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André POV

A conversa que tinha tido com a Ana não abandonava a minha mente, mais uma vez deixei o orgulho falar mais alto e vi-a partir sem conseguir agir. E, como se tudo isso não bastasse, ainda tinha de levar com o Afonso desde que cheguei a casa.

-Ok, vamos com calma! Deixa ver se eu entendi, ela disse para a nunca mais a procurares e tu respondeste "com todo o gosto"? -Perguntou o meu irmão olhando para mim incrédulo.

-Ela estava a beijar outro gajo, Afonso. -respondi sem grande paciência.

-Isso eu percebi, só fiquei preso na parte do "com todo o gosto." -voltou a falar e não consegui evitar revirar os olhos. - Tu és muito burro, André! A sério, ainda bem que o futebol está a render porque caso contrário, não sei o que seria da tua vida.

-Vais-me massacrar mais, puto? Eu percebo perfeitamente que fiz porcaria, mas estava completamente fora de mim. -tentei justificar sem grande sucesso, pois o Afonso não tirava aquela expressão de "tenho o irmão mais estúpido do planeta" -O que é que tu farias no meu lugar? -questionei na esperança de algum reconforto.

-Eu percebo que não tenhas controlado o teu lado de homem das cavernas quando viste que ele estava a beijar a Ana, mas que não tenhas tido a capacidade de remediar a merda que fizeste quando falaste com ela? Isso não me cabe na cabeça! -explicou o seu ponto de vista.

-Tens de me ajudar, Afonso. Desde que a reencontrei que percebi que não consigo continuar a minha vida sem ela. -falei sincero e consegui ver o meu irmão hesitar.

-Eu não posso ajudar mais, André. Tu sabes que ela também é minha amiga e se continuo a intrometer-me na vossa relação desta maneira ela vai afastar-me novamente. -explicou e compreendi o seu lado, a Ana tinha odiado que o Afonso lhe tivesse mentido quando apareci no café sem ela saber. -Tu é que vais ter de escolher, podes engolir a merda do orgulho e ir falar com ela ou não fazer nada e perdê-la. Ela não vai esperar por ti para sempre, André. -afirmou e as suas palavras atingiram-me, não a podia perder. Não outra vez.

-Custou-me tanto vê-la com outro, Afonso. Tanto. -desabafei passando as mãos pelo cabelo, só queria tirar aquela imagem da minha cabeça.

-Vocês passaram a manhã juntos em casa dela e depois à noite disseste-lhe que ela se estava a tentar vingar de ti, não sei se percebes onde quero chegar... Mas se cada vez que deres um passo em frente fizeres asneira e voltares a recuar três para trás, não vale a pena. Trata de agir rapidamente. -aconselhou o meu irmão.

-Amanhã depois do treino vou falar com ela! Muito obrigado pela ajuda, mano. -disse sincero.

-"Com todo o gosto."- gozou antes de abandonar o meu quarto e atirei rapidamente uma almofada na sua direcção, consegui ouvi-lo gargalhar. Idiota.

No dia seguinte, saí do treino em direcção a casa da Ana, mas não sem antes passar numa florista. Escolhi uma simples e bonita rosa branca, já que a minha mãe referia muitas vezes que esta estava associada ao perdão.

Eram por volta das cinco da tarde quando cheguei a sua casa, sentia as minhas mãos tremer e tive de respirar fundo algumas vezes para me recompor. Seria isto boa ideia? Coragem, André. Finalmente toquei à campainha e não pude evitar sorrir feito idiota com a visão da Ana com o cabelo apanhado e uma tshirt larga, visivelmente surpreendida por me ver.

Game On | André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora