Prólogo

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Marianne

Era uma linda manhã de primavera, por sorte eu já havia terminado o serviço doméstico e enquanto o bolo assava no forno me permiti relaxar com um romance de banca na espreguiçadeira da varanda enquanto bebericava meu chá gelado. Era o aniversário de Heitor e iriamos ficar em casa nessa noite, como era dia de semana sair para jantar estava fora de cogitação, uma pois Heitor tinha o trabalho e nosso filho Gabriel tinha aula cedo no dia seguinte e eu... bem eu tinha meus deveres de boa esposa e dona de casa. Que era manter nossa bela casa organizada, as camisas muito bem passadas e o melhor jantar posto a mesa todas as noites à espera de Heitor.

Enquanto me derretia com a história de um belo milionário grego e o quanto ele se encantara com a mocinha pobre que no início ele pensara ser interesseira, nem sequer notei que meu marido havia chegado e agora me encarava ao pé da escada da nossa varanda com um olhar aflito. Eu estava tão perdida em minha leitura que só notei sua presença quando ele chamou meu nome.

— Marianne — ergui meu olhar e sorri na sua direção, ele nunca tinha o costume de chegar cedo em casa e aquela sem dúvidas era uma bela surpresa.

— Meu amor, que bom que você conseguiu sair cedo hoje — fechei meu pequeno livro e levantei-me sorrindo —, feliz aniversário Heitor! — Corri na sua direção e me joguei em seus braços fortes, porém meu abraço não fora retribuído. Senti seus músculos tensos, ele ficou travado, me afastei e vi aflição em seu olhar.

— Meu amor, aconteceu alguma coisa? — Ele acenou e com um gesto com a mão pediu que eu me sentasse na nossa namoradeira da varanda.

— Marianne antes de mais nada eu preciso que você saiba o quanto eu amo você e o nosso filho. — Disse ele com cuidado, engoli em seco, meu estômago embrulhou e o medo tomou conta de mim.

— Eu sei disso Heitor, o que foi que aconteceu? Você sabe que pode me contar tudo, somos eu e você contra o mundo, lembra? — Passei minha mão em seu braço confortando-o, mencionando a frase que ele me disse na hora do parto.

— Eu sei Mari, eu só quero que você me perdoe... eu estou vindo do hospital e ... — Meu coração parou por milésimos de segundos.

— Aconteceu alguma coisa com o Gabi? — Meus olhos já estavam marejados e o pânico em minha voz era nítido.

— Não, ele está na escola... não aconteceu nada com ele ... foi comigo... eu...

— Oh meu amor, você está doente? — Passei minhas mãos em seus cabelos loiros confortando-o — Nós vamos passar por isso, seja o que for....

— Da para você parar de ser tão boa comigo? — Ele levantou-se bruscamente e me encarou irritado

— Mas... — Eu não estava entendendo, Heitor nunca fora grosseiro comigo.

— Eu vou ter um filho... eu traí você... eu sou uma pessoa terrível! — Ele jogou tudo isso em cima de mim, fiquei estática, sem reação alguma. As lágrimas rolaram soltas por meu rosto, as senti quentes, pesadas e salgadas. Uma dor excruciante apoderou-se do meu peito, ela foi espalhando-se por cada célula do meu corpo.

— Mari fale alguma coisa! — Disse ele após alguns minutos que me pareceram horas inteiras.

Foi como se um filme da minha vida se passasse diante dos meus olhos, a faculdade que larguei, o emprego que larguei, tudo... exatamente tudo o que abandonei para apoia-lo em sua carreira, ele havia se tornado um dos engenheiros mais renomados do Brasil e eu a dona de casa perfeita, a esposa perfeita e para quê? Para ser apunhalada pelas costas desse jeito?

A única coisa de que me orgulho, foi de ter sido a mãe perfeita! Senti uma dor tão forte que fiquei anestesiada, limpei as lágrimas com o dorso da mão e o encarei, ele me pareceu naquele momento 10 anos mais velho e o homem que eu pensei conhecer me pareceu um completo estranho agora e por isso suspirei e respondi:

— Eu quero o divórcio.


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Cicatrizes de uma vida - Ed2 - L 1  - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora