Capítulo 6

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Marianne

— Ele dormiu. — Disse Heitor atrás de mim. Aquela noite fora muito animada apesar dos pesares, bebi um pouco de vinho e tentei esquecer os problemas momentaneamente. O que foi em vão pois a cada 2 minutos o medo assumia e o temor do diagnóstico voltava com força total. Porem mantive os sorrisos, não iria fraquejar na frente do Gabi, iria ser forte, pois ele precisava disso, ele precisava de confiança e se não fosse isso, na segunda-feira estaríamos todos felizes tomando um sundae de chocolate delicioso para comemorar.

— Hum — respondi apenas, havia terminado de limpar a cozinha já tinha 10 minutos, mas estava parada em frente a pia, olhando pela janela pensando em tudo. Nós sempre pensamos que nossos problemas são enormes, ficamos abatidos, estressados por quase tudo, mas ao ver tudo por outra perspectiva vemos que nossos problemas não são nada, comparado a outros problemas que muitas pessoas têm.

— Mari, você está bem? — Heitor apoiou suas mãos em meus ombros, bastou aquela pergunta doce e preocupada para me fazer desabar, os soluços vieram do fundo da minha alma, ele fez com que eu me virasse para ele e me deixei ser abraçada e amparada. — Shhhh... meu amor, tudo ficará bem... — ele acariciava meus cabelos e me agarrei aos seus braços, mergulhando meu rosto em seu peitoral forte, minhas lágrimas de dor encharcando sua camisa. Ele me manteve ali em seus braços, acariciando meus cabelos e dizendo-me palavras de conforto, como se eu fosse uma criança em seus braços.

— Eu...eu estou com tanto medo. — Confessei, acalmando-me e encarando seu olhar. Vi em seu olhar por milésimos de segundos o medo também, mas logo ele me pegou no colo firmemente, me carregou até o sofá confortável da sala e disse:

— Vai dar tudo certo meu amor, sei que quando chegarmos no hospital na segunda-feira as notícias serão boas, eles vão ver que o Gabi é um menino forte e sapeca, e tudo o que aconteceu na escola foi porque ele esqueceu-se de comer pois estava ocupado demais indo brincar. — Ele acariciou meu rosto com as pontas dos dedos, fiquei grata por suas palavras positivas, mas recordei-me do olhar preocupado do médico e não pude evitar me sentir apreensiva.

— Eu só quero que segunda chegue logo e ao mesmo tempo não quero que ela chegue nunca — dei uma risada nervosa e o encarei —, louco não? Você deve me achar maluca ou bipolar.

— Não, também estou com o mesmo pensamento que o seu, quero que segunda-feira chegue logo para acabar com esse suspense e ao mesmo tempo não quero que ela chegue nunca se isso for nos deixar quebrados.

— E se ele tiver... — ele calou meus lábios com dois dedos.

— Não fale essa palavra. O que quer que o Gabriel tenha, nós vamos superar isso, juntos como uma família. — Acenei com a cabeça.

— Tudo bem. — Ele acenou para o vinho e afirmei que queria, ele serviu-me uma taça e olhou no relógio.

— Acho que devo ir, já passa da 1 da manhã. — Virei a taça de vinho com um só gole.

— Tudo bem...é.... bem pelo menos tivemos nosso encontro afinal não é mesmo? — Sorri para ele um tanto tonta.

— Não mesmo, isso não conta senhorita Marianne. — Ele sorriu, fui levantar-me do sofá para conduzi-lo até a porta, mas fiquei levemente zonza.

— Ei, parece que como o Gabriel você também precisa ser colocada na cama. — Ele me ergueu em seus braços novamente.

— Heitor o que você pensa que vai fazer? — Ia protestar mais, mas estava tão cansada.

— Colocar você na cama antes de ir embora. — Ele beijou minha testa enquanto abria a porta do quarto, ele me colocou na cama e tirou minhas sapatilhas, me aconcheguei na cama e ele sorriu admirando-me.

Cicatrizes de uma vida - Ed2 - L 1  - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora