Assim que percebi a cilada que Afonso havia organizado não perdi tempo a agarrar na minha mala e a sair o mais depressa possível daquele maldito café. Uma vez na rua, todo o meu corpo se arrepiou devido ao choque térmico que a mudança de temperatura do estabelecimento para o exterior causou. Mas o arrepio rapidamente se intensificou quando ouvi a voz de André chamar por mim.
-Ana, por favor. -disse assim que me alcançou segurando-me pelo braço.
-O que é que queres? -perguntei sem coragem de cruzar o meu olhar com o seu.
-Conversar, só isso. Vamos sair daqui e conversar num lugar mais privado. - falou e percebi que estávamos a chamar a atenção a algumas pessoas que se encontravam na rua, provavelmente por reconhecerem o jogador.
-O que te faz pensar que quero conversar contigo? - perguntei tentando manter-me o mais dura possível, contudo bastava apenas o seu toque no meu braço para me sentir a ceder. Merda. Tinha tantas saudades, não deste André que se encontrava a minha frente. Mas sim do antigo, do meu André.
-Ana, peço-te apenas para me ouvires. Depois disso, prometo que não te volto a contactar, se assim for a tua vontade. - disse e largou o meu braço o que me fez automaticamente sentir necessidade de o sentir novamente.
-Onde queres conversar? - cedi por fim, tal como sempre fizera. Aquele rapaz tinha um poder em mim que jamais entenderia.
-Podes seguir o meu carro? -pediu e vi-me sem energia para o contrariar ou fazer mais questões, virei costas e dirigi-me ao meu veículo.
Não demorei a perceber que me conduzia até ao seu apartamento em Matosinhos. Eu sabia que ele queria falar comigo num lugar privado, mas aquilo era demais. Aquela casa carregava consigo imensas memórias da minha relação com o André, boas e más.
Depois de estacionarmos, o moreno abriu a porta fazendo-me sinal para entrar. Quando entrei senti-me totalmente inebriada com o cheiro característico da sua casa e voltei a ser dominada por aquela sensação de vazio que as saudades me provocam. Não pude também deixar de reparar que algumas coisas se encontravam diferentes. Os anteriores sofás haviam sido substituídos por uns novos de cor branca e mais importante que isso, todas as nossas fotos juntos haviam desaparecido. Tal observação magoou-me mais do que deveria, também o que podia esperar, que mantivesse a sua casa cheia de recordações da sua ex namorada? Sim, ex namorada é apenas isso que sou para ele.
-Ana, podes entregar-me o teu casaco para eu pousar? - perguntou fazendo-me despertar dos meus pensamentos, recusei a sua oferta dirigindo-me ao bengaleiro onde coloquei o casaco, vi-o revirar os olhos perante a minha ação. Não precisava da sua simpatia.
-Então do que queres falar? - questionei cruzando os braços, era impossível olhar para ele sem sentir a minha frequência cardíaca aumentar.
-De nós. -respondeu e gargalhei nervosamente, pois na minha cabeça já não existia um nós. -Mas para isso preciso que me deixes falar sem me interromper, achas que consegues?
-Força, sou toda ouvidos. -afirmei segura, uma falsa segurança. Tenho a certeza que ele se apercebia da capa que estava a usar para não me tornar vulnerável. Não vou cair nas tuas tangas, André Miguel. Não outra vez.
-Bem, por onde começar...-falou coçando a cabeça. -Eu sei que te perdi. Mas quero que saibas que todos os dias me arrependo do que fiz. Deixei-me levar pela fama e por todas as suas seduções e acabei por me esquecer que tinha tudo o que queria e precisava ao meu lado! -disse aproximando-se de mim, o que me fez recuar. -Sei que tu e todos pensam que eu segui em frente, mas a verdade é que eu nunca fui capaz. Eu procurava por ti em cada nova miúda que conhecia. Não te valorizei e sofri com as consequências dos meus atos. Porém, o orgulho que sentia nunca me deixou procurar-te, mas assim que te vi...Caiu-me tudo, Ana. Senti tudo de novo, como se fosse a primeira vez.
-Chega, André. -pedi fraca pois o sentia um nó gigante na garganta. Podia chorar a qualquer momento.
-Não! Por favor, ouve-me. -disse levantando-me a cabeça para olhar para si. Estávamos a uma distância perigosa. -Eu sei que te deixei marcas que levariam uma vida a apagar, mas eu estou disposto a isso. Estar longe de ti obrigou-me a crescer e a perceber o que realmente queria. E eu quero-te a ti, só a ti. Eu sei que me odeias, mas se me puderes dar só mais uma oportunidade de te mostrar que mudei. -pediu em tom de súplica e conseguia ver os seus olhos brilhantes, também ele lutava contra as lágrimas que insistiam em tentar aparecer.
-Eu nunca te odiei, André. -respirei fundo antes de continuar, na esperança de me acalmar. -E por mais estúpido que te possa parecer, eu nunca me arrependi do que tivemos e nem por um segundo desejei nunca te ter conhecido, porque a verdade é que tu já foste tudo aquilo que eu precisei. Mas isso acabou. E eu não posso nem vou dar-te a oportunidade que me pedes, porque de todas as marcas que me deixaste guardei uma grande lição. O mais importante vai ser sempre o respeito que tenho por mim mesma. E cair novamente nos teus jogos seria a maior falta de consideração que podia ter por mim. Agora se me dás licença. -terminei e fui buscar o meu casaco, mas rapidamente senti o seu corpo colado ao meu encostando-me a parede.
-Diz-me só, és realmente feliz sem mim? -disse num tom baixo e senti todo o meu corpo a pedir com urgência mais contacto, queria mais.
-Afasta-te.-foi a única coisa que consegui dizer.
-Não respondeste à minha pergunta, Ana. -falou e vi um sorriso provocador aparecer no seu rosto, por perceber o estado em que me estava a deixar.
-Não, André. Não sou feliz, mas vou ser. -falei e sem saber bem como consegui ganhar forças para sair dos seus braços.
Sai dali o mais rápido que consegui e não pude deixar de sentir uma certa frustração por ele não ter vindo atrás de mim. Pára com isso, Ana! Isto não é correto. Mas a verdade é que por muito que o meu cérebro lutasse para me afastar dele todo o meu corpo respondia de outra maneira.
Estava numa constante batalha comigo mesma e o culpado tinha um metro e oitenta e quatro e o melhor sorriso que alguma vez vi.
Olá, olá! ❤️
Obrigada pelas leituras, se puderem deixar o vosso voto ia ser muito mais gratificante para mim escrever! Espero que continuem a acompanhar e que estejam a gostar!
Obrigada 😘
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Game On | André Silva
FanfictionRecuso-me a ser apenas mais um dos teus jogos, André. Dar-te uma segunda chance seria como oferecer-te outra bala depois de teres falhado o primeiro tiro.