Capítulo 4

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Marianne

Passaram-se alguns dias desde a minha fuga da casa do Heitor, meu celular tocava incessantemente com mensagens de texto e ligações dele. Eu não estava pronta para falar com ele, eu não estava pronta para vê-lo, mas sabia que seria impossível evita-lo para sempre e hoje sem dúvidas iriamos nos ver. Era o dia da festa de aniversário de 10 anos do Gabriel, eu estava desperta desde cedo para montar a decoração, confirmar com o Buffet os salgadinhos e os doces e claro preparando o bolo de 5 camadas que o Gabriel insistira que fosse eu a preparar.

Meu bolo de chocolate era delicioso e todos insistiam sempre para que eu o preparasse, com suas cinco camadas de massa de chocolate preto, todas devidamente recheadas com morangos e um creme de chocolate ao leite que fora uma receita velha de minha avó, aquele bolo sem sombra de dúvidas era um pecado capital, tão gostoso quanto um beijo de Heitor, tão tentador quanto uma noite em seu apartamento e me deixava tão culpada em come-lo como fiquei ao passar a noite com meu ex-marido.

Fiz uma decoração da turma do Scooby Doo com a ajuda de Grazi e Cati que estavam me infernizando a manhã inteira sobre a minha fuga misteriosa e não ajudou em nada eu ter gaguejado, ter ruborizado e as vacas terem ido até o meu apartamento naquela noite.

— Então Mari, vai abrir o jogo ou não? — Questionou Cati uma vez mais, não sei se por força do hábito, já que ela me perguntou aquilo mais vezes do que deve ter respirado naquele dia, mas ao encara-la carrancuda vi em seu rosto uma expressão zombeteira, então me dei conta de que ela estava mesmo era tentando me torturar e incomodar.

— Já disse que vim para a casa e dormi. — Insisti.

— Se você tivesse vindo para a casa mesmo, não ficaria corada toda a vez que mencionamos aquela noite, sem contar o olhar sonhador e sua pele de pêssego. Mulher, assuma logo você fez sexo.

— E sexo do bom. — Completou Grazi.

— Sabe o quão indiscretas vocês estão sendo? — Bufei e terminei de ajeitar a mesa, os convidados logo chegariam, Gabriel estava no quarto dele terminado de se arrumar.

— Ah não começa Mari, você sempre me contou tudo e agora está fazendo segredo disso, aí tem coisa. — Grazi nos deixou sozinhas e foi até o quarto de Gabriel.

— Eu só acho que se eu fiz sexo o problema é meu, certo? Nem sempre preciso te contar tudo, mas eu não fiz. — Disse atrapalhada.

— Rá... claro que fez..., mas tudo bem, você é um livro aberto Marianne, não tente mentir para sua própria irmã. — Disse ela sabiamente.

— Deus. Você não é minha irmã é um ser do inferno que mamãe colocou no mundo para me atormentar.

— Também amo você maninha. — Zombou ela.

— Esse é o pior dos problemas, amo você e por isso não posso matá-la, — Ela colocou a língua para mim e eu para ela, como fazíamos quando éramos crianças. Meu celular apitou com uma mensagem de texto, era do Heitor: "Estou chegando em 15 minutos, espero que possamos conversar sobre aquela noite antes do restante dos convidados chegarem, beijos Mein Leben."

— Quem é? É o cara? — Perguntou Cati vindo na minha direção, apressadamente escondi o celular em meu bolso.

— Do que...do que você está falando? Não era ninguém, ok? — Disse, minha voz falha e meu coração batia descompassadamente no peito, creio que Cati poderia escuta-lo tamanha velocidade com que ele palpitava.

— Vermelha que nem tomate, voz trêmula e Mari sua mão está suando. — Disse ela ao pegar em minhas mãos, as puxei bruscamente tentando proteger-me não sei do que.

Cicatrizes de uma vida - Ed2 - L 1  - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora