últimos capítulos escritos me dei conta de um assunto que sempre me envolveu: descrição de cenários.

Descrição de cenários e ambientação são elementos tão importantes quanto a descrição do protagonista, coadjuvantes e das emoções nos personagens.

Já vi livros com uma sucessão enorme de diálogos, mas sem a descrição de quem falava ou onde os envolvidos estavam. Certa vez cheguei a comentar com um amigo que o livro dele era maravilhoso em ideia, mas que a ausência de descrição nos personagens fazia com que eu não conseguisse os imaginar na minha mente. Era como se figuras sem face estivessem conversando.

A descrição dos cenários é fundamental para que se entenda algumas tramas. Enquanto muitas histórias são ambientadas no nosso mundo e você cita que os personagens estão em um escritório e logo a imagem do ambiente vem à mente do leitor, em outros casos, se os personagens estão em um deserto ou selva, na mente de muitas pessoas isso é um espaço negro e vago.

Claro que um escritório, como o citado acima, também pode ser descrito com uma grande variação de detalhes, deixando o ambiente personalizado com o gosto do autor, mas mudando para outro exemplo, é mais fácil imaginar um quarto de bebê que o interior de uma masmorra medieval, o que reforça a importância da descrição do cenário.

Um cenário bem descrito faz com que o leitor imagine muito mais que apenas os personagens presentes, faz com que ele se sinta dentro da cena.

Descrever uma floresta de dia ou de noite tem grandes diferenças nas imagens, no som e na percepção do personagem presente.

Uma cena onde os personagens descem por uma antiga tumba em meio à escuridão não tem nenhuma emoção se o cenário não for bem descrito, casando com a emoção dos mesmos.

Em Cyber (spoiler) a história se passa em 2998, com a humanidade subjugada pelo poder das IA's (Inteligência Artificial). No ponto em que a história começa a humanidade já está quase extinta, com os raros sobreviventes se escondendo em cavernas e no que fora no passado, esgotos. Mas o cenário que mais aparece nas cenas não são esses e sim os desertos. Enquanto os locais onde as pessoas vivem são claustrofóbicos e escuros, na superfície, o terror impera dia e noite, com ruínas solitárias e gigantescas extensões de areia e pedras.

Durante o dia, o sol escaldante deixa tudo em tons de amarelo e mostarda. Os saqueadores de ruínas se vestem com roupas da cor da areia e se camuflam nas sombras de cidades e prédios destruídos há séculos enquanto sofrem com a visão empobrecida pelo calor, com a falta de comida e de água.

À noite as rochas assumem tonalidades negras, se fundindo com a escuridão das sombras e o frio congela até as almas daqueles que se aventuram. Tudo isso, sempre com o risco de ser encontrado por um Reploid, os sintéticos cuja finalidade principal é exterminar humanos.

É nesse tipo de cenário que a trama de Cyber se desenrola.

Recentemente venho estudando como descrever de forma simples o interior de castelos, mansões e outros ambientes elegantes a fim de usar em uma futura obra minha, ainda nos rascunhos, envolvendo vampiros.

Não sou o tipo de autor que gosta de descrições científicas, com centenas de dados que parecem uma bula de remédio ou fórmula de laboratório. Gosto de mostrar os cenários com descrições complexas sobre tudo, mas de uma forma que o leitor entenda logo de cara o que está vendo, sem precisar ficar lendo mais de uma vez uma mesma passagem para entender a mensagem.

A magia da leitura está em, ao passo que lemos e absorvemos as informações, nos sentirmos dentro de um ambiente em 3D, vendo e sentindo as mesmas coisas que os personagens que admiramos. Felizmente na atualidade temos a internet repleta de filmes em alta resolução e milhares de imagens para nos inspirarmos na hora de criar a ambientação de nossas histórias.

Eu sempre procuro pensar como leitor a fim de me aprimorar como autor.

Minha recomendação para outros autores quando o assunto são cenários é sempre essa: lembre-se, o leitor não sabe 10% do que se passa na mente do autor, é preciso lhes mostrar tudo que deseja que eles vejam. Quanto melhor um cenário é descrito, melhor o leitor pode o imaginar.

E antes de pensar em descrever tudo como se estivesse escrevendo um TCC, se lembre: "Imaginação é mais importante que conhecimento" (Albert Einstein).

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 20, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Um MILHÃO de UNIVERSOSOnde histórias criam vida. Descubra agora